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WOM Reviews – Devin Townsend / Carivari / Zombi / Part Chimp / Cristina Vane / Grey Mouse / Holy Toy / No Terror In The Bang

WOM Reviews – Devin Townsend / Carivari / Zombi / Part Chimp / Cristina Vane / Grey Mouse / Holy Toy / No Terror In The Bang

Devin Townsend – “Acoustically Inclined – Live In Leeds”

2021 – InsideOut Music

Que este homem é um génio, não restam dúvidas nenhumas. Nem de que é um verdadeiro entretainer. Carisma e talento às toneladas que resultam num álbum acústico “all by himself” mas com uma vida e emocionalidade capazes de encher estádios. Estamos a falar de um álbum acústico a uma voz e guitarra som (ainda que com toneladas de ecos, tal como ele já nos habituou) e tem as limitações que tem. No entanto não é coisa que se sinta. Não é um disco para ouvir sempre – até porque embora seja acústico, consegue ser mesmo pesado emocionalmente – mas é inegavelmente algo que todos os seus fãs poderão apreciar sem qualquer tipo de dificuldade. Até porque este formato, como Devin explica no início, é como as músicas nascem. Uma voz, uma guitarra. É intimista e um retrato do seu género. Não é para todos? Talvez não… mas muitas coisas boas na vida também não ão e não é por isso que deixam de ser boas.

9/10
Fernando Ferreira

Carivari – “Reset”

2021 – No GoodTo Anyone Productions

Álbum de estreia dos franceses Carivari, que são um daqueles projectos industriais capazes de convencer os mais cépticos em relação ao género. Têm é que gostar de violência, sónica, claro está. Devo dizer que a descrição de mistura entre os Full Of Hell e os Ministry faz todo o sentido, sendo que a abrasividade e a selvajaria é realmente uma constante. Todos os géneros e sub-géneros já têm actulamente as suas fórmulas, mas é sempre bom (é óptimo!) encontrarmos bandas que apesar de usarem essas fórmulas, conseguem fazê-lo sempre de forma refrescante e com um saudável peso metálicos – grandes riffs que temos por aqui. Surpreendente para muitos como este poderá ser um vício que depressa se instala.

9/10
Fernando Ferreira

Zombi – “Liquid Crystal”

2021 – Relapse Records

Tenho que admitir que na minha cabeça faz-se muita confusão separar os Zombi dos Goblin. Sei que são duas entidades completamente distintas e que em termos sonoros fazem ou têm abordagens musicais diferentes. No entanto é o que me acontece naturalmente. Não creio que seja particularmente um insulto (será só meio, vá) tendo em conta que a banda italiana é uma grande referência e influência no universo dos Zombi. Perante um novo trabalho, este EP apresenta mais uma colecção de temas que nos fazem surgir imagens automaticamente. Mas longe de ser simplesmente synth e ambient, tem a estrutura tanto de um tema de rock progressivo como também de uma banda sonora épica de um filme de ficção ciêntifica (pende mais para esse lado do que propriamente de terror). A pena é ser mesmo apenas um EP mas são as vicissitudes dos tempos em que vivemos e que cuja diferença é dizermos que é um excelente EP em vez de um excelente álbum.

9/10
Fernando Ferreira

Part Chimp – “Drool”

