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WOM Reviews – Ereshkigal / Xerión / Jordfast / Torresian Call / Welldweller / Void Of Apep

WOM Reviews – Ereshkigal / Xerión / Jordfast / Torresian Call / Welldweller / Void Of Apep

Ereshkigal/Xerión – “Mortem/Lamento Luminescente”

2021 – Nigra Mors

Dia 31 do presente mês trará à luz esta colaboração, e que bela é esta. Somos recebidos pelos mexicanos, com a sua sonoridade tão carregada de melodia e agressividade q.b. Anos 90? Sim, sem dúvida. Mas não só. Não se assustem, que não uma grama de Black Metal moderno, por assim dizer. A primeira música – de referir que desconheço o nome de qualquer uma das músicas – é um tratado de bom Black Metal melódico! Riffs imensos, uma bateria que coordena e comanda, sem vez alguma esquecer batidas monstruosas (Marganor Bestial Invocator, o único membro original da banda… uma âncora). Ainda nesta música, de referir uma deliciosa quebra que ocorre sensivelmente a meia da mesma: aparentemente tão simples, mas a dimensão que aporta à música é tremenda. De Ereshkigal temos direito a 3 músicas, a 3 petardos de Black Metal clássico e melódicos o bastante para que o equilíbrio seja o desejado (por mim, pelo menos). Passemos da Cidade do México e do reboliço de uma das maiores metrópoles do Mundo, para a pacífica Ourense. Passemos de um Black Metal mais ríspido, para um Black Metal mais próximo das raízes ancestrais de um povo, um aroma de Folk paira na música concebida pelo colectivo galego. Tal como os mexicanos, também os Xerión sofrem deste “mal”, do facto do público, essencialmente as faixas etárias mais novas, ser tendencialmente mais susceptível de se interessar por algo mais recente – tanto em sonoridade, como em data de criação – ignorando estas brilhantes pérolas. Xerión é daqueles colectivos que sempre considerei brilhantes. Seja pela real qualidade da música que criam, seja por sentir que são um pouco meus, como bom arraçado de transmontano que sou! A sonoridade destes galegos é similar, em certa medida, com vários colectivos que se inspiram na ancestralidade da terra de origem. É aquele Folk com coração e conteúdo, reminiscente de melodias medievais e arcaicas. Considero que a Intro é, até certo ponto, um bom exemplo não do som que a banda faz, mas da nascente de onde esta bebe e cria. A constante imagem do bosque galego, tão cliché no Black Metal, mas que aqui ganha dimensões quase esotéricas, tal é a conexão deste colectivo com a Natureza galega. Daí em diante é-nos ofertada a criação de Xerión na sua plenitude.

9/10
Fernando Ferreira

Jordfast – “Hadanefter”

2021 – Nordvis Produktion

A editora sueca é, de há uns anos para cá, como que um “porto seguro” em termos de Black Metal de qualidade. Mais que Black Metal, o motto é o da melancolia e de uma escuridão muito específica. Grift é dos nomes fortes desta label, que tem nestes Jordfast, uma fantástica adição. Esta dupla sueca é, de longe, inexperiente, ainda que tenha a ideia que esta é a primeira – pelo menos editada – aventura nos pantanosos terrenos do Black Metal. “Hadanefter” é o primeiro trabalho da banda, e conta com somente 2 temas, cada um com mais de 10 minutos (mais, e mais). Percebo facilmente o porquê de fazerem parte do roster da N.P.: a melancolia invade o espaço; há Black Metal, calma, ou não fossem os Jordfast uma banda de Black Metal. A sua sonoridade também toca nas raízes do género, mas vive numa quase dicotomia: Agressividade & Melancolia.a dupla consegue equilibrar bastante bem cada uma das realidades sonoras. Acaba por ser, como já acima referido, uma sonoridade nada estranha à label. Em que momentos “retiramos” mais da banda? Quando esta retira o pé do acelerador e aposta em ambiências mais lentas, mais “invernais”, mais atmosféricas e melancólicas.o 2.º tema recebe-nos de uma forma muito mais efusiva, mais Rock n’ Roll! A guitarra é excelente, e  não faltam aqueles detalhes que nos indicam que estamos perante Black Metal nórdico, sendo que há, once again, o “aroma” Nordvis. Trablho de estreia, não é?! Que nos trarão para o futuro?! Venha ele.

8/10
Daniel Pinheiro

Torresian Call / Welldweller – “Split”

2021 – Eternal Death

Uma das coisas mais comuns de ouvir sobre a música moderna é como a mesma é toda igual. As produções, as fórmulas, as compressões, soa tudo ao mesmo. E dentro desta realidade, felizmente não universal, encontramos pequenas excepções à regras. Ou parciais excepções. Isto porque os canadianos The Design Abstract não fogem às tais fórmulas do metal moderno, no entanto também não estão a fazer o mesmo que todos. Temos, tal como indica o comunicado de imprensa, death metal melódico, mas depois temos arranjos de teclados vistosos revestidos de uma camada electrónica, o que resulta na prática numa identidade próxima do metalcore mas ainda assim diferente o suficiente para que não seja metido no mesmo saco. Não será algo que nos marcará a vida, mas sem dúvida que é uma abordagem interessante a desenvolver.

7/10
Daniel Pinheiro

Void Of Apep – “Horror Vacui”

2021 – Edição de Autor

Primeiro lançamento da one-man band portuguesa Void Of Apep que traz um black metal agressivo e algo minimalista na sua abordagem. Neste tipo de lançamento aquilo que mais fica, a par do ambiente, são mesmo os riffs e neste departamente Void Of Apep não está nada mal servido. O mencionado ambiente apenas sofre com a produção caseira do trabalho que acaba por soar algo artificial. De qualquer forma, interessante trabalho e interessante projecto para acompanhar.

6/10
Fernando Ferreira

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