Review

WOM Reviews – Azaab / Black Cilice / Einherjer / Cthulhu Dreamt

Azaab – “Summoning The Cataclysm”

2022 – Satanath

Impressionante. É o primeiro contacto logo que faz soltar esta palavra. Não seria esperado termos uma banda vinda do Paquistão com este poderio metálico logo ao primeiro disco. Produção de topo, técnica bem apurada e uma brutalidade death metal que só é superada pela musicalidade que conseguem transmitir de uma forma que torna este trabalho sem o ser propriamente. Ou sequer se possa encaixar na categoria de melódico. Os leads e os solos estão um pouco por todo o lado e fazem a diferença mas os riffs também são um ponto de destaque. Uma estreia que nos agarra desde o primeiro momento e perante a qual queremos ouvir de seguida sem interrupções, como se não houvesse mais nada de importante na vida. E na realidade não há. Recomendadíssimo!

9/10
Fernando Ferreira


Black Cilice – “Esoteric Atavism”

2022 – Iron Bonehead Productions

Portugal, nação que abriu caminho para outros seguirem. Sim, parece arrogante, não é verdade? Foi feito para ser arrogante. Mas não nos reunimos aqui hoje para sermos convencidos; reunimo-nos aqui para falar sobre o Black Metal e Portugal. Mencionámos, muitas vezes, a mudança de paradigma do Black Metal – ou pelo menos durante algum tempo – em termos de geografia, na sua maioria, pelo que é sem surpresa que os músicos portugueses estão a ser reconhecidos, em maior escala, pelo público geral do Black Metal. Black Cilice é provavelmente um dos casos mais conhecidos do Black Metal português, o que é dizer muito, dada a qualidade do nosso Black Metal.  Black Cilice é muito conhecido pela sua capacidade de produzir um som que vive dentro das ruínas do género. Como assim? Bem, ele constrói esta parede de som, mas por baixo esconde esta melodia delicada. “Channeling Old Power” tem este incrível riff de guitarra que eu adoraria ouvir sem o “ruído” que está por todo o lado. Sabe o que quero dizer com o ruído, certo? Será que isto tira alguma grama de qualidade da música, e daquele riff específico, daquela canção em particular? De modo algum. Arrisco-me a dizer que melhora a experiência. Sempre vi esta abordagem mais primitiva e crua do Black Metal como uma busca da melodia. Já mencionei a amigos, no passado, que a coisa mais bela desta abordagem ao género é procurar aquela melodia escondida à vista de todos. Por vezes o estilo lo-fi obstrui o caminho para o núcleo da melodia, e precisamos de cavar fundo para descobrir que o preto, assombroso, centro de moldagem. Isto soa muito poético e seja o que for, mas no final é uma perspectiva. Black Cilice é um desses casos, ligeiramente diferente de Mons Veneris, por exemplo, que voa com atmosferas e cânticos ritualísticos, enquanto que Black Cilice está num ritual próprio. Comparar os dois actos? Nunca. Usando um para descrever o outro? Talvez. Por vezes tenho alguma dificuldade em pô-lo em poucas palavras, pois é uma experimentação que não pode ser reduzida a poucas palavras; o Black Metal de Black Cilice quebra barreiras e estigmas; o Artista por detrás do Black Cilice melhora a experiência do som… e voltando ao “Channeling Old Power”, principalmente porque foi a faixa que mais me impressionou, é uma beleza! O riff da guitarra, a bateria, os vocais! O Artista não o coloca de forma simples; obriga o ouvinte a rastejar e a rastejar, a cortar através dos escombros e da destruição, apenas para se ver dentro desta esfera de contemplação. E o que é que o ouvinte contempla? As maravilhas da Música. Acredito verdadeiramente que o Artista que dá pelo nome de Black Cilice é um dos músicos mais relevantes no actual cenário do Black Metal, ponto.

8/10
Daniel Pinheiro


Einherjer – “Norse And Dangerous (Live… From The Land Of Legends)”

2022 – Napalm

Aquilo que sempre me atraiu no som dos Einherjer foi o facto de apesar de tocarem assumidamente viking metal, nunca soaram como o som das bandas que tocam esse subgénero específico. E ao vivo transportam exactamente esse mesmo tipo de som peculiar que agora podemos apreciar aqui. Algo que até parece inicialmente não resultar muito bem, num concerto pouco orgânico – pelo menos as vozes do público parecem ser demasiadamente tímidas. Algo que nos obriga a focar totalmente na prestação da banda norueguesa que aqui até tocaram com o seu público. Um equilíbrio no alinhamento, onde obviamente os temas mais tocados são os mais recentes, exceptuando pelo álbum de estreia, regravado há pouco tempo e pelo tema “Far Far North”, hino da banda e retirado do EP com o mesmo título. Para os fãs, acreditamos que seja um trabalho ao vivo bastante apetecível e também será uma boa forma de cativar os que desconhecem o poder destes vikings.

7.5/10
Fernando Ferreira


Cthulhu Dreamt – “Liminality”

2022 – Edição de Autor

A capa até parece interessante mas é daqueles casos em que temos uma capa que não corresponde às expectativas que a mesma gera. Os Ctlhulhu Dreamt não só têm um som previsível e algo aborrecido dentro do metal mais moderno e alternativo como também não conseguem criar algo consistente ao longo dos temas que perfazem este trabalho. Falta alguma consistência e sobretudo falta brilho que começa logo por manifestar a sua ausência no som e na produção algo apagada e baça. Um daqueles casos em que só para quem gosta muito do estilo é que vai conseguir ficar entusiasmado com isto e onde alguns ambientes bem conseguidos não chegam para tornar esta proposta medianamente apresentável.

4/10
Fernando Ferreira


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