Review

WOM Reviews – Tombs / Edoma / WØMB / Grabunhold / Gravfraktal / Revenge / Black Mold / Ofermod

WOM Records – Tombs / Edoma / WØMB / Grabunhold / Gravfraktal / Revenge / Black Mold / Ofermod

Tombs – “Under Sullen Skies”

2020 – Season Of Mist

A sonoridade dos Tombs não é (assim) tão simples de explicar. O black metal faz parte da sua génese, da sua essência e em relação a isso não há qualquer dúvida. No entanto, há por aqui muito mais a acontecer. A banda nunca foi aversa a fazer as suas mutações sonoras – as mexidas no alinhamento também não devem ser alheias a esse factor. O EP “Monarchy Of Shadows” já tinha evidenciado o poder que a actual formação tem mas ainda assim não poderiamos adivinhar ou prever como é que “Under Sullen Skies” iria soar. Mais diverso, mais dinâmico mas igualmente poderoso. Uma aura doomesca que o aproxima do pós-metal e que faz com que esta hora de música seja com uma viagem numa montanha russa de olhos fechados, onde nunca sabemos com antecedência para onde vamos de seguida. Não sendo fácil de catalogar, é muito fácil de ser conquistado pela aura, pelos temas e pelo seu poder.

9/10
Fernando Ferreira

Edoma – “Immemorial Existence”

2020/2021 – Petrichor

Reedição pela Petrichor do álbum de estreia dos Edoma. Os russos dão-lhe forte no black metal mas acrescentam alguns elementos que servem para tornar a coisa mais interessante e mais dinâmica. E conseguem fazê-lo. Os temas são épicos e bastante variados, o que faz com que rapidamente nos consiga capturar o interesse. E depois temos aquele sentido de algo negro e grim, uma ambiência que os fãs vão imediatamente reconhecer e apreciar. O rótulo black/death metal faz o seu sentido, mas no equilíbrio entre os dois, creio que as forças das trevas têm muito mais peso. É uma boa estreia discográfica que merece mesmo chegar a um público mais vasto.

8.5/10
Fernando Ferreira

WØMB – “Here, The World Falls”

2020 – Purodium Records

A postura do Black Metal e a postura do Punk são muito mais similares do que muitos querem ver. Womb não é Punk, Womb é Black Metal. A postura de Womb é um misto de Black Metal primitivo, com (por vezes) a agressividade groove do Punk. O Black Metal acaba por tomar controlo quase total da Música, mas permite que a veia Punk se mostre, aqui e ali. Há aqui uma abordagem bastante crua, directa e simples; sendo que o termo “simples” se refere ao modo straightforward com que o duo “expulsa” o resultado final da criação! Os vocais são soberbos! A intensidade e a brutalidade com que são expelidos, é igualado por muitos poucos, seja em Portugal, seja fora. De certa forma, um comentário acerca deste “Here, the World falls…” não necessita ser muito longo: o Black Metal é primitivo e agressivo q.b., tem uma pesadíssima atmosfera, muito devido à produção, que ajuda a que o som nos arrasta, com ele, para o fundo de uma qualquer caverna repleta de enxofre. Os riffs são “enormes”, caramba! “Great Mother of Destruction, Time and Death” apresenta-nos, logo de início, a capacidade compositora de WOMB, onde a agressividade e a melodia se unem, criando uma besta demolidora. Será este uma das pérolas ignoradas da cena Black Metal nacional? Bem, arrisco dizer que não, mas um pouco mais de visibilidade (que não implique sair da caverna) seria mais que merecida!

8/10
Daniel Pinheiro

Grabunhold – “Heldentod”

2020 – Iron Bonehead Productions

Estreando o seu primeiro álbum completo, os Grabunhold são uma banda alemã de black metal. Neste trabalho, intitulado de Heldentod, os Grabunhold mostram aquilo de que são capazes: metal pesado com molduras equilibradas num death com uns tracitos melódicos; tudo isto sediado na lore tolkeniana do Senhor dos Anéis. Em todas as faixas sente-se o peso atmosférico do dito universo, contudo é mais numas do que outras que se sente um verdadeiro transporte para Middle-Earth já que algumas destas faixas podem assumir uma sonoridade verdadeiramente ambiente como é exemplo a terceira. Num todo, este é um álbum bastante bem preparado e de aspeto épico que oferece uma experiência interessante para todos, mas mais especificamente para aqueles fãs de Tolkien.

8/10
Fernando Ferreira

Gravfraktal – “Unhallowed Death Triumph”

2020 – Iron Bonehead Productions

Saídos das profundezas de Lummelundagrottorna, este trio traz-nos a sua primeira aventura sob o nome Gravfraktal: Death Metal das terras suecas, como cravado nas regras “ancestrais”! Formados por músicos (e ex-músicos) de bandas de relevo na cena sueca – e internacional, arrisco dizer – como Bestial Mockery, Swordmaster e Runemagick, o que aqui temos é Death Metal, como já referido. De referir, e isto poderá ajudar a “pintar um quadro” acerca do som da banda: a mesma vai lançar este EP pela Iron Bonehead… estais a ver o calibre, certo? Ora bem, seguindo. Death Metal disposto em 4 temas, detalhes suecos, outros menos suecos, mas sempre a “tresandar a mofo”! Não há aqui qualquer detalhe, por mais pequeno que seja,d e modernidade, de distinto do que estabeleceu as bases do género, Old School Death Metal all the way. Há uma atenção à melodia, tal como a groove ou cadência. Há um peso que nos suplanta, para de seguida nos oferecer um riff imenso, repleto de melodia e agressividade. A bateria, então, sacadíssima dos anos 90 ahahah agradará a todos aqueles Die-hards fans do Death Metal que a cambada jovem, sueca, andava a engendrar nos 90.

