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WOM Reviews – Alda / Darkwoods My Betrothed / Ghost Bath / Funeral Fullmoon / Solitvdo / Gravedäncer / Le Chant Noir / Hexenbrett

WOM Reviews – Alda / Darkwoods My Betrothed / Ghost Bath / Funeral Fullmoon / Solitvdo / Gravedäncer / Le Chant Noir / Hexenbrett

Alda – “A Distant Fire”

2021 – Eisenwald

Estas bandas que estão uma série de anos (de cinco para cima) sem lançar nada, tem-se logo a esperança que nos tragam grandes bombas. Porque efectivamente, e tirando algumas excepções, é isso que acontece. Neste caso, os Alda regressam com o seu black metal épico e atmosférico mas não deixam de apresentar um espírito pagão assinalável. Aliás, a capa é tranquilamente assinaladora da relação entre o homem e a natureza. É um daqueles trabalhos que oferece tantos detalhes e tantos pontos positivos sem deixar escapar o quer que seja, nem o mais pequeno detalhe da sua sonoridade que só faz com quie qualquer pessoa, fã ou não fã, fique com a atenção presa. De assinalar o contraste entre as partes acústicas e a parte metal, com esta segunda a ser bem crua em relação à primeira, um aspecto que resulta muito bem neste contexto. Surpreendente e viciante. O que provavelmente se esperava após a longa ausência.

9/10
Fernando Ferreira

Darkwoods My Betrothed – “Angel Of Carnage Unleashed”

2021 – Napalm

Gosto de ser surpreendido. No geral. Mas gosto de ser surpreendido por nomes que julgava enterrados no passado. Os Darkwoods My Betrothed são um daqueles nomes que surgia bastante quando o tópico era a nova vaga de black metal melódico. E em quatro anos de existência lançaram três álbuns que criaram algum culto – e que comparado com o que se foi tornando a cena, continuam a ter um impacto positivo ao fim destes anos todos. Inesperadamente – para mim que me gosto de manter algo alheado do resto do mundo – surgem agora com o quarto álbum mais de vinte anos depois. Não, não cheia a mofo nem a bolas de naftalina. A banda finlandesa parece pegar exactamente onde ficou, e traz-nos aquele black metal típico da década de noventa que, acreditem ou não, soa refrescante (e não é só encanto nostálgico) nos dias de hoje. A principal novidade não é na sonoridade mas sim no alinhamento, contando oficialmente com Tuomas Holopainen nos teclados (foi músico de sessão nos três anteriores) e com o baterista, também dos Nightwish, Kai Hahto como baterista de sessão. Refrescante e viciante.

9/10
Fernando Ferreira

Ghost Bath – “Self Loather”

2021 – Nuclear Blast

“Starmourner” pode não ter sido propriamente um álbum convincente por parte dos Ghost Bath e muitos poderão apontar esse facto à ligação com a gigante Nuclear Blast. “Self Loather” por acaso (ou não, também não temos como saber) é um álbum mais sóbrio e mais negro. A começar no artwork. Há uma aura mais densa e mais metal que até os afasta das habituais e esperadas paragens pós-metal. Não totalmente mas consideravelmente. Não vai recuperar todos os que já os viam com desconfiança mas poderá capturar a atenção de alguns que ainda não tinham sido infectados pela carga negativa dos álbuns anteriores. O seu grande trunfo (e triunfo) é a sobriedade, que faz com que este álbum seja potencialmente o mais sóbrio da sua carreira. E isso traduz-se em música memorável. Algo que se calhar já não se esperava por esta altura.

8.5/10
Fernando Ferreira

Funeral Fullmoon – “Poetry of the Dead Poison

2021 – Inferna Profundus

Magister Nihilifer Vendetta 218 é o criador por detrás da entidade que é Funeral Fullmoon. O termo “entidade” é usado de forma bastante gratuita no que ao Black Metal se refere, concordo. Assumimos um elistismo quase provinciano quando o ouvimos associado a um projecto musical. A verdade é que o termo extrapola os limites musicais e assume outras “funções”, digamos. Cada música é concebida com um propósito, que se mantém entre o músico e a sua criação. Funeral Fullmoon é um dos tentáculos criativos do Sr. MNV.218, activíssimo músico chileno. “Poetry…” é somente o 2.º álbum desde que o projecto foi concebido em 2019. Aqueles que acompanham esta franja mais primitiva e crua de Black Metal estarão familiarizados com aquilo que o Chile tem aportado à mesma, sendo que saberão, também, que esperar de Funeral Fullmoon: Black Metal fiel a permissas espirituais e estilísticas. Este trabalho não trouxe, de forma alguma, uma mudança absurda e abrupta na linha criativa até então assumida. Temos uma produção podre q.b., que dá aquele je ne sais quoi às malhas! Raw Black Metal do melhor, sem compromissos e sem cedências! É Black Metal como redigido nas escrituras, simples. Não esperem uma produção limpa e cristalina, não esperem riffs elaborados ou construções rítmicas complexas. É Black Metal primitivo, cru, podre e espiritualmente movido. Que mais? Black Metal… simples.

