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Jerry Seinfeld: Comediante

Enquanto andava à procura da primeira e segunda série do Seinfeld, deparei-me com este dvd e não consegui resistir. O título pode enganar por se pensar que é uma biografia do Seinfeld, quando se trata mais um documentário sobre a “profissão” de stand-up comedy. Acompanha o regresso aos palcos de Seinfeld depois de uns anos de ausência e foca a ascensão de um jovem comediante, Orny Adams (grande nome). Vemos a angústia de subir ao palco, quando as coisas correm bem, quando as coisas correm mal, mas especialmente o porquê de escolher aquela vida (ou qualquer outra vida). 
Temos o exemplo de Seinfeld, podre de rico que poderia estar a viver dos rendimentos até morrer e ele simplesmente teve que voltar aos clubes pequenos, andar pelo país a fazer espectáculos, sempre com aquela sensação desagradável de medo antes de pisar o palco, ver o material que funciona e o que não funciona; e depois acompanhamos um jovem comediante que tem a ambição de ser famoso e como essa ambição se sobrepõe até à paixão que ele tem pela comédia. Quer dizer, no final do documentário não consigo perceber se ele quer mesmo trabalhar na comédia por ser aquilo que ama fazer ou se se ele apenas quer ser famoso. 
Aprende-se muito mesmo com este documentário e ele pode enganar à partida, podendo se pensar que é apenas um documentário sobre stand-up comedy. Mas não. Ao focar um ponto, pode-se transportar para todos os outros. Seja em stand-up comedy, seja a fazer o que quer que seja, nós estamos sempre impelidos a fazermos aquilo que gostamos porque isso faz parte do nosso ser, não se pode fugir a isso (embora se possa tentar e na maior parte das vezes nem sequer dar conta disso) . É como uma história que o Seinfeld conta (que para ele é a melhor história do mundo do espetáculo) e embora eu não me recorde muito bem dela vou tentar contar mais ou menos: 
A orquestra de Glen Miller quando andava pela Europa em digressão ficou preso num país do norte de Europa (já não me recordo ao certo de qual é) devido ao mau tempo e andavam á procura de sítio para ficar durante a noite, com os intrumentos atrás e todas as bagagens. Quando passam por uma casa não deixam de reparar pela janela a família reunida á volta da lareira, marido e mulher e os filhos, em pleno ambiente familiar. Um dos músicos diz para o outro: “Quem é que consegue viver assim?”. Isto enquanto eles estão ao frio, com uma tempestade em cima e com a tralha toda ás costas. 
A questão é que a felicidade de um pode ser a infelicidade de outro, a sociedade e as pessoas à nossa volta incutem-nos pressões para sermos iguais aos restantes, mais uma ovelha do rebanho. E perguntamos nós, quem é que quer viver assim? Cada um tem o seu caminho e não há caminhos pré-estabelecidos, os que existem não são os nossos certamente.
Voltando ao documentário, é fascinante comparar dois comediantes em fases distintas da carreira mas também com mentalidades totalmente diferentes. E tenho que confessar que o Orny Adams irritou-me um pouco com a arrogância dele de não aceitar critícas, de falta de respeito pelas pessoas que o criticaram e pelo público no geral. E um pormenor que me chamaram á atenção à pouco tempo, que foi a comparação fora dos palcos dos dois. O Seinfeld constantemente a lançar piadas com os amigos, enquanto o outro passava mais tempo stressado em saber se tinham gostado das piadas dele, se ia correr ou não bem, se saiu no jornal.
Conta ainda com as participações especiais de Jay Leno, Chris Rock, Bill Cosby, George Shapiro (um dos criadores da série Seinfeld), entre outros.
Nota 6/10 pelo documentário em si Nota 10/10 por aquilo que se pode retirar dele.

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