7/10
Daniel Pinheiro

Revenge – “Attack.Blood.Revenge”

2001 / 2020 – Season Of Mist Underground Activists

E foi aqui que tudo começou para os canadianos Revenge. Já passaram quase vinte anos, quem diria… Não nutro de especial afeição por esta banda mas há que elogiar a selvajaria que há aqui e como essa se mantevem com níveis mais ou menos semelhantes ao longo da sua carreira. E isso era já bastante evidente neste primeiro EP. A imagem, as três palavras a fazer o título, praticamente estas foram regras que cumpriu sempre, assim como o som, como já disse. Primitivo é dizer pouco. Era por som assim que o homem teve tanta resistência em sair das cavernas mas ao revisitar estes temas da forma mais imparcial possível, é fácil perceber o encanto da banda. A selvajaria anda metade do tempo a parecer que está fora do controle e na outra metade mesmo fora do controle. Os coleccionadores de certeza que vão apreciar este lançamento, ainda para mais quando conta com mais quatro temas bónus a juntar aos originais onde se inclui “Lamb”, uma cover dos Void, eterna referência – embora este trabalho já tenha sido reeditado algumas vezes no passado.

6/10 
Fernando Ferreira

Black Mold – “The Inheritance of Evil”

2020 – Helldprod Records

Segundo a classificação do Metal-archives (oh supremo Graal do Heavy Metal), estes senhores tocam Black / Thrash. Diria que se arrisca a ser deveras redutor, mas isso sou eu que tenho o “In the Sign of Evil” com a bitola para TODO o (bom) Thrash Metal… e não o ouço aqui, uhm. Vá, exagero. Depois de duas Demos, “Atavism” de 2018 e ” Tales of Degradation” em 2019, os Black Mold apresentam o seu primeiro longa-duração, “The Inheritance of Evil”, um conjunto de temas que se foca mais no Black Metal que no Thrash, daí a minha introdução um tanto ou quanto cáustica, muahahah atenção, não se assuma que este trabalho é straightforward Black Metal, pois estaríamos a incorrer numa falácia. Consideremos, sim, que vive mais num espectro que noutro. Não é um som linear nem o considero imediato; não me parece ser daqueles trabalhos que assimilamos à 1.ª audição, mas sim que obriga a mais e mais, pede para ser ouvido uma e outra vez. Sinto, isso sim, pouco dinamismo no decurso do mesmo, sendo que “Meaningless Glue” vem, de certa forma, quebrar a estrutura até então imposta. Poucas são as variações rítmicas, de feeling, de output, talvez por isso o considere como sendo de menor facilidade de assimilação. Julgo que lhe falta aquele momento de “explosão”. É distinto do que se faz por cá, portanto talvez seja mais difícil de entrar na mente de muitos, quiçá eu incluído. Mas vejo que fora das mentes mais “estreitas”, venha a singrar… as vocalizações estão no ponto! São, na minha opinião, perfeitas para toda a estrutura da música. Esperemos para ver que vem mais para a frente destes Black Mold.

6/10
Daniel Pinheiro

Ofermod – “Pentagrammaton”

2020 – Shadow / Regain 

Podemos, de certo modo, comparar o mundo do Black Metal (e da música em geral) à estrutura de competição de uma qualquer modalidade desportiva: 1.ª Liga, 2.ª Liga, 3.ª Liga, and so on and so forth. Isto coloca os colossos do género na 1.ª Liga e aqueles que são bons, mas que nunca conseguiram quebrar, na 2.ª Liga, e os menos capazes, na 3.ª Liga. Isto poderá soar deveras faccioso e discriminatório, certo? Certo. Mas se muitos sentem a obrigatoriedade de rótulos, porque não classificar a qualidade das bandas, desta forma? Verdade que cairá sempre na esfera de interesse / gosto do escriba, mas ainda assim há casos que são transversais a todos… ou não. Estes Ofermod, por exemplo: competentes e consistentes, mas terão eles conseguido quebrar a barreira e saltar para uma 1.ª Liga? Para uns, sim, para mim, não. E porque razão? Porque não considero que a música que fazem seja forte o bastante para tal. Suécia… raios! Podiam ter tido menos azar. Ok, Malign é uma daquelas bandas clássicas, um nome que deixou uma marca, mas talvez essa marca tenha ficado pelo underground sueco. Mas o que temos em mãos neste momento: “Pentagrammaton”, 4.º álbum da banda desde que se juntaram no ano de 1996 – há alguns anos, portanto. É daqueles trabalhos que não compromete, não falha com os fãs que gostaram dos anteriores, mas não apresenta nada de novo. Mas é necessário quebrar, sistematicamente, barreiras?! Óbvio que não. Quem raio anseia por um novo “A Blaze…”? Como já referido: não compromete, e agradará a todos aqueles que apreciam esta linha de Black Metal. E com “linha”, a que me refiro? Este Black Metal grandioso, de limpíssima produção e composições imensas! Não, nada das orquestrações dignas de uns Dimmu Borgir, mas bem apartadas do minimalismo de uns Lampir, por exemplo (belíssimo álbum novo). De qualquer forma, um trabalho de bom Black Metal, na linha sueca, com melodia e força!

6/10
Daniel Pinheiro

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