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WOM Reviews – BRIQUEVILLE / Wobbler / Christian Muenzner / Collapse Under The Empire / Giöbia / The Flower Kings / David Minasian / Scaphoid

WOM Reviews – BRIQUEVILLE / Wobbler / Christian Muenzner / Collapse Under The Empire / Giöbia / The Flower Kings / David Minasian / Scaphoid

B R I Q U E V I L L E – “Quelle”

2020 – Pelagic Records

Os B R I Q U E V I L L E podem ser uma chatice para escrever a sua designação (abençoado copy/paste) mas compensam qualquer inconveniente pela sua música. Mesmo sendo música que nos coloca em posições ou situações algo desagradáveis. Tal como a capa, que apesar de simples, não deixa de ser perturbadora. Este novo trabalho dos belgas é tanto pesado como atmosférico, uma dualidade que até nem se assume como paradoxal mas sim como duas faces da mesma moeda. Ajudará também o facto de ter sido composto e gravado durante esta fase de pandemia. Sente-se esse sentimento de isolamento, de auto-isolamento, imposto por algo ou alguém superior a nós (esse algo podendo muito bem estar no nosso interior). Um trabalho que homenageia e coloca no centro das atenções as nossa fragilidades, mas que também revela de forma subliminar a nossa força. Visceral e que leva tudo à frente, de forma cega. Ao descrever este álbum não sei se estou a descrever o ser humano no geral (ou a minha própria pessoa no particular) ou se a descrever a música. Não se percebe muito bem onde uma começa e a outra acaba.

9/10
Fernando Ferreira

Wobbler – “Dwellers Of The Deep”

2020 – Karisma Records

Muitas vezes recuamos no tempo com o destino a ser invariavelmente a década de setenta. Os Wobller são já uma garantia de qualidade nessas mesmas viagens, sempre pela via do rock progressivo – se fecharmos os olhos até parece que estamos a ouvir Jon Anderson dos Yes. O que é já um lugar comum ter que salientar – quando assim se justifica, claro – é a forma como a banda leva-nos pela viagem e faz com que tenhamos a sua própria perspectiva e não de outros a comandar a viagem. Dito isto, é compreensível que esta estética não seja para todos, já que a roupagem é declaradamente vintage. Tendo o espírito aberto para as coisas boas da vida, esta é uma que não deverá passar ao lado. Rock progressivo imortal.

9/10
Fernando Ferreira

Christian Muenzner – “Path Of The Hero”

2020 – Shredquarter Records

Devo dizer desde já que esta capa é fantástica. Para quem gosta de coisas de fantasia. É também uma capa que não é propriamente reveladora do que podemos encontrar aqui. Isto para quem não sabe de quem se trata o amigo Christian Muezner, ex-Obscura e ex-Necrophagist, actualmente nos Eternity’s End e Alkaloid. Para quem já o conhece já sabe que vai ter perante a frente um álbum de shredd que tanto vai do neo-clássico ao Jazz. Shred puro, como se estivessemos na década de oitenta. Confesso que é um estilo que me atrai bastante mas que compreendo que muitos não lhe sintam especial atracção, já que esta costuma ser rotulada como música para outros músicos apreciarem. E aqui essa parece ser mesmo a intenção do músico, ir buscar aquele feeling tão próprio da Shrapnel na década de oitenta. Totalmente atingido. Conta com elenco de luxo também, com companheiros das suas antigas e actuais bandas a marcarem presença.

8.5/10
Fernando Ferreira

Collapse Under The Empire – “Everything We Will Leave Beyond Us”

2020 – Finaltune Records

A representação de como o pós rock pode ser cinematográfico – ou pelo menos criar imagens na nossa cabeça – surge pela música que os Collapse Under The Empire fazem. Um dos bons exemplos. Instrumental, ambiental e com muita alma, tanta que parece que rebenta pelas costuras. A componente electrónica é importante mas nunca chega a distorcer o sentido da sua música – continua a ser pós-ROCK, certo? O conceito de finitude, de extinção, cada vez mais presente nas nossas vidas (mas infelizmente não o suficiente para ter um verdadeiro impacto ou mudanças significativas de uma forma global) encaixa de forma perfeita com esta música que traz sempre um forte impacto dramático. Pode não acrescentar nada em relação a trabalhos anteriores, mas continua a ter o mesmo efeito, música que nos faz sentir e sonhar. E até voar.

