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WOM Report – Moonspell – Apresentação Oficial “Hermitage” @ Lisboa Ao Vivo, Lisboa – 19.06.2021

“Hermitage”. Depois da celebração do passado no dia anterior, Sábado era o dia de celebrar o presente e dos Moonspell apresentarem aos seus fãs o novo álbum, presentes no novo Lisboa Ao Vivo e espalhados por todo o mundo que tiveram acesso ao espectáculo através da transmissão em stream pela Munin.live. O peso nostálgico deu lugar à aventura de novos caminhos desbravados de um álbum que é mais um rasgar de fronteiras estabelecidas e de demonstração de coragem e criatividade – algo que tende a desvanescer naturalmente quando qualquer banda começa a acumular décadas na sua carreira.

Com o início prestes a dar-se, o palco vazio antecipava a materialização do mais arriscado álbum dos Moonspell. “The Greater Good”, o primeiro single de avanço e também o primeiro do álbum foi naturamente aquele que iniciou o concerto e se não havia surpresas em relação ao alinhamento, o poder do tema ao vivo não deixa de impressionar, superando as expectativas que de si já eram altas. É um tema que faciçmente poderá ter as mesmas honras de iniciar qualquer concerto da banda portuguesa. A forma como fluíram “Common Prayers” e “All Or Nothing” também não só se revelou natural como desejada, provando também que o alinhamento do disco resulta num ambiente ao vivo.

É após o terceiro tema que Fernando Ribeiro se dirige ao público a agradecer a presença dos fãs na sala lisboeta assim como aos que estão em casa e que fizeram questão de apoiar a banda. De referir ainda que esta foi uma noite completamente esgotada o que fez com que o ambiente vivivo fosse ainda mais intenso, apesar das músicas transmitirem um efeito mais introspectivo do que aquilo que era expectável num concerto dos Moonspell. Algo compreensível pela orientação mais progressiva do novo material. A energia foi crescente e do pulso que foi tomado na sala, a satisfação era mesmo geral.

Temas como “Entlitement” e a instrumental “Solitarian” traziam essa vibração mais calma e floydiana (um nome globalmente pensado e referido quando se ouve “Hermitage” no geral) e evidenciavam a forma como podem funcionar noutro contexto ao vivo para trazer mais dinâmica a um setlist. Obviamente que o destaque tem de ser feito para o instrumental, onde apesar de Ricardo Amorim brihar nas seis cordas, é fundamental a tapeçaria sonora de Pedro Paixão nas várias camadas e na sólida estrutura rítmica de Aires Pereira e de Hugo Ribeiro, irrepreensíveis, em ambas as noites, aliás.

Foi após uma mais intensa “The Hermit Saints” que Fernando Ribeiro se dirigiu novamente ao público para agradecer mais uma vez o apoio à iniciativa – algo arriscada nos dias de hoje onde o comum é ver frustradas as tentativas de manter uma actividade culturall viva e constantes adiamentos e/ou cancelamentos. Agradecimentos que o vocalista fez questão de declamar, antes e depois “Apophthegmata” referindo que isto não é o futuro, é o presente e que sem os fãs, certamente esse futuro estaria ainda mais incerto. Esse apoio inquestionável também levou a que Fernando dissesse que estas duas noites serão inesquecíveis e marcantes, um apoio sentido a cada música tocada, ainda que a toada mais cool e lounge tenham feito com que o púbico tivesse iniciado de forma mais tímida e indo soltando-se conforme o espectáculo decorreu.

Após a intensa e emocional “Without Rule” veio uma surpresa no alinhamento. Ao invés de avançarem para a outro do álbum “City Quitter”, surge a igualmente potente (talvez a mais metálica deste conjunto de temas), “The Great Leap Forward”, apenas lançada num vinil de 7″ disponível na caixa de madeira, edição limitada do álbum. Um tema que resulta muito bem e o ponto final no álbum atrás viria então quando a banda se despediu do púbico para o encore que não demorou muito a acontecer – as restrições de tempo também a isso obrigaram.

O encore começou com o regresso a “Wolfheart”, eterna obra de referência e carinho máximo para qualquer fã da banda. Uma “Wolfshade” com uma entrega de fúria assinalável e muito recebida por parte do público. Impossível seria passear pela discografia rica da banda de forma a satisfazer mas a escolha provou ser bem sucedida, com a “Breathe (Until We Are No More)” a ser mais um momento intenso, recebida da mesma forma pelo público, levando o frontman a agradecer mais uma vez e a agradecer o apoio dado não só aos Moonspell mas ao heavy metal em geral e que por muito que custasse à banda ver o público sentado, a energia do mesmo era sentida no palco e que ele esperava que a da banda também fosse sentido. Temos a certez que sim.

Por falar em intensidade, era tempo de voltar a um dos álbuns mais intensos da banda. Se na noite anterior teve-se dois temas de “Memorial”, na noite de “Hermitage” foi o tema-título de “Night Eternal” e uma “Shadow Sun” do mesmo álbum (tocada pela primeira vez em Lisboa segundo o vocalista) que brilharam. Como o álbum tocado na íntegra é mais longo, o tempo disponível também era proporcionalmente mais curto, o que levou a que apenas foram ditas umas breves mas sentidas palavras de agradecimento para a despedida antes do hino “Alma Mater”.

Poderá sempre dizer-se que soube a pouco, poderá sempre apontar-se à setlist não estar esta ou aquela música, mas perante o concerto, aliás, perante as duas noites de concertos e perante tudo o que estamos a viver, estas duas noites foram (mais) um triunfo da música sobre as adversidades. E poderá ser uma gota no oceano de incertezas que vivemos mas desde quando que o metal teve o quer que seja garantido? Não é por segurança que escolhemos estar aqui, bandas, fãs ou projectos como a World Of Metal e sim por paixão. Uma paixão avassaladora que traz ânimo nas vitórias e conforto (algum) nas derrotas. Passos que podem ser pequenos mas são seguros e que garantem a continuidade. Uma noite de magia e comunhão entre a maior banda de metal nacional e os seus fãs, uma noite inesquecível para todos aqueles que a viveram, presencialmente no LAV ou em casa através do stream.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Free Music Events / Sara Does PR / Moonspell


 

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