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WOM Reviews – Abrupt Demise / Grind / Decayed Flesh / ACxDC / Infernal Seer / Internal Suffering / Prosanctus Inferi

WOM Reviews – Abrupt Demise / Grind / Decayed Flesh / ACxDC / Infernal Seer / Internal Suffering / Prosanctus Inferi

Abrupt Demise – “The Pleasure to Kill and Grind”

2020 – Raw Skull Recordz

Um risco comum neste trabalho de risco de comentador-nabo de música é o de começar a fazer uma review de um álbum que clica a 100% antes de dormir…é uma experiência massacrante e deixa várias cicatrizes a nível cerebral a nível do cérebro do género de: quero dormir e quero ligar isto às colunas no máximo. Esta foi a minha experiência com The Pleasure to Kill and Grind dos holandeses Abrupt Demise. É um álbum de death metal (ou grind, sei lá) e além de intenso, tem uma cadência alucinante que varia entre o acidente de carro a alta velocidade e o marchar barbáro das hordas metaleiras prontas para aniquilação. O vocal coloca-se de forma perfeita nesta manta de destruição ao ponto de soar bem numa espécie de rouquidão propositada a meio do álbum, mas são a guitarra e a bateria que abrem as portas do inferno perfeito evocado neste trabalho. E não esquecer o abanão da terra provocado pelo baixo na faixa Canibal, claro. Não há muito mais a dizer – Ponto positivo: álbum do caraças, dos que mais me cativou nos últimos tempos; Ponto negativo: perdi todo o sono às três da manhã. É de facto o prazer de matar e do grindar, uma cura instantânea para a molesa com que nos contaminou a cerveja corona extra de 2020. Selo Anti-Aborrecimento-Covid 19.

10/10
Matias Melim

Grind –“ Songs of Blood and Liberation”

2019 / 2020 – Dedication Records

Na minha opinião, há poucos géneros que consigam representar fúria enlouquecedora tão bem quanto o género de grindcore. Imaginem agora quando é grindcore produzido por uma banda chamada Grind. Fica pintado o retrato, não é? Formados na Alemanha, os Grind são uma banda que ao ver as várias repetições e os mesmos clichés de sempre que assombram o seu género, optam por adicionar a sua própria impressão na sua música. O seu único álbum, Songs of Blood and Liberation, é um exemplo disso com as suas faixas conotadas por uma vasta diversificação sonora que não se importa de alastrar por diversos géneros ao mesmo tempo. Apesar de uma supremacia das velocidades incessantes do grind, a verdade é que o álbum apresenta várias faixas mais moderadas sempre combinadas com um vocal brutal, já associado ao género. Destaque para a faixa Doomed que foge totalmente ao género ao optar por um metal mais rítmico e menos extremo, mas que mesmo assim não consegue abrandar a intensidade construída até lá. Por mais repetitivo que me torne, refiro sempre que é inspirador ouvir álbuns e bandas que fogem à caixa dos seus géneros (principalmente, quando o resultado final é uma bomba como estas), e este álbum é decididamente uma experimentação realizada com o máximo sucesso. Consegue ser uma experiência quase relaxante nos seus momentos mais lentos e uma explosão de fúria nos seus momentos mais acelerados.

10/10
Matias Melim

Decayed Flesh – “Eternal Misery”

2020 – Brutal Mind

Formados apenas no ano passado, os Decayed Flesh são uma banda de death metal oriunda da Indonésia que apresentou no início do Verão o seu primeiro álbum. Eternal Misery é um trabalho que se inicia de uma forma muito pouco usual quando o comparamos a outros dentro do mesmo: uma faixa melódica e melancólica que em nada antecipa a destruição a que ela se segue. Há algo muito positivo que este álbum faz e é o facto de se esforçar por diferenciar o seu som de faixa para faixa, algo que vários são incapazes em subgéneros mais leves do que o desta banda, o de brutal death. O álbum compõe-se como uma experiência avassaladora de metal que promete rebentar muitas cabeças que por aí se atrevam a ouvi-lo. É peso, velocidade e dinamização entre faixas que rompe com vários dos clichés subjetivamente estabelecidos dentro do subgénero o que fornece uma aventura inovadora e leal às raízes do género.

