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WOM Reviews – Cuttin Edge / Krakin’ Kelly’s / Warwound / Envy / Stinky / Homomilitia / Blakkphang / Banda Zé Ninguém

WOM Reviews – Cuttin Edge / Krakin’ Kelly’s / Warwound / Envy / Stinky / Homomilitia / Blakkphang / Banda Zé Ninguém

Cuttin Edge – “Face Down”

2020 – Rebellion Records

Vamos dar as boas vindas aos escoceses Cuttin Edge que nos chegam com garra punk, com o espírito rock’n’roll e até heavy metal presente em bandas como Motörhead. Uma série de atributos que faz com que nos rendamos imediatamente, afinal as memórias de nomes clássicos da cena punk/hardcore britânica torna-se bem vívida. Mas não é um exercício de pura nostalgia, porque estes temas carregam em si mérito suficiente para que nem sequer tenhamos que mencionar qualquer tipo de nome. É diversão punk, com o dedo certo na melodia, nos solos, e em todos os pontos necessários para ficarmos fãs.

9/10
Fernando Ferreira

Krakin’ Kelly’s – “Burn Your Flag”

2020 – Foulfart Entertainment

Haverá coisa mais adorável que Celtic Punk? Eu sou grande fã de todas as misturas – até mesmo daquelas que não dão certo – algo que deverá ser incompreensível para os puristas mas mesmo esses terão de admitir que juntar as melodias folk celta com o punk resulta na perfeição. Quer dizer, na maior parte das vezes. Os Krakin’ Kelly’s são um desses casos, sem dúvida. Sem grandes complicações e com um ouvido infalível para as melodias que se colam imediatamente ao cébrebro, é impossível não ficar logo fã deste “Burn Your Flag”. Aliás, qualquer álbum que começa com gaita de foles tem de estar logo no topo, independentemente do estilo que tocam. Exactamente aquilo que se precisa para dar início a uma festança.

9/10
Fernando Ferreira

Warwound – “WWIII”

2020 – Sanctus Propaganda

Os Warwound são um dos nomes clássicos do hardcore britânico, nos gloriosos dias do d-beat no início da década de oitenta, tendo acabado na primeira metade da década sem terem lançado qualquer trabalho – a banda a modos que se desmantelou quando dois dos membros originais saíram para os The Varukers. Em 2015, ressuscitaram e voltaram ao activo com Rat dos mesmos The Varukers na voz e depois de “Burning The Blindfolds Of Bigots”, têm aqui em “WWIII” o terceiro álbum, que nos atinge como uma autêntica marreta na cabeça. Daquela marretada hardcore que parecia confinada à década de oitenta mas mais evoluída, e até com algumas surpresas metal – como a final “Fight Your Demons”. Um álbum lúcido líricamente e que representa, bem mais que se desejaria, o ano que passou e que não terminou. “WWIII” é o disco que precisamos.

8.5/10
Fernando Ferreira

Envy – “Last Wish – Live At Liquidroom Tokyo”

2020 – Pelagic Records

Depois de um excelente álbum em Fevereiro de 2020, antes desta treta toda, a banda teve tempo de tocar um concerto (apenas um) e tudo o resto foi para as couves. Tocar e gravar para a posteridade. E ainda bem. Sei que os primeiros concertos após o lançamento de um álbum é sempre um encontrar de forma perante os novos temas mas é também quando a energia por vezes é mais bruta. Aqui temos muito disto, energia e emoções incontroláveis que acabam por encontrar eco no que temos cá dentro, acumulado ao longo de um ano de intensa pressão. Sem dúvida que um disco inesperado – não estaria nos planos da banda lançar um disco ao vivo e muito menos a partir de uma única actuação – mas talvez por isso mesmo e por tudo o resto, muito forte.

8.5/10
Fernando Ferreira

Stinky – “Of Lost Things”

2020 – M-Theory Audio

Os Stinky chegam-nos descritos como hardcore melódico. Se isso for uma barreira para algum de vós, resta-me acrescentar que a parte do melódico faz com que descaia para o punk e não para nenhum devaneio mais pop que é comum por vezes. E soa bem, soa muito bem, quando se junta uma dose saudável de raiva e coros a entoar essa mesma raiva. Juntando ao factor energético e está dada a receita para um grande álbum de hardcore. Podemos argumentar que desvendada a fórmula da banda, fica muito pouco para surpreender. É um argumento válida, mas a questão é que os temas resultam bem e quando assim é, a surpresa deverá ser desvalorizada neste contexto. “Of Lost Things” é sólido e um dos destaques de 2020.

8/10
Fernando Ferreira

Homomilitia – “Homomilitia”

2000 / 2020 – Sanctus Propaganda

Ao que tudo indica, este trabalho foi gravado vinte anos atrás. Gravado e lançado embora não tenha forma de confirmar esse lançamento. Tendo em conta de que se trata de uma banda de crust/punk underground polaca, isso se calhar até nem é de estranhar. Uma sonoridade agressiva que extravaza os limites do punk/hardcore para entrar no dos metal e tendo em conta que foi gravado vinte anos atrás, esta produção é totalmente actual, conservando um aspecto cru mas puro daquilo que o estilo deve ser. Sei que este estilo de músico tem sempre uma mensagem a passar, o facto de cantarem na sua língua natal faz com que isso se perca um pouco, mas a intensidade está toda lá. Não é difícil perceber o porquê ser anunciado como um clássico da cena crust polaca.

8/10 
Fernando Ferreira

Blakkphang – “Goatbone Deathcult”

2020 – Reaper Metal Productions

Existem coisas arrepiantes… esta capa é uma delas. Felizmente que a música aponta no sentido contrário embora seja tão crua e até, porque não admitir, tosca, como a capa. Um híbrido de metal e punk que faz lembrar os primeiros tempos de bandas como Metallica e Mötorhead, mas com vitaminas a apontar – não completamente a chegar – para a música extrema. Aliás, a referência aos Aura Noir não é totalmente descabida e faz sentido. Sendo um duo, obviamente que há limitações mas é o charme do metal e do punk, onde a simplicidade quando inteligente e desarmante, consegue ter bastante eficácia. É quase o inverso ao que se tem nos dias de hoje e talvez seja por isso que isto são tão bem.

7.5/10
Fernando Ferreira

Banda Zé Ninguém – “The Singles Collection”

2021 – Edição De Autor

Versátil. É talvez o adjectivo mais justo ao som dos Zé Ninguém. A sonoridade materializa-se em vários formatos e géneros mas há um fio condutor na guitarra, sobretudo, que nos coloca no espectro do rockabilly embora tanto possamos andar pelo punk assumido como pelo ska, até sonoridades africanas e outras mesmo alectrónicas. É, como o título indica, a colecção de singles já lançados e aqui reunidos, podendo falhar o objectivo de termos um álbum coeso. No entanto, estes temas e esta variedade resulta bem em conjunto. Temos tanto temas instrumentais como com voz mas devo dizer que com algumas excepções, são os primeiros que nutrem mais efeito. Uma banda sem rumo estilístico à vista mas que consegue cativar.

6/10
Fernando Ferreira

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