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WOM Reviews – Alarum / Zombi / The Swell Fellas / Sleepmakeswaves / George Hennig / Lucas Ray EXP / Tarlung / Voivod

WOM Reviews – Alarum / Zombi / The Swell Fellas / Sleepmakeswaves / George Hennig / Lucas Ray EXP / Tarlung / Voivod

Alarum – “Circle’s End”

2020 – Dinner For Wolves 

Quando temos uma banda veterana que por qualquer motivo nos passou despercebida durante muito tempo, ficamos logo com as orelhas em bico. Mas quando o som é como o que os “Circle’s End” trazem, ainda mais ficamos. Neste caso, e para ser sincero, foi mesmo o som que nos chamou a atenção primeiro do que propriamente o seu histórico. A banda já tem quase trinta anos de carreira e este é apenas o seu quarto trabalho. Embora o ritmo editorial seja tudo menos intenso, já a música compensa e muito. Thrash metal técnico e bastante técnico – a lembrar os ambientes de bandas como Atheist e Cynic mas com um olho para refrões com melodias bem memoráveis – este é um daqueles trabalhos que poderá passar despercebido mas que merece ser destacado como um dos melhores álbuns de 2020.

9.5/10
Fernando Ferreira

Zombi – “2020”

2020 – Relapse Records

Regresso do duo norte-americano Zombi, com o seu synthwave rock, sempre com grande impacto principalmente para quem gostar das velhas bandas sonoras de filmes de terror italiano da década de setenta e oitenta, sendo que Goblin será sempre uma incontornável referência. Este regresso após um silêncio de cinco anos é mesmo aquilo que antecipávamos, e até mais. Envolvência que vai muito mais para além da simples música movida a sintetizadores. Longe de ser plástico e estéril, “2020” é bem orgânico e conserva intacta a capacidade de nos criar imagens cinematográficas em cada tema. Para os amantes de banda-sonoras e de synthwave, não há discussão em relação à recomendação, mas para quem gosta de prog instrumental, poderá encontrar aqui uma boa surpresa.

9/10
Fernando Ferreira

The Swell Fellas – “The Great Play Extension”

2020 – Edição De Autor

O psicadelismo nunca é demais. Principalmente no preciso momento em que estamos inseridos, é urgente distorcer esta estranha realidade que por si já é bastante distorcida. Com a vantagem que aqui a mesma é distorcida de forma a que a felicidade, ainda que não imediata, esteja ao nosso alcance. De forma altruísta e sem segundas intenções. Isto para dizer que os The Swell Fellas trazem mais três temas onde o psych rock se funde com o stoner e com o prog muito pouco tempo depois de terem lançado o seu álbum de estreia no início do ano. São três temas aos quais não temos grandes defesas nem queremos ter, porque este é psych rock no seu melhor.

9/10
Fernando Ferreira

Sleepmakeswaves – “These Are Not Our Dreams”

2020 – Bird’s Robe Records

Já aqui tinhamos falado dos Sleepmakeswaves e da sua intenção de lançar uma trilogia de Eps. Pois bem, o que temos aqui é precisamente essa trilogia reunida num só conjunto. Doze temas em mais de setenta minutos que consegue ter um excelente impacto, muito mais do que ouvir os temas em separado. E que me perdoem os puristas do underground – que nem é o caso da banda em questão. Por muito que ache que o formato EP é fundamental para intervalar ou dar nova música aos fãs, a experiência de ouvir um álbum do início ao fim, é única e insubstituível. Preferimos encarar desta forma este lançamento, um álbum de pós rock, um dos melhores de 2020.

9/10
Fernando Ferreira

George Hennig – “Hillside”

2020 – Swan’s

Trabalho difícil de categorizar, este “Hillside”. Temos um espírito de art rock, muito britânico que tanto aponta ao psicadelismo da década de sessenta (de forma bem comedida), como também a música de banda sonora que bandas como Pink Floyd por vezes embarcaram (a “Nobody Home” por exemplo, do “The Wall”). Para Hennig, este álbum tem um significado especial, já que é a primeira vez que tem composições suas (e a sua voz) a serem acompanhadas por uma orquestra. Flui muito bem, com uma classe que não é comum aos dias de hoje. Não sendo um álbum para ouvir todos os dias, é daqueles que satisfaz quando se quer desligar do mundo.

7.5/10
Fernando Ferreira

Lucas Ray EXP – “Sphynx”

2019 – Edição de Autor

Confesso que a primeira audição a este EP foi uma autêntica montanha-russa. “Reveries”, o primeiro tema, apresenta-se como uma espécie de jazz de fusão, que apesar de bem feito, não foi de encontro ao meu gosto. Claro que conforme o EP se desenrola tudo isso muda. Depresa o amigo Lucas nos leva para campos mais progressivos, onde a guitarra e o órgão vintage nos leva para caminhos clássicos do art rock. Temos alguns tiques de música brasileira na “Run Rabbit, Run” que poderão irritar pelo excesso, mas é algo que também desaparece com consequentes audições. Boa surpresa, enorme talento.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Tarlung – “Beyond The Black Pyramid”

2017 – Black Bow Records

Regresso a 2017, onde encontramos o segunto álbum dos Tarlung que nos remetem, não só pela capa, para todo um cenário apocalíptico e de ficção científica. Doom bem sujo (ou melhor, bem “sludjo”) e com vocalizações guturais que são, na minha opinião, o maior ponto fraco de tudo. Se os riffs (crus) nos trazem para a simplicidade mais visceral da música pesada, as vocalizações teriam mais impacto se fossem no sentido contrário. Essa questão não condena o som da banda à partida, apenas o limita. Temas longos e arrastados, ideais para os dias de intenso calor que se tem vivido. Bom para aumentar a letargia.

7/10
Fernando Ferreira

Voivod – “The End Of Dormancy”

2020 – Century Media Records

Que os Voivod são uma banda aparte desde o início da sua carreira, já sabíamos. Apesar da mudança que representou o falecimento de Piggy, a banda não se descaracterizou. E tendo isso em conta, “The End Of Dormancy” não é nenhuma surpresa. O tema-título é um épico de nove minutos, estranho, com uma melodia que se entranha e com um arranjo de secção de sopro que nos faz parecer como se estivessemos a ouvir algo saído de uns King Crimson. Pessoalmente preferia que não tivesse extra. Pelo menos a versão a vivo (sim, temos a versão original e temos a versão ao vivo no Jazz Fest de Montreal que não difere grande coisa além de ser um bocado mais fluída e do público que se faz ouvir). A terminar ainda temos uma versão também ao vivo, no mesmo espectáculo, da “The Unknown Knows” do “Nothingface”. Um exercício interessante recomendado apenas aos fãs das coisas mais estranhas vinda deles.

6.5/10
Fernando Ferreira

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