2021 – Wrong Speed Records / Learning Curve Records

O início da “Back From The Dead” foi o que bastou para ficar completamente agarrado. Mas quantas vezes não experienciámos todos, começar um álbum com grande entusiasmo e depois assistir de forma dolorosa ao mesmo a esmorecer até ao ponto de anular por completo a memória sequer daquilo que nos tinha contagiado de forma tão positiva. Na minha primeira audição houve um misto de cautela assim como de receio conforme prossegui. Posso dizer que no final do disco não encontrei um momento que se assemelhasse a nível de entusiasmo como a já citada faixa inicial (o tema-título anda lá muito perto, todavia) mas ainda assim muita vontade para repetir a audição. Coisa que o fiz. Na melhor tradição do noise rock, andamos aqui algures entre o caos e o controlo desse mesmo caos que parece bem incontrolável, se é que isso faz sentido. Esse aparente controlo surge também sob a forma de hipnose pela repetição de certas frases musicais, certos riffs que nos prendem e nos fazem esquecer nos potenciais defeitos que poderíamos encontrar. O efeito hipnótico dura bem além do fim do álbum. Não é para todos mas para quem cair nas suas teias, vai ficar preso com prazer.

8.5/10
Fernando Ferreira

Cristina Vane – “The Magnolia Sessions”

2020 – Anti-Corporate Music

Não sei quanto a vocês mas tenho estado a adorar estas “Magnolia Sessions” onde a Anti-Corporate Music vai buscar novos e (normalmente) desconhecidos cantautores e os coloca a deitar a sua alma cá para fora de forma pura e sem filtros. O resultado é música que fala ao coração, simples mas cheia de intensidade emocional. A puxar ao folk e americana e neste caso até um pouco ao indie, mas onde até o som da bicharada à volta nos soa hipnótico. É pena é ser tão curto, mas não é assim na vida, com tudo o que é bom?

8/10
Fernando Ferreira

Grey Mouse – “A Moment Of Weakness”

2021 – Addicted Label

Sonoridade bastante relaxante a dos Grey Mouse. Eles apresentam-se como uma banda de rock que traz para o mesmo prato o rock, o stoner, o psicadélico. E até se pode considerer tal como verdadeiro mas ao ouvir este “A Moment Of Weakness” a primeira impressão que fica é a forma como eles usam os espaços vazios, o silêncio. É música que vive muito desses silêncios, o que faz com que o mesmo quando seja quebrado haja um impacto maior. O folk até acaba por ter mais expressividade que até o rock ou o stoner e mesmo assim fica-se com aquele feeling de deserto ao longo deste álbum. Não é imediato e os rótulos que tem em cima poderão enganar mas com uma outra voz, este até poderia ser um disco marcante.

7/10 
João Pedro Freitas

Holy Toy – “Close All Doors”

2021 – Apollon Records

A banda polaca e norueguesa já quase quadragenária sempre se determinou como um dos tentos mais experimentais da música rock e sintetizadora. “Close All Doors” é o novo lançamento que explora ainda mais essas facetas experimentais com uma inclusão de suma importância dos sintetizadores e de uma produção muito trabalhada, sobretudo na vertente da eletrónica. O hiato de mais de uma década acabou por nem sempre trazer boas notícias ao quarteto liderado pelo duo Andrej Nebb e Lars Pedersen. Desde o regresso oficial aos discos, em 2013, os Holy Toy não têm sido a novidade que em tempos foram, muito fruto da imensa música experimental que foi aparecendo. Este “Close All Doors” mantém o estilo do experimental com algum post-industrial rock, mas sem surpreender ou cativar por aí além, apesar de os fãs do género poderem ver neste álbum de 2021 um ponto interessante numa carreira já de si importante e inovadora, nos anos 80.

6/10
João Braga

No Terror In The Bang – “Eclosion”

2021 – Edição de Autor 

Esta é uma banda interessante porém muito, mas muito invulgar. Parte do seu interesse vem também da sua invulgaridade. Se inicialmente poderiamos colocá-los num género como dream-pop alternativo, noutros, parece que descamba para o metal alternativo ou  uma espécie interessante de nu-metal evoluído – e só falo em nu-metal pelo poder das guitarras. Confesso que para o comum dos nossos ouvintes, metálicos de raiz, este tipo de som não entra nem à lei da bala, mas para quem gosta de ser surpreendido de vez em quando, posso dizer que é uma excelente surpresa. Mesmo que não se pegue mais nele.

6/10
Fernando Ferreira

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