Os Filhos do Metal – O Peso Da Criatividade No Heavy Metal
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Sempre houve uma incessante procura por um som intenso, pesado que equiparasse as produções nacionais aos álbuns internacionais com orçamentos elevados. Músicos houve que levavam as gravações dos seus ídolos para mostrar ao produtor, ou responsável do estúdio, para servirem de referência ou como exemplo do som pretendido. Essas atitudes são demonstrativas da influência que os grandes nomes da cena Metal internacional têm na composição das bandas nacionais. E nada mais do que isso. É do conhecimento geral que cada gravação depende de inúmeros fatores como: o músico, o produtor, os instrumentos, amplificadores, microfones, estúdio, equipamento de estúdio, acústica, mistura, masterização, prensagem e até da disposição do intérprete. Daí que a procura pela similitude do som cheio e poderoso redundava em desilusão. Muitas foram, e são, as bandas cuja influência externa se aliava à falta de criatividade e o resultado final era um punhado de músicas sem cariz personalizado, com uma produção pouco adequada aos sons pesados.
Esta etapa do processo evolutivo não é negativa! Apenas representa o inevitável percurso traçado rumo ao progresso. Felizmente, este cenário tem vindo a alterar-se radicalmente. O que comprova o quão positivo foi o passado e o sacrifício que muitas bandas fizeram para que hoje possamos usufruir de outra realidade, no que ao Heavy Metal nacional diz respeito. Os últimos anos têm proporcionado um elevado número de bandas que gravam álbuns de elevada qualidade técnica e artística. As produções atingiram níveis elevados de densidade. Longe vão os dias de produções sem brilho a necessitar de oxigénio. Fruto da digitalização e facilidade de acesso a tecnologias e softwares, o som que sai dos estúdios em Portugal é tão bom ou melhor que muito do que se faz no estrangeiro. Não só isso, mas também músicos e produtores aprenderam com o tempo e preocupam-se em conhecer as técnicas que permitem produções “grandes”.
Tão ou mais interessante é a capacidade criativa das bandas nacionais. Há músicas e álbuns que têm personalidade própria, deixando para trás a colagem descarada aos maiores influenciadores de décadas. Os músicos vão beber a fontes tão diversas como a Portugalidade, o mundo global e um sem número de influências musicais e não musicais que os rodeia. Alguns dos álbuns que descobri recentemente vão ainda mais além! Não só conseguem alguma originalidade, como conseguem incorporar mensagens positivas, sem esquecer a origem geográfica e a história do país. É difícil mencionar todos, por isso perdoem-me os excelentes projetos que cada vez mais vão preenchendo a nossa cena Metal, mas aqui ficam alguns exemplos: Sollust são de Peso da Régua e demonstram uma maturidade invejável. Com uma estética alternativa e moderna dentro do Metal, que permite alargar os horizontes do género. Gaerea já são um caso sério. Post-Black Metal de elevada densidade e com alma Portuguesa. Omitir é um projeto que oferece mais do que Ambient e Atmospheric Black Metal, presenteia os ouvintes com história. Hourswill é uma peça que mescla uma vertente progressiva com o Power e Heavy Metal de forma intrincada, mas muito criativa. Blame Zeus vão buscar inspiração nas fronteiras do Metal, com contemporaneidade e profundidade lírica. Estes são apenas alguns exemplos da diversidade que o Heavy Metal Português tem para oferecer. Já não é necessário mostrar um CD dos Pantera ou dos Metallica ao produtor, basta confiar no instinto criativo dos músicos e na capacidade técnica e artística dos bons produtores nacionais.
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