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WOM Reviews – Glaciation / To Conceal the Horns / They Leapt From Burning Windows / Dark Tower / The Sullen / Almyrkvi / The Ruins Of Beverast / Dearth / Throne Ov Blood

WOM Reviews – Glaciation / To Conceal the Horns / They Leapt From Burning Windows / Dark Tower / The Sullen / Almyrkvi / The Ruins Of Beverast / Dearth / Throne Ov Blood

Glaciation – “Ultime Eclat”

2020 – Osmose Productions

Este é um daqueles trabalhos que começa de uma maneira e desvia-se do nada e, pelo menos em termos de género, não foi bem o que queria… mas acabou por se revelar como uma surpresa positiva. Os Glaciation são uma banda francesa formada em 2011 que este ano lançou o seu terceiro álbum. Como estava a dizer, o álbum desde início que nos engana, na medida em que começa como uma versão “bastardizada” da música de levantamento da bandeira americana (pelo menos penso que o seja) que se assemelha a um heavy metal com uma queda mais épica mas que rapidamente se transforma em black metal acelerado com uns toques de melancolia. Com base neste começo e no que ouvi do resto do álbum, creio que este é daqueles trabalhos que ou é detestado ou é adorado, e eu estou no segundo grupo.
Há uma certa beleza musical neste tipo de música, uma espécie de destruição organizada e bela que enche o ambiente de um sentido de drama épico, e “Ultimate Eclat” é uma autêntica encarnação disso com o seu vocal sofredor  e a combinação de sons instrumentais que criam uma atmosfera de poder aniquilador. Resumidamente – bom álbum, contudo a faixa instrumental de piano parece dar uma ideia de falta de alguma coisa para complementá-la.

9/10
Matias Melim

To Conceal the Horns – “Purist”

2020 – Purity Through Fire

Gelo, Satanismo e Karjalanpiirakka são as coisas que mais associamos à Finlândia… talvez à exceção do último que sinceramente só fui buscar ao Google para que pensassem que sou um grande perito em cultura finlandesa (nota: aparentemente, é um tipo de tarte). To Conceal the horns deixa-nos bem servidos em pelo menos os dois primeiros destes costumes finlandeses, tirando o facto que não é bem satânico nem vos vai gelar a casa. Este projeto solo iniciou-se em 2018 com Agitathur Vexd a lançar os seus dois primeiros trabalhos por autoria singular, ambos EPs, no ano seguinte. Agora em 2020, estamos no fim do mundo e somos abençoados com o álbum “Purist”, um trabalho (maioritariamente) black metal com conotações tanto maléficas como épicas (neste momento, creio que estou a perder credibilidade de análise amadora musical, visto que em relação à maioria dos álbuns de black metal que recebo, caracterizo sempre como épicos, mas continuemos…). Composto por sete faixas que prolongam o álbum até os 40 e pouco minutos de tempo, “Purist” é um álbum particularmente interessante devido ao seu recheio pouco monótono ou cru. Tirando o vocal, os intrumentos trabalham de uma forma relativamente ordenada e que pode ser transfigurada a outros estilos de metal menos extremos (como um death metal mais ordenado). Infelizmente, não tenho quaisquer tipo de lyrics a oferecer, contudo há algumas indicações mais subtis que indicam que o contéudo narrativo deste álbum é de certa forma intelectual/espiritual e não do blasfémico/anti-religioso. Este é um daqueles  trabalhos que representa mais que positivamente as margens do underground do seu país, por vezes até superando os seus contemporâneos mais conhecidos. Seria desonesto se não dissesse que me está a dar ideias da minha banda underground predilecta (portanto, o score talvez esteja ligeiramente inflaccionado), contudo creio que é com imparcialidade que digo que este é definitivamente um trabalho a ouvir, e é uma recomendação também àqueles mais picuinhas com o seu metal. Para terminar, um facto foleiro do Google: na Finlândia é comum se comer carne de renas!

9/10
Matias Melim

They Leapt From Burning Windows – “Demo 2020”

2020 – Lycaean Triune

Vou ser picuínhas, eu sei, mas não consigo evitar. Pensávamos que o nome de bandas que davam bons nomes de álbuns era algo próprio do deathcore, mas os They Leapt From Burning Windos mostram que a coisa poderá muito bem espalhar-se para além desses redutos. O que nos vale é que a música é interessante. Black metal cru e algo primitivo – principalmente aquela distorção de guitarra que parece um enxame de abelhas zangadas – mas com uma capacidade para melodia algo inesperada. Por melodia não pretendemos afirmar algo doce e amigável do ouvido. Não, uma coisa épica e marcante. É uma boa surpresa esta demo e que nos faz até perdoar o nome de banda. Poderia até ser pior, poderiam chamar-se “Demo 2020”. Apesar de não ser o primeiro trabalho da banda, é sem dúvida um ponto de partida para quem gosta de black metal pagão. 

