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WOM Reviews – Bala / M.E.D.O. / Soy Legion / Blessings / Esimere / Mads Christensen / Death Is Death / Karloff / Zouo

WOM Reviews – Bala / M.E.D.O. / Soy Legion / Blessings / Esimere / Mads Christensen / Death Is Death / Karloff / Zouo

Bala – “Maleza”

2021 – Century Media

Bombaça. Excelente banda esta vinda de Barcelona que entra sem pedir licença e que parte a casa toda ainda por cima. Bem sei que este mundo está perdido e que a má criadagem tem que ir toda para trás como o Satanás, mas neste contexto, e num mundo cada vez mais formatado para o políticamente correcto e para as coisas bonitinhas e arranjadinhas. Só o facto de cantarem na sua língua é positivo, em vez da língua anglo-saxónica predominante em tudo o que se pode ver ou vir hoje em dia. O duo traz-nos uma fúria que vai do punk ao alternativo, sempre com base no rock visceral e isto tudo em menos de meia hora. Curto mas grosso.

9/10
Fernando Ferreira

M.E.D.O./Soy Legion – “Vertigem”

2021 – Raging Planet

Vivemos numa era ironicamente dolorosa: por um lado temos muitos motivos para criticar – um dos maiores é os que criticam sem saber o que estão a criticar; por outro também temos o pior momento de que há memória da nossa democracia para que uma banda possa trabalhar nas suas músicas de protesto. Felizmente que temos bandas como os M.E.D.O. que não desistem e unem-se aos colombianos Soy Legion para trazer hardcore raivoso e cheio de palavras para gritar de punho em riste – seja em português ou castelhano.  Se os M.E.D.O. não desiludem, não sabem como, já os Soy Legion são uma boa surpresa com um som mais brutal e explosivo. Uma proposta ligeiramente menos melódica que os portugueses mas que se complementa bem.

8.5/10
Fernando Ferreira

Blessings – “Biskopskniven”

2021 – Pelagic

Segundo álbum dos suecos Blessings que, não sendo muito claro quer nas informações no comunicado de imprensa quer nas pesquisas feitas pela internet, que se trata ou não de uma reedição – o discogs aponta que o lançamento será de 2019, com o mesmo alinhamento mas por outra editora e outro trabalho gráfico. Vamos então encarar que é lançado agora pela primeira vez enquanto não temos mais certezas. “Biskopskniven” é um álbum desagradável pelos ambientes que evoca e pelas sensações que vivem nesses mesmos ambientes. A junção do hardcore com pós-rock/metal ou até noise faz com que tenham o som distinto e simultaneamente intenso, uma espécie de hardcore apocalíptico em que se conta a forma como nós, humanidade, fomos a causa da nossa própria perdição. Como disse inicialmente, não é um álbum agradável de ouvir mas isso não faz com que seja menos essencial.

8.5/10
Fernando Ferreira

Esimere – “Non Resta Niente”

2021 – Edição de Autor

Segundo álbum dos italianos Esimere que soam tal como a capa sugere – punk underground forever. Vitaminados e com uma boa produção – orgânica q.b. e evidenciando que nem tudo o que é punk (verdadeiro punk) tem que soar mal. Muito pelo contrário, “Non Resta Niente” é um álbum que se ouve muito bem e talvez ajude a isso o facto de ser extremamente curto – pouco mais de quinze minutos. Rápido e furioso e que não cansa de ouvir, ainda por cima cantado em italiano, o que há aqui para não gostar? Só mesmo a duração, aguentavamos na boa mais quinze minutos.

8/10
Fernando Ferreira

ESIMERE · NON RESTA NIENTE (2020)

Mads Christensen – “5212 Helvete”

2021 – Edged Circle

Consta que este era um álbum bastante aguardado pela malta das Noruegas. Reunindo alguns nomes sonantes, é um assalto de rock sujo com altos níveis de pedigree punk. Não o punk que se pensa imediatamente, o clássico. Nem aquele mais bonitinho e formatado para os filmes de adolescentes norte-americanos. Um visceral, com uma voz que tem tanto de estridente como de bonitinha um certo espírito de caos a acontecer. Um caos nem sempre fácil de definir mas que causa um bom impacto. Desde pormenores electrónicos a instrumentos de sopro até ao uso de uma ambiência que não estaria desfasada de um álbum de black’n’roll, esta é uma promissora estreia nos/dos escaparates escandinavos.

8/10
Fernando Ferreira

Death Is Death – “Death Is The Hardest Thing To Do”

2021 – Concorde Music Company

Segundo álbum dos finlandeses Death Is Death, que podem ter um nome parvo e um título deste conjunto de temas a condizer mas que não deixam de trazer bastante intensidade. O comunicado de imprensa refere que a banda está mais punk que nunca e essa é a primeira impressão que passa. Aliás, em vez de os colocar na prateleira do thrash metal, mais facilmente os colocamos no crossover, sendo que a abordagem é furiosa e destruídora sem grandes variações ou sequer preocupação em relação a esse ponto. Há um efeito previsível que percorre todo o álbum que poderá cansar quem esperava outra coisa, mas para quem quer apenas ter uma banda sonora para a destruição, este será o álbum a escolher.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Karloff – “The Appearing”

2021 – Dying Victims Productions

Compreende-se que um nome como “Karloff” traga logo um ambiente sinistro – suponho que em homenagem ao mítico actor de filmes de terror. A música traz mesmo esse ambiente com a união de punk/hardcore com metal que está bem mais próximo dos primórdios do death metal sueco do que se possa prever. Não é uma colecção de temas que deixe fascinado logo à primeiro – a simplicidade é desarmante, crua e honesta, não existem engodos fáceis – mas este ambiente não deixa de ter o seu efeito e validade. Que vai solidificando a cada passagem. O amor ao metal mais primitivo e ao punk são fundamentais, caso não exista, será mais complicado o fascínio.

7/10
Fernando Ferreira

Zouo – “Agony 憎悪 Remains”

2021 – Relapse

Os Zouo são um nome clássico do punk/hardcore japonês e como tal, esta compilação de todo o material que a banda alguma vez lançou assume aspectos de obrigatoriedade de aquisição no máximo ou no mínimo curiosidade. A banda formada por amigos do skate na década de oitenta e quie por quererem despejar as suas frustrações em formato musical acabaram por se tornar líderes da cena punk/hardcore que depois disse floresceu. Para muitos foi o início de tudo em terras de sol nascente e Cherry Nishida foi o nome que se tornou lendário precisamente a partir daqui. Do cru, rude e barulhento ao sompoderoso, dá para perceber aquela abordagem japonesa ao estilo, através de formas peculiares de acrescentar noise e psicadelismo ao príncipio simples do punk. Para os amantes do punk, está aqui uma boa lição sobre a forma como estilo se manifestou bem longe dos E.U.A. ou Reino Unido.

7/10
Fernando Ferreira

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