WOM Reviews – Commander Agares / Death Shroud / Xalpen / Grandeur / Muka / Nexus Imperium / Praga / Funeral
WOM Reviews – Commander Agares / Death Shroud / Xalpen / Grandeur / Muka / Nexus Imperium / Praga / Funeral
Commander Agares – “Legions of Descending Twilight”
2021 – Inferna Profundus
A Finlândia é um dos países que normalmente não falha, quando se trata de Black Metal. Pode ser algo nos seus genes, suponho eu. Brincadeiras à parte, a Finlândia é um “must go to” para o Black Metal, e não há necessidade de mencionar as bandas / músicos clássicos, pois os mais recentes continuam a acolher-nos com Black Metal de primeira! Commander Agares não era conhecido até eu receber esta promoção, e não esperava ser bem-vindo a isto, para ser honesto. Não se deve julgar uma banda antes de lhe dar uma oportunidade, e eu dei-lhe uma oportunidade, e as minhas primeiras ideias estavam longe de ser o que acabou por ser. Esta abordagem sinfónica do género, ainda está viva em terras finlandesas, mas ainda me sinto atraído por ela. Nunca encontrei este som específico de Black Metal inferior a qualquer outro tipode Black Metal! Soa, por vezes, a uma viagem cósmica ao abismo… Comecei com o Symphonic Melodic Black Metal, e até hoje ainda prezo um bom uso de teclados em Black Metal! Commander Agares é o exemplo perfeito do Black Metal finlandês: Black Metal melódico, sinfónico, baseado em riff. E isso é, de alguma forma, uma coisa negativa? Não, claro que não! A banda até faz alguns solos de guitarra, adicionando mais e mais camadas ao seu som. Uma faixa como “Blessed by the Hyperborean Storms” é uma das melhores que eu tive a oportunidade de ouvir este ano! A voz, os riffs de guitarra, a atmosfera… esse final. E isto numa altura e idade em que as bandas querem soar mais cruas, e mais primitivas do que nunca. O objectivo de C.A. é a melodia e atmosferas arrepiantes, e eles pregaram-na, na minha opinião. A prova de que o Black Metal finlandês está à altura dos elogios, e que o mais provável é que C.A. continue a divulgar o bom Black Metal.
9/10
Daniel Pinheiro
Death Shroud – “Death, Slavery And The Pursuit Ov Sadness”
2021 – Edição De Autor
Dez anos depois, o segundo álbum dos Death Shroud. Black metal old school mas com muito feeling. Os fãs das coisas da década de noventa de certeza que vão gostar deste regresso mesmo que não tenham apanhado o álbum original na altura (nem o EP de 2013). Todavia, o feeling está todo cá assim como aqueles riffs em tremolo picking que nos fazem pensar nos nomes clássidos do género – o tema-título é fantástico neste aspecto. A riqueza e dinâmica destes temas é algo admirável e o álbum vai no mesmo sentido. Só tem o problema de ser curto mas isso joga também a seu favor. Boa surpresa.
8.5/10
Fernando Ferreira
Xalpen – “Sawken Xo’on”
2020/2021 – Black Lodge
Reedição do primeiro álbum dos chilenos Xalpen, que foi editado o ano passado mas que agora já tem honras de remasterização e é agora é disponibilizado pela primeira vez em vinil. Poderá ser um pormenor que fará a diferença, isso e o facto de ser um excelente álbum de black metal, com uma atmosfera fantástica. Não sei até que ponto é que a remasterização teve um impacto muito grande em relação ao original mas posso dizer que o que se pode ouvir é algo capaz de entusiasmar qualquer fã de black metal que aprecie o lado mais caótico ainda que apegado ao tradicionalismo da segunda vaga de black metal.
8.5/10
Fernando Ferreira
Grandeur – “Aurea Aetas”
2021 – Personal
Apesar da capa manhosa, o impacto deste EP é fantástico. Carrega consigo alguma nostalgia dos momentos aureos do black metal melódico. E fá-lo sem ter propriamente intenções comerciais, pelo menos que se perceba. É uma one-man band que nos deixa com curiosidade por ver até que ponto poderá ir. Cinco temas, curtos e grossos mas sem dispensar uma dose generosa de ganchos. O que é refrescante. Perante o estilo musical em questão, esse é um grande detalhe.
8.5/10
Fernando Ferreira
Muka – “Patologija Poniznosti”
2021 – No Profit Recordings
Sempre bom conhecer novo som de partes mais exóticas. Os Muka chegam-nos da Croácia e não são novatos, este é o seu terceiro álbum de originais. Apesar da fusão entre o death e o black metal, em termos de atmosfera, o pêndulo cai mais para o lado mais negro. Curiosamente neste trabalho, até se fica com uma ideia muito forte de que como soará o álbum, afinal são seis temas em mais de meia hora – quantos álbuns não temos até mais curtos que isto. E nesse ponto também há que referir a forma como a dinâmica poderá não resistir a algo mais extenso, sendo esta duração (ou pouco mais que esta) a ideal para um álbum. Resumindo, banmda interessante e com potencial forte.
7/10
Fernando Ferreira
Nexus Imperium – “Nexus Imperium”
2021 – Edição de Autor
Estreia discográfica dos Nexus Imperium, um duo (aparentemente) que tem uma abordagem peculiar ao seu black metal. Sendo da Grécia, não é nada que nos espante. Inicialmente há um minimalismo de teclados que nos faz pensar até que estamos perante algo na onda do dungeon synth. Lá vão surgindo elementos tradicionais mas as melodias peculiares e até algo jazzísticas são predominantes, com a voz de The Apostate (também dos Profane Prayer) a estar carregada de efeitos e a surgir quase numa vertente de spoken word. Poderá causar um impacto positivo em quem procura por novos caminhos no mundo do black metal e um projecto que poderá surpreender (ainda mais) no futuro da sua carreira.
7/10
Fernando Ferreira
Praga – “Fúria Regicida”
2021 – Murder
Apesar de na sua génese o som do duo Aspidium seja bastante directo, consegue-se apanhar uns pormenores melódicos bem interessantes. Algo que não seria expectável numa proposta de black/death metal. Esse até é um pormenor que vamos interiorizando bem, já que faz bem no que à dinâmica diz respeito. A questão é que conforme o álbum vai avançando, essa dinâmica vai-se tornando progressivamente menos eficaz e instala-se uma certa tendência para o marasmo onde a repetição não é definitivamente benéfica.
6/10
Fernando Ferreira
Funeral – “Catacumbas”
2021 – Murder
Black metal podre, ou de uma forma mais “in”, lo-fi. Já comentei em ocasiões anteriores em como um trabalho, principalmente no espectro do black metal, poderá beneficiar de falta de qualidade na produção. Também já falei como por vezes essas faltas de meios (propositadas ou não) nem sempre escondem falta de qualidade técnicas dos músicos em si. Neste caso poderemos dizer que os chilenos Funeral até conseguem evidenciar algumas qualidades, mas infelizmente a produção cujo maior pecado é sentir-se que tem um volume demasiado baixo como uma bateria completamente tosca (demasiado para o seu próprio bem), acaba por funcionar como um travão no entusiasmo do que o contrário. Conseguem criar um ambiente mas não é nada que não tenha sido já visto e feito demasiadas vezes no passado. “Catacumbas” poderia causar um grande impacto mas provavelmente só vai apelar aos mais fanáticos do underground.
5.5/10
Fernando Ferreira