WOM Reviews – Fern / Waves Idle Symmetry / Witchery / Nestor
Fern – “Intersubjective”
2022 – Pelagic
Este será provavelmente um trabalho surpreendente para quem conhecer os The Ocean. Não que os ambientes de Fern não se enquadrem, de certa forma, no universo da banda alemã mas o facto de ser idealizado por Paul Seidel (baterista dos The Ocean) não deixa de ser surpreendente. Porquê? Porque no fundo trata-se de um projecto de chillout/trip hop. Mas daquele que até é nostálgico relembrando com o género começava a encantar (e a deprimir o que também é uma outra forma de encanto) fãs por todo o mundo no final da segunda metade da década de noventa. Muitos desses ambientes frios estão aqui presentes mas eles acabam por aquecer o nosso coração com melancolia cinematográfica que se revela depressa tocante. Um projecto que poderá não ser totalmente dirigido aos fãs da sua banda principal mas que certamente terá os seus adeptos e não sendo para todos, será certamente considerado um dos melhores discos de 2022 no género em que se insere.
9/10
Fernando Ferreira
Waves Idle Symmetry – “Thalassa”
2022 – Edição de Autor
Apesar do nome estranho, esta one-man band grega, Waves Idle Symmetry, é um trabalho interessante dentro do black metal melódico que deixa uma impressão muito boa ao primeiro contacto. Musicalmente sóbrio, sem deixar de apelar a quem gosta da dicotomia peso – melodia,”Thalassa” é um indicador que apesar de jovem (o projecto nasceu no ano passado), temos uma enorme margem de progressão que desde do início nota que poderá trazer algo verdadeiramente bombástico. Ainda mais do que estes excelentes temas aqui apresentados.
8.5/10
Fernando Ferreira
Witchery – “Nightside”
2022 – Century Media
Se a Noruega ganhou a reputação de bastião do Black Metal na década de 90 ali ao lado na Suécia foi o Death Metal a dar cartas (At The gates, Entombed, Hypocrisy etc.) todavia os Witchery (fundados na segunda metade dessa mesma década) escolheram um rumo musical diferente, enveredando por um Thrash Metal ‘old School’ mas de típica proveniência escandinava pulverizado por vocalizações que de alguma forma prestam tributo ao Black Metal do pais vizinho, foi neste contexto musical que os Witchery não só foram ganhando prestigio, muito à custa do seu sublime terceiro álbum (‘Symphony For The Devil’), como se tornaram numa das maiores bandas de referência do Blackened Thrash Metal. ‘Nightside’, o seu oitavo trabalho de originais mostra-nos uns Witchery iguais a si próprios, talvez demasiado até, faltando aqui e ali um golpe de asa que eleve o nível de alguns temas com principal incidência na pouca efusividade dos três iniciais. Contudo é a partir da carismática ‘Popecrusher’ que o quinteto Sueco se liberta de uma certa timidez criativa e eleva a fasquia para a melhor sequência de ‘Nightside’ composta por ‘Left Hand March’, ‘Under The Altar’ e ‘Churchburner’. ‘Nightside’ não é com certeza um álbum prodigo em originalidade todavia é mais uma excelente prova dos rasgados elogios que a banda tem vindo a reunir ao longo da sua carreira acerca da qualidade técnica e dinamismo das suas duas guitarras.
7.5/10
Jorge Pereira
Nestor – “Kids In A Ghost Town”
2022 – Napalm
Gosto de histórias como a dos Nestor, uma banda de hard rock formada em 1989 e que passado mais de três décadas, lança o seu álbum de estreia. E é um álbum que é bom, muito bom. Só tem um detalhe que poderá ou não ser definitivo no julgamento: a música soa como se tivesse sido lançada em 1989 o que não é estranho de todo, sabendo que este tipo de lançamento, do hard rock mais melódico (e até de certa forma próximo daquilo que os The Nightflight Orchestra já fazem há alguns anos) é bem recebido hoje em dia. É relativamente estranho surgir numa editora como a Napalm Records, que não tem praticamente tradição no género. Mas voltando atrás, o problema que pode surgir de termos algo retro, também pode fazer deste um trabalho que surpreenda os habituais fãs. As músicas têm potencial e o álbum é forte. O que se calhar também é testemunho para a longevidade da sua música.
7/10
Fernando Ferreira
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