8/10
Matias Melim

ACxDC – “Satan is King”

2020 – Prosthetic Records

Este foi um daqueles trabalhos que me empurrou para uma toca de subsubsubgéneros que sinceramente preferia nem ter entrado (independentemente de o álbum ser bom ou não, seja notado). Formados em 2003 nos Estados Unidos, os ACxDC, chamados também de Antichrist Demoncore, são uma banda de…preparem-se: grindcore, powerviolence (sem ideias do que é isto) e “hardcore punk com influências de D-beat, crust punk e death metal”…obrigado pelo apoio, Wikipedia. Para simplificar as coisas vou simplesmente chamar isto de grindcore com cobertura extra. Satan is King é o segundo álbum da banda e, como seria de esperar, comporta bastante fúria para manter a casa iluminada durante uns tantos dias. É composto por quinze faixas que até apresentam um nível de diversidade para o qual não estava preparado. Há algo bastante viciante neste trabalho que consegue prender na cabeça diversas passagens, mesmo que elas todas sejam cantadas de forma incompreensível. Apesar de tudo, é relativamente organizado no seu caos, algo positivo para aqueles que não apreciam tanto o vulgarmente apelidado: barulho. Riffs e ritmos incessantes viciantes. É como uma comida para comer on the go, é rápido, satisfaz o apetite, gostamos sem saber muito bem porquê, mas faz mal à saúde (ouvidos).

8/10
Matias Melim

Infernal Seer – “Infernal Seer”

2013 – Edição de Autor

Três temas apenas é o que nos traz o primeiro e único EP dos Infernal Seer até ao momento. A sonoridade anda pelo death metal mais técnico e complexo. O facto das canções andarem entre os três e os quatro minutos faz com que as mesmas nos surjam com a intensidade desejoada. Apesar de todos estes anos, continua a ser um EP interessante.

7.5/10
Fernando Ferreira

Internal Suffering – “Unmercyful Extermination”

2001/2020 – Satanath Records

Mais uma reedição dos Internal Suffering pela Satanath Records e aqui a nossa expectativa era para ver (ou ouvir) como iriamos encontrar o som. Curiosamente diferente das duas propostas anteriores (o álbum “Supreme Knowledge Domain” e a “Promo 2000”) mas ainda longe do ideal. A bateria e a voz são os dois o grandes destaques com as guitarras a ficarem enterradas e de forma imperceptível e o baixo como uma mancha sonora. Por esta altura já se estava convencido de que isto fazia parte das características do estilo. Felizmente o mundo deu voltas suficientes para demonstrar que não. Para além deste EP, esta reedição traz também as músicas da banda contidas no split com os Inducing Terror com sonoridade semelhante a apostar nos graves. Para finalizar, dois temas ao vivo retirados do split video com os Incinerate, Stabwound e Emeth, com o som a ser o que se espera: mau. No geral, é um bocado mais interessante que a outra reedição anterior mas ainda assim, longe de ser essencial.

5.5/10 
Fernando Ferreira

Internal Suffering – “Supreme Knowledge Domain”

1999 / 2020 – Satanath Records

Interessante, como o tempo passa rápido. O brutal death metal dos Internal Suffering é o nosso mais recente termómetro para confirmar isso mesmo. Este álbum de estreia editado no final do século passado é agora reapresentado e mostra como apesar de se achar que certos estilos são becos sem saída criativos, se olharmos para trás, é possível apreciar essa evolução. Neste caso principalmente a nível de produção que não era de todo adequada para este estilo músical. A equalização deste álbum é um pesadelo, com as colunas a quererem explodir. E nem é preciso ter o volume muito alto para os graves fazerem as paredes abanar. Tirando esse pequeno grande detalhe, seria mais fácil apreciar a brutalidade aqui contida e tornaria o trabalho mais dinâmico. Esta reedição traz ainda as quatro faixas da “Promo 2000”, lançadas no ano seguinte e o som é um bocado melhor, embora ainda não seja ideal – de abusarem os graves passaram para abusar os médios, mas não tanto, felizmente. A reedição seria mais interessante se houvesse uma remistura.

5/10
Fernando Ferreira

Prosanctus Inferi – “Hypnotic Blood Art”

2020 – Nuclear War Now! Productions

Terceiro álbum do trio norte-americano Prosanctus Inferi, que continua a juntar o death metal ao black metal. A banda esteve algo desaparecida nos últimos anos, tirando a demo editada no ano passado, portanto havia alguma curiosidade em ver o que tinha mudado neste tempo todo sem lançar música nova. Confesso que encontrei alguma decepção, pela forma como a música perdeu muita da dinâmica, muito culpa uma produção baça que faz com que as guitarras, o centro do som, soem tão descaracterizadas em relação à voz. Graves no máximo mas sem sensação de profundidade, com alguns dor pormenores a perderem-se na mistura – um deles, o baixo. Longo demais para aquilo que consegue cativar, este não foi um regresso feliz.

5/10
Fernando Ferreira

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