Review

Máquina do Tempo – Niharp / Neurosis & Jarboe / Psycorepaths / Undergust / Toxik / Rocket Five / Ankhara / Black Shepherd / Cloudburst

Niharp – “Into Ethereal Dusk”

2018 – Edição de Autor

No ano passado, os brasileiros Niharp estrearam-se nos álbuns com este “Into Ethereal Dusk” que se revela surpreendentemente eficaz. Surpreendente porque já vimos demasiados álbuns de heavy metal com toques progressivos a serem ou genéricos ou demasiado aborrecido. Os Os Niharp nem são uma coisa nem são outra. Têm uma capacidade impressionante para juntar peso emocionante aos seus temas épicos – aquela abertura com “An Angels’ Requiem” é apetecível para qualquer banda que se preze – assim como capacidade para fazer temas mais curtos (mais mas não muito) directos e igualmente poderosos. Em resumo, um trabalho que nos chegou com um ano de atraso mas que nos vai deixar de olho na banda brasileira.

Nota 8.5/10
Fernando Ferreira


Neurosis & Jarboe – “Neurosis & Jarboe”

2003/2019 Neurot Recordings

Reedição do trabalho de culto que juntou os Neurosis à Jarboe, que após o seu período com os Swans encetou uma carreira a solo onde pontuaram diversas actuações com várias entidades, sendo que o elemento comum a elas todos é o experimental. Tendo em conta que os Neurosis não são propriamente uma banda comum, o resultado até é o esperado… para quem esperava o inesperado. Temos uma toada doomesca, mas sem o peso instrumental que se conhece dos Neurosis, embora o peso esteja sempre implícito. Esta reedição traz-nos o trabalho remasterizado e nova arte a acompanhar a música e relembra para quem se esqueceu, como é quando titãs se encontram.

Nota 8/10
Fernando Ferreira


Psycorepaths / Undergust – “Annoying Truths For Humanity”

2017 – Edição de Autor

A febre de tudo o que é core (não que haja algo de errado em relação a isso) traz por vezes alguns nomes… caricatos como os gregos Psycorepaths (ou traduzido de forma livre, os psicopatas do core). A banda tem uma junção de thrash/death com core que é um pouco batida (e datada) e que não nos acrescenta muito. Já os Undergust, banda brasileira que já passou por estas páginas, soam bem mais eficazes na exploração dos dois mundos. Como um todo, não é um mau split, mas os Psycorepaths ainda precisam de mais rodagem.

Nota 6.5/10
Fernando Ferreira


Toxik – “Wasteland”


1986 – Vic Records

Os Toxik são um dos grandes tesouros do thrash metal norte-americano que só tarde na sua carreira receberam o reconhecimento que mereceram graças a dois álbuns históricos, “World Circus” e “Think This”. Como tal, esta reedição pela Vic Records da primeira demo “Wasteland” desperta logo o interesse. E o som que apresenta é de qualidade profissional. Tendo em conta que estavamos em 1986 e que normalmente não se apostava assim tanto nas demos, estes quatro temas (sem contar com a “Skippy Winshield”, que é mais uma brincadeira de alguns segundos do que propriamente um tema, são de nos deixar o queixo caído. Desses, três iriam aparecer no primeiro álbum da banda, ficando de fora o tema-título. Para completar o ramalhente temos três gravações inéditas, com um som consideravelmente pior mas que também são, cada uma delas, retratos diferentes da mesma banda. A adquirir.

Nota 8.5/10
Fernando Ferreira


Rocket Five – “Movin’ On The Station (Live At Usina Jam)”

2018 – Edição de Autor

Álbum ao vivo dos Rocket Five, uma banda brasileira de grande valor. Grande parte do alinhamento é apoiado no álbum de estreia “On The Move”, exceptuando o tema “Solitary Man” que é um inédito, que aparecerá, em princípio, no próximo álbum de originais. Temos um hard rock clássico – sabor dado principalmente pelo orgão hammond) que nos consegue contagiar facilmente. É pena é que a qualidade da captação não seja de qualidade tão elevada quanto a música, com o som a soar um pouco abafado e pouco definido. De qualquer forma, é uma boa prova do talento da banda de Campinas.

Nota 7.5/10
Fernando Ferreira


Ankhara – “Sinergia”

2018 – Fighter Records

Reedição do regresso aos discos por parte da banda de heavy metal espanhola Ankhara, eles que acabaram a carreira – ou melhor, interromperam – em 2004 e voltaram em  2013. Um regresso que se materializou da melhor forma com um heavy metal musculado e bem conseguido e ao qual se juntam três faixas bónus registadas ao vivo em que a qualidade não é das melhores mas não comprometem o resultado. Para quem não lhe faz confusão uma banda a cantar em espanhol – são raras as que não o fazem – é recomendado.

Nota 7.5/10
Fernando Ferreira


Black Shepherd – “United Evil Forces”

1986 / 2019 – Vic Records

Só mesmo a Vic Records para pegar numa demo obscura de 1986, duma banda ainda mais obscura da Bélgica, para a voltar apresentar com mais treze faixas. Para já temos a dizer que os Black Shepherd estavam à frente do seu tempo, indo até mais além do que uns Sodom e uns Kreator ao juntar o thrash metal com um black/death bastante embrionário, um estilo que faria muito sucesso no underground pelo menos uma década mais tarde. E tendo em conta o som, é mesmo uma pérola que os aficionados dos sons mais extremos poderão (deverão) estar interessados em adquirir. Como bónus, temos a demo de ensaio editado no ano anterior, com um som ligeiramente pior e com uma voz um pouco mais heavy/thrash metal. Excelente demo. A finalizar temos uma actuação registada em 1987, com um som previsivelmente sofrível a servir apenas como curiosidade histórica do que propriamente para deleite auditivo. Vale pela reedição das duas demos e já é bastante.

Nota 7.5/10
Fernando Ferreira


Cloudburst – “Cloudburst”

2019 – Samstrong Records

A mistura entre metal e hardcore tem sido complicada de definir. Isto partindo do princípio que não estamos simplesmente a falar de metalcore, como é o caso deste trabalho auto-intitulado dos Cloudburst. Os indonésios apresentam-se com uma fome que só a capa consegue dar uma ideia do que temos aqui. Dissonâncias, berros, gritos e muita raiva é o que compõem este segundo álbum daquela que promete ser um dos grandes destaque do hardcore metalizado e abrasivo vindo da Ásia. Impressionante, ainda para mais quando injectam melodias inesperadas e altamente viciantes pelo meio.

Nota 8.5/10
Fernando Ferreira


 

 

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