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WOM Cartas de Vinil – Dazzed but not Confused

Por Rosa Soares

Na semana em que Jimmy Page completa 76 anos de idade, dou por mim com uma espécie de carta a fixar-se na minha mente… uma carta a Jimmy Page. Uma carta que é também aos Led Zeppelin. Porque, quer se queira, quer não, Jimmy Page é o Sir. Led Zeppelin, o curador do espólio da banda, o dragão-guardião da memória da melhor banda do mundo. É também o seu criador, aquele que, com a dedicação de um artesão, esculpiu a banda e a música que mudaram o mundo. Há 50 anos, os Led Zeppelin eram o símbolo da mudança, quebravam todas as regras e faziam-no porque podiam, porque eram a maior e melhor banda do mundo. Hoje, os Led Zeppelin não existem enquanto banda, mas existem enquanto Instituição Musical, enquanto ícone da música. Não há passado para os Led Zeppelin, pois aquilo que fizeram supera sempre a época em que os ouvimos. Se, em 1969, eram completamente inovadores e surpreendentes, fazendo o que ainda não fora feito, em 2020 são completamente arrebatadores e apaixonantes, fazendo o que mais ninguém faz ainda. E assim serão no futuro, porque o que eles fizeram, mais ninguém fará. Porque Page, Plant, Bonham e Jones são quatro partes únicas, com personalidade própria e energias individuais, que se uniram num todo, com uma energia cósmica, da qual resultou uma explosão criativa. Os Led Zeppelin são o Big Bang da música.

Oiço Led Zeppelin há 33 anos, ao mesmo tempo que oiço Metallica e outras bandas. Mas a experiência de ouvir Led Zeppelin é muito diferente. É algo muito íntimo, não partilhável. Enquanto que,  sempre gostei de partilhar as outras bandas, de ouvir em conjunto com os amigos, esta eu guardava para mim, para os meus momentos a sós. E ainda assim é.  Porquê? perguntarão vocês… Porque ouvir Led Zeppelin é uma experiência que ultrapassa o “ouvir música”, é algo que atinge um espaço energético e físico. Ouvir Led Zeppelin é ocupar todo o espaço com uma energia que se sente, que nos envolve, trespassa, faz arrepiar. Led Zeppelin não se ouve, sente-se.  Sente-se cada batida de John Bonham, cada corda ou tecla de John Paul Jones, cada nota de Robert Plant e cada acorde de Jimmy Page. Jimmy Page e a guitarra são uma só entidade, o instrumento enquanto extensão do próprio homem. O respeito mútuo é visível na forma como Page olha para as guitarras durante os concertos, um olhar de admiração, de encantamento, um olhar que supera qualquer descrição. E a guitarra corresponde, brilhando e soando de forma única, envolvente.

Para mim, os Led Zeppelin criam uma experiência auditiva de êxtase quase religioso. Costumo dizer que são os meus deuses, não enquanto entidades divinas (nas quais eu não acredito), mas sim enquanto produto de uma união cósmica única e irrepetível.

E sim, dizer isto ao próprio Jimmy Page era algo mágico, mas impossível. Porque, mesmo que outro acaso cósmico acontecesse e eu ficasse frente a frente a Page, era garantido que não conseguiria articular nem uma única palavra. A única coisa que faria, era guardar o momento na retina, na alma e no coração, para todo o sempre.

Assim, é por escrito (e também com o desconhecimento do próprio) que digo: Obrigada Led Zeppelin e obrigada Jimmy Page! A minha vida é muito mais rica e intensa com a vossa existência!


 

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