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Reportagem Comeback Kid, Nasty, Backflip @ RCA Club, 04/02/18

Fomos surpreendidos quando chegámos ao RCA Club por encontrarmos uma fila que quase contornava o quarteirão – já algum tempo de estarmos na fila, isso efectivamente aconteceu. Não era uma surpresa estar tanta gente para esta noite de hardcore mas sobretudo por aparecerem antes das portas abrirem – normalmente o público português não dá tanta importância às primeiras bandas. O que neste caso seria verdadeiramente criminoso, principalmente quando a banda de abertura era nada mais nada menos que os Backflip.

A intensidade da banda lisboeta foi digna de se ver. Comandados pelo vozeirão de Inês Oliveira, tivemos um passeio por toda a carreira discográfica da banda, onde o foco maior foi o mais recente “The Brainstorm Vol.2” (e um dos melhores EPs 2017 segundo o nosso Top). Ajudados por um som bem poderoso e definido era impossível impedir o corpo de se contagiar por toda a energia que era debitada em cima da palco. Energia essa que também se espalhava para o público apesar de alguma separação entre os que estavam junto às grades e os que estavam mais atrás, junto ao bar. O fosso ficou bem preenchido pelo bailarico que esteve incansável.

Energia que era enviada de volta para o palco e da qual a banda se alimentava. Segundo as palavras deles, além de ser sempre um prazer partilhar novamente o palco com os Comeback Kid, este foi o segundo concerto dos Backflip este ano (o primeiro foi no LVHC Fest) e estabeleceu a fasquia bem alta. Ainda nos confessaram que 2018 será um ano bem activo para a banda (que já conta com dez anos de carreira) quer cá em Portugal quer lá fora. Se forem todos metade daquilo que deram no RCA Club, temos a certeza de que vão conseguir arrasar. “Born Head First” fechou de forma apoteótica um grande aquecimento (literalmente!) para as bandas que seguiriam.

O que viria de seguida foi algo que poderia ser surpreendente para quem não conhecia todo o poderia dos Nasty. A banda belga é a portadora da realização das profecias dos livros da Bíblia, Revelações. Foi o apocalipse traduzido em mosh, murros, pontapés rotativos e muita diversão. E curiosamente tudo começou com uma intro de música electrónica. Ou como costumamos dizer, “Enter Martelada”. Quando acabou a intro, não demorou muito para que passasse a ser “Enter Porrada”. Os breakdowns gigantescos apelavam à energia e ao chamado “good violent fun”.

Matthi, o vocalista dos Nasty e Berri, o baixista, bem insistiam que o público se chegasse mais à frente do palco, mas essa era uma tarefa apenas indicada para os mais destemidos e para quem tinha um bom seguro de saúde. Temas como “Fire”, “Forgiveness” e “Zero Tolerance” instituíram o RCA Clun como a sucursal oficial do U.F.C. neste que foi o último concerto da digressão dos Comeback Kid. Com os Nasty a sentirem toda a intensidade e todo o sentimento de irmandade que imperava apesar da violência, temos a certeza que consideraram este concerto como um final em grande da tour.

Quando foi a altura da banda que todos queriam ver subir ao palco, já não havia espaço para fugir: o RCA estava completamente lotado para ver os Comeback Kid. Com “Do Yourself A Favor” a iniciar logo as hostilidades, pairava no ar a certeza de que este iria ser um grande concerto. E efectivamente foi. Uma festa hardcore onde todos estavam unidos numa única só voz. A voz que cantavam do início ao fim temas como “Surrender Control”, “G.M. Vincent And I” e “False Idols Fall” – esta última que causou o rebuliço geral onde até não faltaram chaves a serem atiradas para cima do palco – provavelmente alguém que teve dificuldades em entrar em casa…

A animação não se confinava à frente do palco. De cima do mesmo, os membros dos Nasty iam aperfeiçoando a arte do stage diving – algo que o próprio Andrew Neufeld, vocalista, referiu que não iriam acabar o concerto até que todos os membros dos Nasty fizessem stage diving. Imperava um ambiente de família muito bom e único, ao qual Neufeld se referiu algumas vezes, colocando esta actuação e o público do RCA entre dos melhores da sua digressão. Esse ambiente foi criado principalmente devido à rendição de temas emblemáticos como “Somewhere Somehow” e “Absolute”.

A intensidade era tanta que até o monitor do vocalista canadiano foi à vida – com tanta actividade naquela zona, provavelmente terão que arranjar material reforçado a titânio. A dinâmica é a grande força da sua energia e o segredo do sucesso. Conseguir conciliar o lado mais bruto com o mais melódico do hardcore sem que existam quebras de energia (nomeadamente nos temas mais acessíveis “Broadcasting…” e “Don’t Even Mind”) não é para todos mas a mestria já é algo que os Comeback Kid nos habituaram

Uma noite de energia pura, onde todos saíram de barriga e alma cheia. Banda incluída, que confidenciou que ao longo destes anos de carreira tiveram momentos muito bons e momentos em que apenas lhes apeteceu desistir mas que aquela noite lhes ficou gravada no coração como sendo um dos momentos mais altos. “Wake The Dead” terminou com chave de ouro uma noite onde até as paredes do RCA escorreram suor e onde nem sabemos como é que toda a casa não veio abaixo. Sem dúvida um concerto memorável para todos os presentes.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Hell Xis Agency/ Emanuel Silva

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