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WOM Reviews – And Now The Owls Are Smiling / Srd / The Machinist / Negative Or Nothing / Her Name in a Cemetery / Gravfraktal / Rém

WOM Reviews – And Now The Owls Are Smiling / Srd / The Machinist / Negative Or Nothing / Her Name in a Cemetery / Gravfraktal / Rém

And Now The Owls Are Smiling – “Dirge”

2021 – Clobber Records

Devo confessar que apesar de ser, à partida, fã de one-man bands de black metal atmosférico e épico, o som de And Now The Owls Are Smiling custou-me a entrar.  Aliás, tal como o próprio nome. Este é o terceiro trabalho de um projecto que tem se mostrado activo mas sem caindo no exagero – o que é sempre bom, por vezes a qualidade é preferível à qualidade. A sonoridade é bem crua, a apelar aos fãs de black metal que valorizam a atmosfera em vez de uma produção clínica e cristalina. Ambas têm os seus méritos, é verdade, mas prefiro até que soe orgânica e um bocadinho podre do que algo saído de uma linha de montagem sem alma. E foi por este ponto que “Dirge” me conquistou, pelas suas melodias e melancolia, mas não foi algo fácil e simples. O que também só faz com que agora, a cada audição, consiga escavar mais fundo dentro de mim e o trabalho fale de uma forma superior. Remete para o passado mais recente do estilo mas tem uma vida própria para além das memórias que poderão ou não existir de outros tempos da cena. É a sua grande beleza, estar à vista de todos mas não propriamente ao alcance.

8.5/10
Fernando Ferreira

Srd – “Ongja Prerok”

2020 – On Parole Productions

Formados em 2016, os Srd (raiva em esloveno) são uma banda de black metal que recentemente apresentou o seu segundo álbum Onja Prerok (google translate: “Aquele Profeta”). Este começa de uma forma interessante com uma guitarra acústica e ao longo da primeira faixa vai fugindo a alguns dos costumes mais usuais do black metal. Apesar disto, rapidamente a banda mergulha no seu contexto de metal pesado com sonoridades atmosféricas que estranhamente (e para o meu caso positivamente) não se consomem no sentimento pessimista do black metal, antes optando por uma atmosfera mais neutra que passa a ser equilibrada pelo vocal mais “rústico”. Aos poucos e poucos, a sonoridade passa a se basear em tons mais diabólicos e hipnotizantes que por vezes continuam a desafiar a conceção mais estrita de black metal. Posteriormente, o álbum ainda se desenvolve de umas tantas formas positivas, mas o resumo é este: é um álbum que merece a audição de todos seja devido ao seu dinamismo, seja devido a puxar fronteiras mantendo-se dentro sempre do mesmo estilo.

8.5/10
Matias Melim

The Machinist – “I Am Void”

2020 – Edição de Autor

Já disse isto algumas vezes e volto a dizer, o black metal é dos géneros mais maleáveis e herméticos ao mesmo tempo. O álbum de estreia dos The Machinist prova isso mesmo. Uma blackada bruta com death metal à mistura e com um toque industrial que faz toda a diferença.Não é algo tão sujo como uns Anaal Nathrakh (pelo menos nos primeiros álbuns) mas anda por esses caminhos e conseguem criar uma mística e um ambiente gélido mas ao mesmo tempo com aquele calor do metal extremo. Isto já sem falar nas melodias em tremolo picking altamente memoráveis. A bateria programada dá o toque maquinal e é a base para o feeling industrial que está aqui mas é algo feito de forma sóbria, e que resulta. Em vício!

8/10
Fernando Ferreira

Negative Or Nothing – “Drowned”

2020 – Wulfhere Prods / Depressive Illusions Recs / Careless Recs / Azure Graal

A beleza de uma capa passa por não ser ser vistosa (obviamente, o marketing tem que estar sempre presente, mesmo no black metal) mas também pela forma como representa a sonoridade que está a albergar. E nesse aspecto a capa de “Drowned” é um tiro em cheio em todos pontos. Fantasmagórico e sufocante, é assim o que se sente ao ouvir o segundo álbum dos chilenos Negative Or Nothing. O sentido atmosférico é bastante elevado mas há um sufoco tão grande que é opressivo ao ponto de se sobrepor a tudo o resto. Até à capacidade de memorizar riffs ou músicas como um todo. O que fica é mesmo o desespero de se tentar manter à tona. E não se pense que isto é mau, porque não é. É apenas algo que motiva a voltar outra vez e tentar sobreviver novamente.

