O Álbum do MêsReviewTops

Álbum do Mês – Dezembro 2022

10 – Visceral – “The Tree Of Venomous Fruit”

2022 – Raging Planet

Visceral, uma nova força no death metal nacional, num projecto de Bruno Correia (dos In Tha Umbra) que nos impressionou e surpreendeu – não exactamente por esta ordem. Produção sólida e poderosa mas com uma sonoridade a soar bem orgânica e com uma brutalidade old school sem cair nos facilitismos da nostalgia – nada de errado com isso. Visceral soa refrescante, o que não deixa de ser um ponto extraordinariamente positivo numa altura em que temos a arrogância de pensar e sentir que tudo de valor já foi feito, visto e ouvido. Um primeiro trabalho que esperemos que não seja solitário e uma primeira pedra(da) num caminho que tem um potencial imenso. Excelente!

8.5/10
Fernando Ferreira


9 – Nømadus – “Axis Primordial”

2022 – Edição de Autor

Trabalho bastante interessante de estreia desta banda da Irlanda do Norte que conta com um português na formação, Fredy Moita na voz (que tem um registo mais gutural) e na guitarra solo. A sonoridade é difícil de definir o que será logo um bom indicador. Temos a base no thrash metal mais moderno mas longe de ser igual a tudo o resto o que este rótulo compreende. Aliás, em termos técnicos, temos pormenores muito interessantes ao nível da guitarra – excelentes solos e também composições que conseguem ir para além do óbvio e do esperado. Sendo o primeiro passo, há sempre uma margem de manobra entre aquilo que é esperado numa estreia e o potencial prometido e podemos dizer que os Nømadus são a uma banda veterana com capacidade para dar cartas no cenário internacional nos próximos tempos.

8.5/10
Fernando Ferreira  


8 – Witchunter – “Metal Dream” 

2022 – Dying Victims Productions

Seis anos depois (sem contar com o split de 2018), os Witchunter estão de volta com o seu terceiro álbum que é um bom pedaço de céu heavy/speed metal, tal como temos tido com fartura (e com qualidade) nos últimos anos. No entanto, mais do que uma fórmula bem definido, o leque de influências que a banda apresenta – e as músicas por consequência – trazem uma dinâmica e abrangência impressionante que apesar de não descurar o estilo atrás citado, também trazem aqui e ali um piscar de olho maroto ao hard rock ou até ao rock progressivo. Muito mais que um simples disco de heavy metal mas sem dúvida que um grande disco de heavy metal. “Metal Dream” é um regresso em grande.

9/10
Fernando Ferreira


7 – Glaston – “I Am Whole”

2022 – Dunk! Records / A Thousand Arms Music

E por vezes chegam bandas e álbuns não sabemos muito bem de onde que nos deixam completamente maravilhados. É o que aconteceu com este “I Am Whole” dos Glaston. A banda vem rotulada como post rock, o que faz sentido embora a sua estética consiga transcender as barreiras bem definidas do género. Instrumental e emocional mas sem precisar dos previsíveis lugares comuns embora tenhamos aqui algumas referências – a mais curiosa é Anathema cujos ambientes ali por volta do “Weather Systems” parece ecoar em alguns temas – o tema título é um deles. Cinematográfico, emocional e absolutamente viciante. É o disco de post rock sem querer ser post rock. É belo e profundo, tal como tudo aquilo que queremos na música que levamos connosco.

9/10
Fernando Ferreira


  6 – The Gasölines – “Death Or Eternal Glory”

2022 – Speed Club

Diversão hard’n’heavy punk’n’roll. Uma espécie de Motörhead vitaminados, mais punk e mais hard rock, se tal é possível. Não sei, só sei que este mundo cada vez mais cinzento e a caminho da extinção e que são discos como “Death Or Eternal Glory” que são a solução que precisamos. Sem tretas, apenas rock’n’roll metalizado – à conta de inspirados solos de guitarra que aparecem ao pontapé – com aquela voz rouca que Lemmy ficaria orgulhoso. Depois de um excelente álbum no ano passado, a velocidade não abranda mas a qualidade também não, já que para quem apreciou a estreia no ano passado, sabe muito bem o que esperar aqui. Para quem está a chegar pela primeira vez, então preparem-se para esta viagem alucinante pelo melhor que a função entre punk e metal têm para oferecer.

9/10
Fernando Ferreira


5 – Psychonaut – “Violate Consensus Reality” 

2022 – Pelagic

Os Psychonaut estão de volta com o seu segundo álbum, a sequela para a estreia que já data de 2018. O seu post-metal está cada vez mais pesado e agressivo e mesmo não perdendo aquela sensação atmosférica que marcou “Unfold the God Man”, aqui sente-se que a abordagem é mais crua e in your face. E também mais directa, sem se perderem em deambulações como na estreia – o que não era forçosamente mau. É, nesse aspecto, mais maduro o que também não quer dizer que tenham abandonado o aspecto mais épico e viajante, continuamos a ter essas facetas representadas, apenas não é por aí que nos impressionam mais. Um álbum completo e versátil ainda que mais focado por parte de uma banda que provou que havia razão para os terem colocado no pedestal em 2018.