8.5/10
Fernando Ferreira

Dark Tower – “Obedientia”

2019 – Electric Funeral Records/Extreme Sound Records

Poderosos, os brasileiros Dark Tower. “Obedientia” soa-nos a black/death metal melódico clássico e com o olho atento para conseguir criar grandes malhas. E ao contrário do que é expectável líricamente, o alvo é bem real e menos assente na fantasia do que estamos habituados – a capa já indica claramente qual o alvo aqui. Grandes e memoráveis riffs, bons detalhes nos arranjos, uma sólida base rítmica. Fica tudo num ponto em que a fasquia está mesmo elevada. Fiquei fã.

9/10
Fernando Ferreira

The Sullen – “Rituals Of Death”

2020 – Edição de Autor

One-man band que tem em Petros Petalas dos Néant (e ex-W.E.B.) como figura que comanda os destinos. São três temas que nos dão boas indicações para o futuro. Não parece haver uma escolha clara entre o death, o doom e o black metal, mas sim uma fusão onde todos os três se apresentam em elementos chave, sendo que a melodia acaba por ser o que os une. Apesar do pouco tempo (não chega a quinze minutos) deu para ver que estamos perante um potencial diamante.

8/10
Fernando Ferreira

Almyrkvi / The Ruins Of Beverast – “Split”

2020 – Ván Records

Assombroso split que tem o impacto quase de um álbum. Os Almyrkvi surgem com o seu black metal atmosférico de ambiências fantásticas enquanto os The Ruin Of Beverast ainda levam a coisa mais além, com uma maior intensidade e misticismo ritualista acrescido. Há, no entanto uma clara separação entre estes dois mundos. Os The Ruins Of Beverast mais experimentalistas (e bem mais doom) enquanto os Almyrkvi mais tradicionais – mas nem por isso previsíveis. No geral, split viciante que em vinil ganha toda uma outra vida.

8/10 
Fernando Ferreira

Dearth – “To Crown All Befoulment”

2020 – Sentient Ruin Laboratories

Impressionante estreia dos Dearth. Por todos os lados surgem-nos bandas vindas sabe-se lá de onde (neste caso já tinham dado o ar de sua graça em 2017 com o EP “Of Martyrdom And Polluted Faith”) com álbuns que não deixam de marcar pela postiva. Black/death metal tão cavernoso como hermético e complexo, com riffs a apelar à dissonância. Já sabemos que este género esgota um bocado os fãs e a banda tendo percepção disso, não vai além das seis faixas em trinta e três minutos – com alguns temas também com duração acima da média. Intensidade é mesmo o que não falta por aqui assim, quem gosta deste tipo de sonoridade, os Dearth são recomendados.

7.5/10
Fernando Ferreira

Throne Ov Blood – “Corrupted By Darkness”

2017 – American Line Prods.

Formados em 2004, os Throne ov Blood são uma banda de black metal norte-americana. Hoje falaremos do seu segundo álbum, lançado em 2017. “Corrupted by Darkness” é um álbum de black metal de uma vertente mais próxima do extrema do que da “mainstream” dedicado às temáticas satânicas mais comuns dentro do meio. Infelizmente, este não é um álbum para qualquer um, é mais um álbum para aqueles que já se inserem dentro do género, portanto, provavelmente só esses conseguirão disfrutar da experiência que este álbum fornece. Neste sentido, o vocal disforme, a bateria caótica e a guitarra hipnotizante são garantidos e mantêm-se enraizados às raízes negras deste estilo, o que penso que agradará uma parte relevante dos ouvintes underground. Contudo, acho que uma crítica aplica-se independentemente de se ser fã de black metal ou não, e esta é a de que a banda não apresenta grandes traços diferenciadores/originais, talvez por ainda não ter tido o tempo para desenvolver  a sua própria entidade devido a apenas ter lançado dois trabalhos no seu tempo de vida (e só para esclarecer, digo isto baseando-me nas 4 ou 5 bandas de black metal que oiço; todas são facilmente identificadas devido às suas tendências instrumentais e não só). Seja como for, a verdade é que o black metal continua a ser um género underground em muitas coisas, portanto é aconselhada a audição independentemente da minha opinião porque, como já sabem, não sou nenhum “expert” em música, quanto mais em estilos mais “underground”.

6.5/10
Matias Melim

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