8.5/10
Fernando Ferreira

Giöbia – “Plasmatic Idol”

2020 – Heavy Psych Sounds

E vamos agora entrar numa dimensão aparte. Numa dimensão onde não existe silêncio, apenas música que parece ter saído de um cruzamento de bandas sonoras de filmes de terror com Mike Oldfield se este decidissse ser ainda mais (muito mais) psicadélico. É uma descrição esforçada, incompleta mas esforçada, e que permite perceber ao que se vai quando se embarca nesta viagem de adoração ao ídolo plasmático. Os Giöbia respondem à quela pergunta que nem sabíamos que tínhamos que é: “o que aconteceria se o psicadelismo da década de sessenta se unisse à febre dos sintetizadores da década de oitenta?” A resposta não deveria andar muito longe do que temos aqui. Por lógica diria que teria de ter-se amor às duas vertentes atrás anunciadas, mas penso que a veneração ao psicadélico e ao acid rock é mais que suficiente.

8.5/10
Fernando Ferreira

The Flower Kings – “Islands”

2020 – InsideOut Music

A capa fez-me pensar em Yes. Em Yes primeiro e depois em rock progressivo. Creio que essa terá sido mesmo a ideia principal e foi totalmente conseguida. Sente-se também que este é um regresso da banda a terrenos mais amigáveis para os seus fãs. Sente-se que é Flower Kings clássico que está aqui. Apesar de ser composto por dois discos, não temos um conjunto de temas enormes e sim um total de vinte um temas, a maior parte curtos, onde uma das grandes estrelas é mesmo o baixo, que se destaca na mistura e pela sua excelência. Poderá sentir-se por momentos que alguns dos temas são demasiado e que o segundo disco não tem o mesmo impacto do primeiro mas ainda assim, este é mais um grande trabalho da banda sueca.

8/10 
Fernando Ferreira

David Minasian – “Random Acts Of Beauty” (2020 Remastered Edition)”

2010/2020 – Golden Robot Records

Tal como o próprio título indica, esta é uma reedição remasterizada do álbum editado em 2010. Temos rock progressivo clássico ainda que a produção aponte por vezes para algo caseiro. Poderá apenas ser uma sensação minha, mas este também é um detalhe algo insignificante já que musicalmente este é um álbum bastante bom de rock progressivo, onde a participação de Andrew Latimer, dos Camel, faz com que os níveis de interesse sejam superiores. Não tem o feeling de rock progressivo clássico mas embala-nos bem, proporcionando uma viagem bem agradável. Com dois temas bónus, este é uma boa oportunidade para rever ou conhecer David Minasian.

8/10
Fernando Ferreira

Scaphoid – “Absent Passages”

2020 – Shunu Records

Os norte-americanos Sacphoid chegam ao álbum de estreia depois de um EP que causou alguma sensação em 2016. Música instrumental, a muito a dever ao pós rock mas tem muitos mais elementos por trás. Aliás tem tantos que inicialmente isso dificultou um bocado absorção. Por vezes temos ritmos frios e matemáticos, junto à ambiência nem sempre fácil do prog rock, com a guitarra a poder embarcar em melodias de jazz de fusão. Mas por outro lado, estes exemplos citados (poderíamos citar muitos mais) trazem uma fluídez inesperada e um sentido de coesão de tema para tema. É necessário haver a paixão pelo progressivo e pela música instrumental para que “Absent Passages” seja aproveitado da melhor forma mas mesmo que não exista essa paixão, ela poderá nascer aqui. Se forem ousados o suficiente.

8/10
Fernando Ferreira

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