9/10
Fernando Ferreira


4 – Whirlwind – “1714”

2022 – Fighter

Running Wild, sois vós, vindos de Espanha? Não, até porque evidenciam uma sonoridade própria apesar de alguns riffs e temas a relembrarem os tempos áureos da banda re Rock’n’Rolf (que ultimamente até nem têm andado tão mal como dizem mas isso já são outros tantos). O entusiasmo que temas como “The Call” e “Gallows Tithe” causam é uma boa indicação de como tínhamos saudades desde heavy metal dinâmico que consegue acelerar em grande estilo assim como também manter a toada heavy metal. É um álbum que, lá está, apesar de apontar na direcção dos clássicos (ou de um nome clássico) do heavy metal, consegue ter originalidade e, principalmente, qualidade para nos deixar completamente rendidos. A nova geração do heavy metal espanhol está muito bem com os Whirlwind que começam a sua carreira da melhor forma.

9/10
Fernando Ferreira


3 – Stones Of Babylon – “Ishtar Gate”

2022 – Raging Planet

Regresso dos Stones Of Babylon, um excelente projecto nacional de stoner/doom instrumental, com expectativas de ser mais um grande trabalho dentro do género em que se insere. Expectativas até que são superadas logo ao segundo tema, o excelente “Anunnaki” que é uma das grandes provas que esta banda está cada vez melhor. As ambiências e o groove místico que emanam destas seis músicas é hipnoticamente irresistível, factor que é fundamental num disco instrumental. A capacidade de fazer despoletar imagens abastractas e de promover a movimentação do foco da atenção do concreto para o abstracto e vice-versa. Riffs que em bom estilo jam nos vão enrolando e controlando conforme nos deixamos ir porque na realidade nem há sequer outra hipótese. Continuam a ser uma pérola rara que se distingue a cada álbum lançado.

9/10
Fernando Ferreira


2 – In The Woods – “Diversum” 

2022 – Soulseller

O percurso dos In The Woods é fascinante. A banda começou como uma proposta de black metal, tendo um considerável impacto no underground, e aos poucos foram cedendo a influências progressivas, influências essas que estão presentes desde o início. Essa vertente foi ganhando mais peso e  desafiando as fronteiras do que o black metal (ou metal no geral) supostamente deveria ter. O experimentalismo tornou-se, no final da sua primeira encarnação, um ponto mais importante até do que a vertente progressiva. No regresso, a banda tentou pegar onde tinha ficado, mas perdeu, parece-nos, a capacidade de ser tão arrojada como o foi em apenas três álbuns. Talvez não tenham mais essa necessidade, o que é perfeitamente válido. “Diversum” é o terceiro álbum desta segunda fase e parece ser o equilíbrio perfeito em tudo o que a banda já fez. Contém os elementos progressivos mas não renega o peso que tinha ficado em “Omnio”. E esse equilíbrio surge aqui em todo o seu esplendor num álbum que vai ao encontro dos fãs do mítico segundo álbum da banda. Talvez seja um ponto mais seguro dentro da zona de conforto – até porque “Strange In Stereo” não é só um disco mais experimental como também foi um momento difícil na vida da banda – mas não é algo que se sinta ao ouvir “The Malevolent God” ou “Your Dark”. A banda que influenciou toda uma nova vaga da mistura de metal extremo com o progressivo regressa para não esquecermos de que eles ainda sabem da arte como ninguém.

9/10
Fernando Ferreira


1 – Kampfar – “Til Klovers Takt”

2022 – Indie Recordings

Os Kampfar são uma das propostas mais interessantes do black metal noruguês com uma carreira que se iniciou precisamente quando o mesmo estava no auge – ou seja pós-infames ocorrências extra musicais. A regularidade sóbria da banda tem sido o principalmente motivo do nosso interesse e consequente reverência. Uma estabilidade que garante qualidade a cada novo lançamento, mesmo que por vezes se sintam alguns álbuns como um passo ao lado do que uma verdadeira progressão – algo apenas o tempo ajuda a colocar os diferentes álbuns no seu sítio. Jogando contra ele, o tempo, podemos dizer que “Til Kolovers Takt” é recebido, agora, como um dos melhores trabalhos da banda, sem que para isso apresente nada de diferente em relação ao passado. Nada de extraordinariamente diferente na forma, pelo menos. Trata-se de um álbum onde temos todo aquele feeling épico mas também uma dinâmica metálica que assegura não estarmos perdidos (ou presos) no mesmo tema. Onde não será necessário muitas audições para que se chegue a essa mesma conclusão – algo que não acontecia tanto nos trabalhos anteriores. Soa a Kampfar, mas a Kampfar melhor que nunca. Ou seja, exactamente aquilo que se esperava deles.

9/10
Fernando ferreira


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