Report

WOM Report – Cascais Rock Fest – Dia 2 @ Casino Estoril – Salão Preto e Prata, Estoril – 26.01.19

O primeiro dia do Cascais Rock Fest foi fantástico de todas as formas com três propostas diferentes de rock pesado mas que todas falaram ao coração de um Salão Preto e Prata cheio e as expectativas eram ainda superiores para este segundo dia, esgotado para receber outras três propostas diferentes entre si mas que estão no coração dos portugueses a começar logo pelos nossos Alcoolémia, os primeiros a subir ao palco.

Tal como no dia anterior, a espera foi longa e agonizante para o início do concerto mas assim que a música ambiente (de bom gosto mais uma vez, saliente-se) cessou, as luzes apagaram-se e a banda entrou em palco de forma furtiva, mas logo chamaram as atenções de todos com “Queria Roubar-te Um Beijo”. Uma entrada fulgurante e com um som poderoso e bem cheio. O ritmo ficou ainda mais frenético quando passaram para o já clássico “Batam Com a Cabeça No Chão” e a cover dos Táxi, “Chiclete” cuja rendição em estúdio está presente no terceiro álbum de originais auto-intitulado.  A banda portuguesa apresentou também um cheirinho do novo álbum com o tema “O Teu Calor”. Catchy e forte ADN rock, uma boa pré-visualização do futuro próximo. No entanto, os mesmo mais marcantes acabam por passar de alguma forma com o trabalho de estreia de 1995, de onde interpretaram uma das suas músicas mais poderosas, “Para Quê Sonhar”.

Apostados em aproveitar ao máximo o tempo disponível, os Alcoolémia iam rockand com alma com “Palma Da Mão” (tema-título do último álbum de originais de 2014″ e “Vizinha Linguarada” antes de chamarem ao palco Nuno Norte para um dueto no tema “Fugir Para Quê”, onde a sua voz e a de João Beato funcionam muito bem em conjunto. Houve ainda espaço para algumas surpresas como o terem tocado ao vivo pela primeira vez e dedicada a Brian Spencer que no ano anterior estava naquele mesmo palco a tocar aquele mesmo tema: nada mais nada menos que “Rebel Yell” de Billy Idol, numa versão electrizante que colocou a sala ao rubro, com destaque para o solo, perfeito, de Pedro Madeira. Para o final, inevitavelmente teria de ficar o clássico absoluto “Não Sei Se Mereço”, onde até se teve direito à versão original no final, speedada e apunkalhada, escrita por João Miranda, quando este ainda era o guitarrista da banda (agora é o seu técnico de som). Público rendido e acreditamos que a banda também.

Era a vez de Gene Loves Jezebel, uma banda que encontra sempre no nosso país um refúgio de fãs ávidos pela sua música, sendo Portugal alvo de visitas regulares, principalmente desde a saída do membro fundador Michael Aston. A título de informação, os dois irmãos gémeos, Michael e Jay Aston desentenderam-se o que levou à criação de duas entidades com a designação Gene Loves Jezebel, sendo que aquela que nos visitou e que goza de grande popularidade em Portugal é a de Jay Aston. E falando do vocalista, ele é um animal de palco e isso notou-se logo de início, com a sua peculiar forma de posicionar em palco, algo reminiscente de Mick Jagger. Sendo uma banda que na essência nasceu na explosão do pós-punk, a sua sonoridade de certa forma revelou-se algo desajustada do espírito das restantes propostas do festival. Ainda assim, temos que dar a mão á palmatória a Jay Aston, que foi incansável, não parando um segundo – deve ter corrido quilómetros em cima daquele palco, ora com guitarra ora sem guitarra ao peito.

O álbum mais recente “Dance Underwater” foi o mais solicitado, de onde pudemos ouvir “Cry 4 U”, “How Do You Say Goodbye (To Someone You Love)” e “Flying (The Beautiful Blue)”, intercalados com clássicos como “20 Killer Hurt”, “Sweet, Sweet Rain” e “Josephina”. O som com uma mistura algo desequilibrada, onde os agudos estavam em demasiada evidência e um feeling mais introspectivo – próprio do pós-punk como género – fez com que o impacto não fosse tão grande como todas as bandas que tínhamos presenciado até então. Isto até, claro, terem tocado a “Break The Chain” que sem dúvida que foi o momento alto de todo o concerto e que meteu toda a assistência ao rubro, que cantou o tema praticamente todo. Versão prolongada épica e que antecedeu a “Desire (Come And Get It)” e a “The Motion Of Love” que fecharam o concerto em alta. Por mais anos que passem, temos em crer que esta será uma banda que nunca perderá o seu estatuto no nosso país.

As pausas entre os concertos foram o mais difícil, pela ansiedade e pelo cansaço de uma noite inteira em pé. Quem corre por gosto não cansa… até certo ponto. A impaciência pelo início do concerto dos D.A.D. era mais que muita e assim que entraram a todo o gás com a “Evil Twin”, parecia que todo o Casino de Estoril vinha abaixo. O poder do rock’n’roll puro e duro, numa sequência demolidora, seguindo-se logo “Jihad” e “Rim Of Hell”, retiradas ambas de um dos grandes álbuns da sua carreira, “No Fuel Left For The Pilgrims”.  Mas nem só de clássicos a banda vive, e como tem sido hábito nos seus concertos mais recentes, tocaram um tema novo, “The Real Me”, que estará presente no seu próximo trabalho de estúdio que estará no mercado por volta de Maio do presente ano. Bom tema e boa indicação. Mas o que o público queria era rockar com os clássicos de Jesper, Jacob, Stig e Laust.

Jacob Binzer é um guitarrista assombroso, sempre com um grande feeling nas muitas versões prolongadas de temas como “Grow Or Pay” (assombroso) e “Reconstructdead” (onde até Jesper desafiou o público a puxar pelo baterista Laust, afirmando que ele é um baterista de jazz e que íamos todos obrigá-lo a tocar thrash metal). Stig Pedersen, irreverente e sempre com uns baixos extravagantes andou por todo o lado e tocou de todas as formas. Desde em cima de uma das colunas altas de um dos amplificadores até em cima do bombo da bateria, Stig é um dos símbolos da banda. Laust Sonne poderá ser o novato dos D.A.D., mas a sua técnica é irrepreensível e o solo de “I Want What She’s Got” foi impressionante. E claro, Jesper Binzer, frontman assombroso, seja no microfone, seja na guitarra, seja a correr de um lado para o outro ou até mesmo no meio do público, é a personificação do espírito rock’n’roll que muitos julgam estar extinto.

Apesar de todo o cansaço, quando a banda saiu do palco, parecia cedo demais. Felizmente não demorou muito tempo (e muitos assobios e pedidos) para que voltassem para atacar logo com uma grande “Bad Craziness”, assim como a inevitável “Sleeping My Day Away”, onde tivemos mais uma versão alongada épica e um tema praticamente cantado na totalidade por um grupo aos pulos. Jesper disse depois da canção que não poderíamos saber o que significa para os D.A.D. tocar em Portugal. Talvez não… mas temos a certeza de que eles sabem aquilo que significa para nós. Na recta final tivemos uma sentida e nostálgica “Laugh N’ 1/2” acústica, com um solo adicional de belo efeito e a chave de encerramento habitual, primeiro hino da banda, “I’t After Dark”. Um concerto épico e ao qual todos os que compareceram neste Cascais Rock Fest não vão jamais esquecer. Um evento que foi um estrondoso sucesso e representativo que o rock’n’roll nunca vai morrer.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Clap/-Box


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