8/10
Daniel Pinheiro

Solitvdo – “Hegemonikon”

2021 – Aeternitas Tenebrarum Musicae Fundamentum

Pela capa não iríamos supor que se estava perante um EP de black metal. E a música também não remete unicamente para esses campos, sendo um pouco mais fléxivel que isso. Nomeadamente pelos arranjos de teclados e com as guitarras acústicas que surgem num contexto a trazer uma maior riqueza às composições e que fazem com que assumam contornos mais melódicos. E épicos, um factor muito importante aqui, principalmente na maneira como há um mantra hipnótico estabelecido e criado, exemplos presentes em temas como “Hegemonikon I”. Uma one-man band cada vez mais interessante.

8/10
Fernando Ferreira

Gravedäncer – “Ripping Metal”

2021 – Helldprod

Cabedal, spikes e Speed / Thrash / Heavy / Black Metal (sim, isso tudo). Mas podemos, se preferis, usar o rótulo Black Thrash, que enquadra bastante bem a banda! Primeiro detalhe de destaque: o vocalista / guitarrista / vocalista desta dupla brasileira é também membro fundador de Flageladör, portanto quem conheces estes… sabe aquilo que vos espera. Dupla formada em 2020 que traz já na bagagem 3 lançamentos, sendo que este em questão é o 1.º. Muito adequadamente a banda seleccionou uma malha de Venom (“Welcome to Hell”), como forma de encerrar a Demo. Sim, o som da banda não anda muito longe daquilo que o trio natural de Newscastle criou durante anos! Honestamente, já não é som que ouça com grande (ou alguma) regularidade, mas sempre que opto por tal, sinto que este é, efectivamente, o subgénero que melhor se encaixa na definição do True Heavy Metal! Os Gravedäncer apresentam-nos 4 malhas de Speed / Black / Thrash e uma cover de Venom a encerrar, como anteriormente referido. A 2.ª malha tem detalhes muito reminiscentes de Motorhead… ou Venom LOL como figure. Verdade seja dita, os Midnight já fazem isto há uma série de anos, e com qualidade. Ainda assim, uma malha como “Magic Circle” está bastante bem concebida, porra! Heavy Metal 5 estrelas. De uma forma geral, e muito em linha com o subgénero, são 4 malhas que não comprometem, que não teriam ficado nada mal nas minhas mixtapes de garoto! “Ripping metal” tem um solo de guitarra muuuitíssimo bom! É Speed / Thrash / Heavy Metal, meus senhores!

7/10 
Daniel Pinheiro

Le Chant Noir – “La Société Satanique Des Poètes Morts”

2021 – Personal

Interessante banda/projecto brasileiro que conta com um nome conhecido do black metal norueguês, Kaiaphas que foi vocalista e baterista dos Ancient no final da década de noventa. O som deste projecto – categorizado como black metal avant garde (designação que poderá levar ao engano mas que ainda assim encaixa naquilo que fazem) – é peculiar. Uma espécie de recaptura (ou tentativa) de algumas abordagens mais fora da caixa da década de noventa assim como também a ir pelo lado mais convencional da mistura com os elementos melódicos e próximos do gótico. Não que seja por demais evidente essa influência e presença aqui mas definitivamente que é algo que deve ser tomado em linha de conta. Nem sempre as músicas que resultam da tal mistura são memoráveis e esse é mesmo o principal problema deste lançamento que não deixa de causar boa impressão entre os fãs mais devotos.

6/10
Fernando Ferreira

Hexenbrett – “Intermezzo Dei Quattro Coltelli Nudi”

2021 – Dying Victims Productions

Não sabia bem o que esperar deste EP. Por um lado é apresentado pela Dying Victims Productions, uma banda que raramente falha. Por outro, a capa e o nome do lançamento até parece que estamos perante algo mais para o punk (vá-se lá saber porquê). E a música, nem a um lado nem a outro: é um black metal para lá de extravagante que até música de mariachis parece conter. Mas resulta, é mesmo o ponto alto do tema de abertura, “Die Teuflischen Con Acapulco (Satan Sangre)”. Esquisito, estranho e desconcertante… não é de todo recomendado para quem segue o catálogo da editora mas para quem gosta de andar à nora com a música, é mais que recomendado. Principalmente para aqueles que dizem não se surpreender com nada.

5/10
Fernando Ferreira

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