8/10
Fernando Ferreeira

Her Name in a Cemetery – “Demo MMXX”

2020 – Stench Ov Death Records

Seattle é sobejamente conhecida por ser o berço de um género / uma corrente que veio mudar a face da Música Rock / Alternativa para sempre. Vá, para sempre poderá ser demasiado tempo, mas o impacto que este teve nos jovens e na indústria, é mais que reconhecido e celebrado. No names needed. Her Name in a Cemetery é mais um daqueles colectivos (será?) que se esconde nas sombras, lentamente orquestrando melodias paridas num qualquer buraco sujo e decadente desta nossa sociedade urbana. Vocalizações sofridas, contorcidas, envoltas em melodias lo-fi, arrastadas e soturnas. Pouco mais há a dizer que possa descrever melhor aquilo que se sente ao ouvir estes 3 temas de estreia do projecto Norte-americano. É um mergulho em águas rasas, águas pútridas, águas mortas, um passeio por edifícos destroçados e antros de decadência. A desolação citadina, que mostra os seus dentes afiados, a fome pela morte e destruição do Ser.

2 longos temas em que o ouvinte é arrastado pelos cenários acima descritos, espojado de toda e qualquer esperança e levado aos seus limites. Terminamos com um curto, mas pesado, Outro. Uma excelente forma de por cobro à existência…

7/10
Daniel Pinheiro

Gravfraktal – “Unhallowed Death Triumph”

2020 – Iron Bonehead Productions

Saídos das profundezas de Lummelundagrottorna, este trio traz-nos a sua primeira aventura sob o nome Gravfraktal: Death Metal das terras suecas, como cravado nas regras “ancestrais”! Formados por músicos (e ex-músicos) de bandas de relevo na cena sueca – e internacional, arrisco dizer – como Bestial Mockery, Swordmaster e Runemagick, o que aqui temos é Death Metal, como já referido. De referir, e isto poderá ajudar a “pintar um quadro” acerca do som da banda: a mesma vai lançar este EP pela Iron Bonehead… estais a ver o calibre, certo? Ora bem, seguindo. Death Metal disposto em 4 temas, detalhes suecos, outros menos suecos, mas sempre a “tresandar a mofo”! Não há aqui qualquer detalhe, por mais pequeno que seja,d e modernidade, de distinto do que estabeleceu as bases do género, Old School Death Metal all the way. Há uma atenção à melodia, tal como a groove ou cadência. Há um peso que nos suplanta, para de seguida nos oferecer um riff imenso, repleto de melodia e agressividade. A bateria, então, sacadíssima dos anos 90 ahahah agradará a todos aqueles Die-hards fans do Death Metal que a cambada jovem, sueca, andava a engendrar nos 90.

7/10 
Daniel Pinheiro

Rém – “Poklade”

2019 – Edição de Autor

A minha introdução ao som dos Rém começou com o álbum de estreia e depois, por uma questão de curiosidade, resolvi investir neste anterior EP. Apesar de estar aqui presente a fórmula que, para o bem e para o mal, marcaria “Berek”, a eficácia aqui acaba por ser mais alta. Talvez pela produção mais crua, por uma toada mais punk, vi-me a ficar mais facilmente embrenhado nestes temas do que propriamente do álbum. Claro que o problema da unidimensionalidade dos tempos já está aqui presente mas torna-se mais fácil para o ouvinte saltar por cima deles. Ligeiramente.

6.5/10
Fernando Ferreira

Rém – “Berek”

2020 – Edição de Autor

A curiosidade por este álbum de estreia dos misteriosos Rém (ou será misterioso, já que tudo indica tratar-se de uma one-man band) começou pela capa de belo efeito. A música não tem um impacto tão grande, confesso, mas também tem a capacidade de ir crescendo com as audições. O black metal aqui é compassado e apelar para quem gosta dos andamentos cadenciados do doom metal. À partida poderia ser algo que depressa se tornaria cansativo. Felizmente existem alguns desvios (como “Vadász“  e “Zala”) e até uns pormenores muito interessantes que vão para além do que simplesmente ritmos a apelar ao hipnótico que nem sempre resulta. “Láp” é um dos momentos em que resulta, já “Avar” está no outro lado do espectro. É um trabalho que tem como principal fragilidade a falta de dinâmicas em termos de tempos e que nem sempre consegue ser eficaz. Mas quando o é, é verdadeiramente. É pena é o desequilíbrio entre estes dois pontos.

6/10
Fernando Ferreira

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