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WOM Reviews – Glora Nexus / Waldgeflüster / Etxegiña / La Mer / Malvento / Abigail / Malauriu / Primitive / Cogas / Gravedäncer

WOM Reviews – Glora Nexus / Waldgeflüster / Etxegiña / La Mer / Malvento / Abigail / Malauriu / Primitive / Cogas / Gravedäncer

Glora Nexus – “A Grand Monument To Mortality”

2021 – Edição de Autor

Gosto sempre destas surpresas que nos surgem nem sabemos de onde. Bem agora já sei de onde é, Glora Nexus é uma one-man band que tem Svarte como estratega e responsável por toda a música. Tendo já passado milhentas destas propostas pelo cabedal e por muito tentador que seja dizer “outra vez arroz”, a qualidade salta ao ouvido desde o início e não esmorece ao final. Boa produção, sóbria, com um som minimamente orgânico e com a sobriedade também aplicada ao uso das melodias. Até podemos encarar a coisa como black metal melódico mas isso se calhar é desvirtuar aquilo que estas cinco faixas apresentam. Excelente EP e promissor talento que já demonstra muito no seu primeiro lançamento.

9/10
Fernando Ferreira

Waldgeflüster – “Dahoam”

2021 – AOP Records

Este projecto alemão tem impressionado pela regularidade editorial que têm tido. O terceiro álbum por ano seguido numa das piores alturas para a música. E “Dahoam” junta qualidade à quantidade, um álbum de folk black metal que é uma verdadeira viagem pelos sentidos – nossos e deles – e pelo imaginário e misticismo pagão. Vou confessar, isto é o que me parece porque o alemão é língua que não domino, portanto não faço a mínima do que fala concretamente mas acreditando na informação do comunicado de imprensa e na sensação que transmite, a ligação à natureza é mesmo um dos pontos mais importantes. Quem ganha com isso é o ouvinte que gosta da sua música longe de ser descartável. Feita com amor e profundidade que os temas em si merecem. O lado acústico e o mais pesado surgem em perfeita harmonia, algo atingido por uma produção perfeita para que estes sete temas nos efeiticem, numa altura em que a nossa ligação à natureza é mais ténue que nunca. Não é o típico álbum de black metal, não é o típico álbum de folk metal, mas é fantástico. Talvez por isso mesmo.

9/10
Fernando Ferreira

Etxegiña – “Herederos Del Silencio”

2021 – AbArt Corruption / Vertebrae

Ora aqui está um início de carreira para lá de interessante. Não é o primeiro lançamento (já tinham lançado a demo “Nosotros Los Etxegiña” em 2019), mas é um passo mais sólido, um EP onde o projeto franco-espanhol se revela ao mundo com um fulgor impressionante. Para já cantado em basco. E antes que digam “ah e tal é só berros e não se percebe nada”, não, percebe-se bem a diferença. As melodias folk surgem por entre os riffs mas de uma forma orgânica e fluída que deixam com que o fascínio seja desde o início grande. É black metal melódico mas com maior capacidade de apelar a quem gosta de coisas mais tradicionais do que daqueles que são chamados pelos lados mais acessíveis das artes negras. Recomendado.

8.5/10
Fernando Ferreira

La Mer – “Everything Is Falling Apart”

2021 – Roadtrip God Inc.

Sentimentos contraditórios. Não soube o que pensar da capa. Apesar de gostar e de reconhecer que está uma composição fantástica, neste contexto… não sei o que pensar dela. A introdução é fantástica mas depois o som de guitarra, sem um corpo espesso e aquela bateria programada (ou assim parece pelo seu som demasiado maquinal e artificial e maquinal) lá ao fundo da mistura também não ajudou. Mas ainda assim, o ambiente e a música em si têm algo de especial e memorável. O que, tem que se enaltecer, porque não é fácil termos um álbum que tem uma primeira impressão tão forte (e que não é nada de especial) para se tornar algo que facilmente vamos querer repetir. Uma boa viagem e recomendada.

8/10
Fernando Ferreira

Malvento/Abigail/Malauriu – “Split”

2021 – Decibel Productions

Split EP entre os italianos Malvento, os japoneses Abigail (sim, esses mesmo) e os também transalpintos Malauriu que traz um conjunto blasfemo de black metal das mais variadas formas. Comecemos pelo o início. Os Malvento trazem um black minimalista e primitivo que consegue impressionar mesmo sem ser propriamente algo fora do normal. É o ambiente, o ambiente criado é tudo e neste caso é mesmo o que se passa. Necro e cortanto como se quer. Já os Abigail não precisam de apresentações mas para mim até é bom ver como é que estes japoneses malucos andam já que perdi um bocado o contacto com a sua música. O que no caso deles é dizer que se perdeu muito, já que é uma banda extremamente activa e que lança no mínimo uns três splits por ano. A música in-your face, sempre com aquele toque thrash javardo e depois a voz lá atrás, na casa de banho (ou seja cheia de eco). Sempre um poço de diversão. Os Malauriu são a proposta mais “séria” de black metal e mais tradicional, tornando o split ainda mais interessante e diversificado. Cru, bruto e intenso, tal como se quer. Black metal impiedoso, no final das contas.

8/10
Fernando Ferreira

Druadan Forest / Old Sorcery – “Split

2021 – Murder

Do Brasil, os Primitive. Não deixa muito à imaginação mas para quem depois do nome da banda, do álbum e da capa ainda estiver na dúvida, o que se tem é black metal cru e simples – pronto, primitivo. Não queria estar a ser redundante mas não há como fugir à verdade. Isso logo à partida supõe uma série de limitações que no caso específico até nem impedem com que tenhamos músicas acima da média no que diz respeito a ganchos e à capacidade de conseguir provocar uma excelente boa impressão. Para quem gosta das raízes do metal extremo, não só o black metal mas também, de certa forma, o death metal, está aqui um álbum recomendado.

8/10 
Fernando Ferreira

Cogas – “Unconscious Sons Of The Reptile God”

2021 – Edição de Autor

Do Reino Unido, toma lá porrada blasfema. Também nos tempos que correm, até é algo que é possitivo, uma boa castanhada à boa maneira hooligan, embora, tenho que já começar por dizer que não é só porrada a toda a hora. Este é um death metal com apelo ao mundo do black metal, sim mas não deixa de dedicar espaço para melodia. As melodias são no ponto certo, sem deixar adulterar o resultado de quem espera alguma violência. Devo dizer que normalmente o mais comum é encontrarmos o death metal a triunfar na luta pela atenção do ouvinte, mas aqui ambas as vertentes surgem de igual para igual e quem ganha com isso é o ouvinte que obtém algo não tão comum e mais memorável. Uma boa surpresa esta banda inglesa.

8/10
Fernando Ferreira

Gravedäncer – “Unholy Bond”

2021 – Helldprod

Os Gravedäncer são um duo brasileiro que está com o gás todo. Ainda o ano não acabou e eles já têm no bucho três lançamentos. Esta demo lançada pela Helldprod Records é o segundo lançamento e traz-nos aquela mistura fantástica do black metal com o thrash/speed metal mais tradicional e que tem sempre um cunho nostálgico. E apesar da banda ser brasileira, estas raízes até remontam mais a outros continentes, o europeu e o asiático (nomeadamente bandas como Sabbath e Abigail). Não interessa de onde é ou ao que soa, interessa apenas saber que são quatro temas que os amantes dos primórdios do metal extremo vão querer mergulhar de cabeça.

8/10
Fernando Ferreira

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