WOM Report – Xxxapada Morbid Sessions – Chapter One @ RCA Club, Lisboa – 16.02.19
Pouco menos de um mês após o mítico Xxxapada Na Tromba, chegou vez da primeira edição do Xxxapada Morbid Sessions, promovendo a música extrema na mesma mas desta feita orientando-se para o black metal, reunindo um cartaz extremamente valoroso, composto por duas bandas internacionais – Vehement e Marthyrium – e três nacionais – Gaerea, Cavemaster e Invoke.
Foi precisamente com os Invoke que a celebração negra começou. A banda lisboeta encontra-se renovada e revitalizada com a entrada de Void para a guitarra solo e este concerto não só marcou a estreia da nova formação como também nos mostrou em primeira mão aquilo que será o seu segundo álbum de originais, já que tocaram cinco temas novos, todos cantados em português. Black/death metal melódico e sinfónico, com uma enorme presença em palco e com uma sonoridade potente, que resultou num concerto que um RCA bem composto recebeu de braços abertos. Temas como “Pacto de Sangue” e “Ira” foram razões para estarmos expectantes em relação ao próximo álbum de originais.
Os Cavemaster seguiram-se a Invoke e a banda de Mário Rodrigues e Lino “Revage” mostram um estado de espírito totalmente diferente com o seu black metal hipnótico. Apesar de não ser uma banda regular em cima dos palcos nacionais (a última vez foi no Darkness is Forever, cuja reportagem podem conferir aqui), a banda lançou desde 2017 três álbuns de originais (“Sob O Abismo Do Infinito” e “In Memoriam” em 2017 e “Exumação” em 2018) além do EP “Negro Culto” e a demo “…Destino” de 2016 e 2017. A banda passeou pela sua discografia, passando por todos os lançamentos e criou um ambiente propício à introspecção através dos seus temas de melancolia negra que em muito beneficiaram dos teclados minimalistas.
De Portugal para o Reino Unido, viajámos com os Vehement até ao seu metal extremo algo épico e de grande impacto. A banda vai buscar uma série de influências mas acaba por ser o black metal o grande foco do seu som, apesar de assumidamente optarem por evitar os lugares comuns do género. A potência que temas como “Absolute Nothing” traziam em termos sonoros era ainda acrescida pela forma como a banda os interpretou, energia que foi recebida pelo publico e que tornou esta uma das bandas da noite. Uma estreia no nosso país que teve grande repercussão no público presente. Coesão assinalável numa prestação segura. Queremos sem dúvida vê-los mais vezes nos nossos palcos.
Por falar em banda da noite, começa a ser um lugar comum para nós falarmos dos Gaerea e termos uma dificuldade que se assume como crónica em arranjar termos que façam justiça ao que se pôde presenciar. De todas as vezes que já tivemos hipótese de os ver tocar, esta foi aquela onde tiveram mais tempo de antena, o que lhes permitiu tocar alguns temas pela primeira vez ao vivo. Foi também a actuação mais intensa que já lhes vimos, embora esta seja uma afirmação redundante, já que intensidade é algo que está gravado no ADN dos Gaerea. Sem comunicação com o público a não ser através da música, algo que já é prática comum e em fórmula vencedora não se mexe. O público, esse, estava completamente rendido. Estava e assim ficou.
Tal actuação por parte dos Gaerea dificultou a posição de cabeça-de-cartaz dos Marthyrium que mesmo assim deram um concerto digno do fecho desta primeira celebração negra. A hora já era adiantada mas a casa ainda estava bem composta para receber a banda espanhola que trazia consigo um único álbum editado, “Beyond The Thresholds”, de 2017 que foi a base para a sua actuação. A atmosfera estava repleta de fumo (na iminência de começar o concerto, ouviu-se alguém da banda a gritar, “mais fumo, muito!”) e o tom era solene para as peças de música blasfema que se iria ouvir. Ao fumo da máquina juntou-se o do incenso que colocava todos num espírito receptivo para a celebração.
Nem sempre fluiu da melhor forma, principalmente na forma como no intervalo dos temas havia uma pausa demasiado longa, onde não havia comunicação e só se ouvia de fundo um drone omnipresente. A dinâmica também não era o seu forte mas ainda assim foi um concerto valoroso, onde os fãs da mistura mais primitiva de black e death metal saíram de barriga cheia. A sobremesa veio mesmo na forma de uma fantástica “Circle Of The Tyrants” dos Celtic Frost. O final mais que apropriado para um festival que queremos ver mais vezes a acontecer e que mostra seja qual for género ou sub-género da música pesada, o público aparece para apoiar.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Xxxapada Na Tromba & Stone The Crow Productions
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