WOM Report – Kadavar, We Hunt Buffalo, Miss Lava @ RCA Club, Lisboa – 10.05.19
A antecipação da mudança de tempo no nosso país deu-se no RCA Club, com a visita dos alemães dos Kadavar ao nosso país, sendo acompanhados pelos canadianos We Hunt Buffalo e os nossos Miss Lava, que foram os primeiros a subir ao palco. Era sabido que o fim de semana ia ser um Verão antecipado e apesar da brisa algo gélida no exterior, o interior da casa de espectáculos de Alvalade iria ficar escaldante, não sendo necessário esperar muito tempo para isso acontecer.
Os Miss Lava foram logo os primeiros instigadores. A começar a sua actuação a horas certas, a banda lisboeta encontrou ainda uma sala algo despida mas isso não os desanimou ou impediu de atacarem em grande. A distorção fez-se ouvir (e sentir) com a “The Silent Ghost Of Town” que iniciou de forma energética a sua actuação. E a diferença de se ter uma sala meio vazia ou meio cheia é quando o público presente vive intensamente a música, que foi o caso. Johnny Lee revelou que a banda estava no processo de preparar o próximo álbum de originais e como tal iriam ter um alinhamento algo diferente do habitual, com alguns temas novos.
Assim sendo, intercalando com os temas mais clássicos como “Black Rainbow” e “Ride”, a banda apresentou, com resultados bastante satisfatórios novas malhas como “Fourth Dimension”, “In The Mire”, “Doom Machine” e “Oracle” e terminando com “Don’t Tell A Soul”. Como estas coisas do underground nem sempre têm um final infeliz, foi bom verificar que embora tenham começado com uma casa a meio gás, quando saíram já tinham uma assistência muito bem composta e que o público estava completamente rendido ao poder do seu stoner musculado e cheio de raça. Na expectativa para o próximo trabalho.
De seguida era a vez dos We Hunt Buffalo que, tal como os Miss Lava, tiveram que tocar num espaço mais reduzido do palco do RCA Club, porque a bateria dos Kadavar já estava montada. Nada que tenha afectado em muito a actuação da banda, já que apenas fez com que a mesma fosse sentida de forma mais intimista e intensa. E após a preparação do palco e do som, a distorção que se fez ouvir anunciou que estava tudo pronto para levantarmos som. A mistura cativante que a banda canadiana faz do stoner com o rock psicadélico tem um impacto completamente diferente quando está naquilo que consideramos ser o seu habitat natural, o palco.
O tempo era curto principalmente quando se tem uma carreira discográfica já considerável. “Head Smashed In”, o último lançamento da banda (editado em Outubro de 2018) foi o óbvio destaque, onde teremos que assinalar a “Prophecy Wins” com um dos (muitos) pontos altos. No entanto, ao vivo, há toda uma arte (difícil de dominar) em que o público é transportado para uma outra dimensão. Uma dimensão onde o único requisito é abanar a cabeça em consonância, algo que foi muitas vezes observado nesta noite. A banda esteve sempre energética – principalmente o baixista Cliff Thiessen que não parou quieto, sempre a rockar – e saiu do palco sobre uma ovação, não deixando de também de puxar pelo público para gritar por Miss Lava que já tinham tocado e por Kadavar, a banda da noite.
Não sabendo bem se era da antecipação pelo grande momento de ver os Kadavar, o tempo de preparação do palco para a banda alemã parece ter demorado uma eternidade – não tendo confirmado horários nem horas, definitivamente atribuo à ansiedade de os ver – mas assim que a música ambiente se calou e as luzes se apagaram, era sabida que chegava a hora tão aguardada. Cada um dos membros do power trio foi entrando em palco para a aclamação do público e com aquela disposição algo incomum no RCA, com a bateria no centro das atenções e chegada à frente do palco, não era de admirar que Christoph “Tiger” Bartelt estivese no centro das atenções, principalmente pela sua forma bastante peculiar de bater nas peles.
O rockão “Skeleton Blues” foi o primeiro tema do alinhamento, retirado do seu último trabalho “Rough Times” editado em 2017. Apesar de ter gostado do álbum, tenho que admitir que ao vivo estes temas temas ganham toda uma nova vida. Não é de estranhar, afinal estamos a falar de uma banda que não só vai buscar a estética sonora à década de setenta como também de imagem. No geral não houve grandes surpresas no alinhamento, com a interpretação das já habituais “Live In Your Head”, “Doomsday Machine” e “The Old Man” que foram intercaladas com as (ainda) novidades “Into The Wormhole” e “Die Baby Die” (esta última já tocada em regime de encore e com o refrão a ser entoado por todo o RCA).
Momentos altos houve muitos e nem sequer alguns problemas técnicos naa bateria (que fizeram com que o técnico tivesse de entrar algumas vezes em cena para tentar remediar as situações que foram surgindo) os abalaram – desde a “Black Sun” que viu um mosh a estalar no meio da assistência como um surto psicótico de gripe das aves até à apoteótica “All Our Thoughts que pôs um ponto final no espectáculo, o público esteve (sempre) completamente rendido e saiu de lá de coração cheio. Acreditamos que tenha sido igualmente recompensador para os Kadavar. Ainda melhor é sentir que o rock’n’roll é mesmo eterno.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
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