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WOM Reviews – Ancharge / The Symbolist / Across The Swarm / Benighted / Idolatrous / Gomorrah / HAR / Ceremonial Oath

WOM Reviews – Ancharge / The Symbolist / Across The Swarm / Benighted / Idolatrous / Gomorrah / HAR / Ceremonial Oath

Ancharge – “A.P.A.B. (All Politicians Are Bastards)”

2020 – Edição de Autor

Rui Vieira e José Graça não brincam em serviço. Ainda a poeira não pousou do álbum dos Commando e eis que nos é apresentado Ancharge, o projecto da dupla que visa explorar uma sonoridade mais death/grind/crust, sempre com uma voz crítica em relação ao que os rodeia. Apesar de poder ser apelidado de música de protesto, a mesma é apolítica e apela ao pensamento individual. Curto – vinte e dois minutos – cru, mas muito poderoso, “A.P.A.B.” é um vício para quem, tal como a banda, tem saudades de um tempo mais saudoso da música extrema e onde o grind e o punk andavam de mãos dadas.

8.5/10
Fernando Ferreira

The Symbolist – “Sentinelese”

2020 – Hills Are Dead Records

Há boas surpresas que são mesmo fantásticas e neste caso, o projecto The Symbolist que surge através de Zgomot, misterioso músico ou até entidade artística que aqui aposta no grind como forma de expressão. E para melhor se exprimir, contou com a ajuda de Pedro Pedra dos Grog. Não querendo puxar a brasa à nossa sardinha, a verdade é que as primeiras treze faixas são de longe as mais brutas e bem conseguidas, mas também poderá ser a indicação de que este trabalho foi registado ao longo de um período compreendido entre 2017 e 2020. Até dá um feeling à la “Scum” dos Napalm Death, com as devidas distâncias mas com o mesmo espírito de congregação de vários períodos e espíritos. De qualquer forma, coisa boa para ouvidos ávidos de grindadas boas e com algumas tendências experimentais.

8/10
Fernando Ferreira

Across The Swarm – “Projections”

2020 – Time To Kill Records

2020 poderá ser um ano que ficará conhecido pelos piores motivos, mas isso não impede de termos alguns álbuns de estreia que nos supreenderam pela positiva. Os italianos Across The Swarm estream-se com “Projections”, uma proposta unidimensional de death metal que não dá um segundo de descanso. Só é pena a pouca duração. Não é o primeiro lançamento, é o primeiro álbum. No entanto um álbum sete músicas e vinte minutos sabe mesmo a pouco. Por outro lado, o enxoval de porrada que por aqui vai é de tal ordem que também seria complicado.

7/10
Fernando Ferreira

Benighted – “Obscene Repressed”

2020 – Season Of Mist

Como nem só de Black Metal vive a França os Deathgrinders Benighted estão de volta com o seu muito esperado ‘Obscene Repressed’. Não será tarefa fácil encontrar bandas capazes de um nível de devastação comparável ao da banda Gaulesa. Com um som essencialmente Deathgrind com pontuais influências de Hardcore, os Benighted são uma verdadeira arma de destruição massiva. ‘Obscene Repressed’ apresenta sonoridades bem exemplificativas do vasto catálogo da banda, ritmos supersónicos e impiedosos intensificados por uma incessante carnificina de riffs que alternam entre a rudez do Brutal Death Metal e a imponente cadência do Grindcore. É de salientar a intencional temática de ‘Obscene Repressed’, caracterizada na sua essência por terror com muito gore, como não poderia deixar de ser. Destaque também para a naturalidade e excelência da composição musical evidenciada em ‘Obscene Repressed’, algo que já vem sendo habitual por parte dos Benighted.

8/10
Jorge Pereira

Idolatrous – “Sorrow On Midgard”

2020 – Edição de Autor

Beast of Revelation é o novo projecto do vocalista John McEntee (Incantation) que conta ainda com a presença de Bob Bagchus (ex-Asphyx) na bateria e o baixista/guitarrista A.J. van Drenth (ex-Beyond Belief). ‘The Ancient Ritual of Death’ é o álbum de estreia do reconhecido trio, como uma sonoridade que junta numa insidiosa duplicidade o Doom com o Death Metal fazendo lembrar os primórdios de Paradise Lost ou mais recentemente os extintos Vallenfyre. Aos riffs arrastados, intrépidos e imponentes do Doom adensa-se a cavernosa, mórbida e monstruosa vocalização de John McEntee, fazendo de faixas como ‘The Great Tribulation’, ‘The Days of Vengeance’ ou o tema titulo ‘The Ancient Ritual of Death’ verdadeiros compassos de intensidade e brutalidade. ‘The Ancient Ritual of Death’ detém um impressionante e lento pulsar de peso e impetuosidade imperdível para quem aprecia este particular subgénero.

