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Os Filhos do Metal – O Momento do Metal Português

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Os Portugueses parecem ter dificuldade em ultrapassar a atitude de auto comiseração que os tem caracterizado ao longo de demasiados anos. Para trás ficaram séculos de descobrimentos e conquistas, período em que dividíamos o mundo com os Espanhóis, com a assinatura do Tratado das Tordesilhas em 1494. Essa hegemonia geográfica foi sendo diluída e deu lugar a uma pátria cometida ao seu estatuto de país neutro, isolado num Estado Novo, que durou décadas. Assim foi a nossa história recente. O isolamento, a falta de liberdade e a consequente letargia são causas para a mentalidade Portuguesa, que se arrasta até aos dias de hoje.

Chegou o momento de mudar. Temos conquistado o reconhecimento internacional no desporto, na política, na ciência, entre outras áreas. Na música e em particular no Heavy Metal é chegada a hora de mudar o paradigma e parar com as lamentações. Sempre ouvi comentários como: “somos um país pequeno, com um mercado diminuto”; “não há salas suficientes para concertos”; “o público não vai aos concertos de Heavy Metal de bandas pouco conhecidas”; “Portugal não é um país com tradição no Heavy Metal”. Enfim, um sem número de observações que apenas geram ruído e em nada contribuem para o desenvolvimento de uma “indústria metaleira” e não me refiro á indústria metalomecânica.

Se fizéssemos um estudo apurado sobre o Heavy Metal em Portugal até poderíamos ter números reduzidos em muitos vetores, mas talvez ficássemos espantados noutros. Note-se, por exemplo, que existem largas centenas de bandas ativas e um total de 1 402 se somadas ativas e já extintas, segundo o site Metal Archives, à data de 11 de outubro de 2020. Comparando com Espanha ou França estamos acima no rácio. Em 2019 existiam cerca de 30 festivais dedicados exclusivamente ao Heavy Metal, alguns com tendências estilísticas específicas. Não tenho dados que me permitam precisar quantidades de editoras, revistas físicas e digitais, programas de rádio entre outros meios digitais de divulgação, mas há muitos meios de comunicação a divulgar exclusivamente Heavy Metal.

Nos últimos anos surgiram estúdios e produtores a realizar trabalhos de elevada qualidade na produção de álbuns, ao nível das melhores produções internacionais. As bandas Portuguesas têm vindo a consolidar carreiras, a conseguir contratos com grandes editoras independentes e a correr mundo em digressões. Tudo isto com os Moonspell à cabeça. Mas outras se seguiram como: Heavenwood, Ava Inferi, Corpus Christii, Sirius, Holocausto Canibal, Sinstro, Gaerea, Attick Demons, entre outros. Constato que Portugal tem caminhado lentamente rumo à criação de uma indústria bem recheada no que ao Heavy Metal diz respeito. O processo é ao nosso próprio ritmo, dando a sensação de que falta muito para sermos o centro da Europa em termos de música de peso.

Isso não seremos, mas basta de derrotismos e constante desvalorização do nosso talento e capacidade. A energia deve ser dirigida para a criação de mais e melhor suporte aos nossos artistas do Metal. As editoras nacionais devem expandir-se, criando parcerias no estrangeiro. Os meios de divulgação devem promover as nossas bandas. Quanto aos músicos, esses devem arriscar mais. A vida artística requer muito trabalho, não basta talento. Por vezes é necessário abdicar do conforto e da rotina, apostando numa carreira que tem de ser contruída com punhos de ferro. A união, uma estratégia de promoção e o acreditar podem ser passos importantes para mais e melhor Heavy Metal em Portugal.


 

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