7.5/10
Fernando Ferreira

Gomorrah – “Reflections Of Inanimate Matter”

1994/2020 – Vic Records

É engraçado cruzar-me com nomes dos passado. Os quais não conheci muito bem na altura mas que de certa forma são uma referência. Ouvi falar dos Gomorrah quando lançaram o segundo álbum mas nunca tive real percepção do seu poder. Esta é a sua estreia, editada originalmente em 1994 e é um retrato fiel do que era o death metal europeu na altura. Um estilo que de certa forma desapareceu mas que apesar da distância temporal, é possível retirar muito prazer dele. Remasterizado mas sem perder o poder original. Melódico, bases thrash metal, voz com um gutural clássico. Este é um bom regresso ao passado. Traz ainda como bónus a demo “Embryonic Stages”, que são um bom brinde.

8.5/10 
Fernando Ferreira

HAR – “Anti-Shechinah”

2020 – Blood Harvest 

Senhores e senhoras, estes israelitas editam o seu novo trabalho pela Blood Harvest, à semelhança do anterior EP (“Visitation”) e basta-nos ver aquele logo para perceber que vamos levar um “enxerto de porrada”! A Blood Harvest “investe” essencialmente em Death Metal e quejandos, e aqueles que conhecem o nome, sabem que tipo de Death Metal alimenta as furnaças. Forte, agressivo, dissonante, assim soam estes HAR. Assim que tem início o primeiro tema, uma banda veio-me de imediato à cabeça: Portal. São, estes israelitas, primos afastados dos “Relojoeiros”? Não exactamente. Os bascos Pestilength também não me parecem muito distantes, ainda que estes consigam criar momentos atmosféricos bastante superiores, não invalida que hajam pontos de similaridade. ATENÇÃO: as similaridades não significam cópia, e podem nem ser tão audíveis como a mim soou… be my guest!

Bastante curto, 3 temas apenas, ultrapassando em pouco a marca dos 15 minutos. De princípio a fim somos arrastados por terrenos acidentados, destruídos por bombas e máquinas de guerra, trucidados às mãos de desumanos seres!

Death Metal com bases dos Mestres do Passado, às quais foram adicionados elementos mais lentos e dinâmicos. Tem momentos que remetem para os nomes que fizeram o género grande – Morbid Angel, por exemplo – para logo de seguida ir “roubar” uma pequena estrutura mais… “moderna” – Portal ou Teitanblood.

Como conclusão: és fã de Death Metal e gostas de Portal/Teitanblood?! És capaz de curtir bastante o que estes rapazes de Tel Aviv têm para ti!

6/10
Daniel Pinheiro

Ceremonial Oath – “Carpet”

1995 / 2020 – Vic Records

Podem-me chamar de nostálgico e de viver no passado (algo que inevitavelmente, em maior ou menor proporção, começa a verificar-se a partir de uma certa idade) mas apesar do rácio não ser propriamente elevado em termos de qualidade, não deixo de ficar entusiasmado a cada novo lançamento da Vic Records. Mais do que estar aberto a coisas novas, continuo interessado em descobrir tesouros que por um motivo ou outro tenham ficado enterrados no passado e esquecidos pelo tempo. Os Ceremonial Oath são um desses casos, embora a definição de tesouro não se aplique aqui. Na realidade, o nome da banda só sobreviveu graças a ter tido nas suas fileiras ex-membros de Hammerfall e de In Flames. A banda apresentou-se aqui neste segundo álbum, com uma abordagem claramente de death metal melódico, ainda que (bastante) crua. Tanto em som como na forma, mas próxima dentro de tudo o que se fazia na altura. Graças a um suposto retorno da banda em 2012, o interesse por este álbum poderá estar na ordem do dia e apesar de ser agradável, não é difícil perceber porquê a banda não ter passado da segunda ou terceira divisão do género na altura. Com apenas seis temas originais (e uma cover de Iron Maiden, “Hallowed Be Thy Name”, à qual se junta nesta reedição a “Disposable Heroes” dos Metallica), soa bastante curto mas não deixa de ser uma boa viagem ao passado.

6/10
Fernando Ferreira

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