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WOM Reviews – Green Lung / Funeral Pile / Oenos / Sinistro / Redemptus / Blackoutt / Trouble / Abysmal Grief

WOM Reviews – Green Lung / Funeral Pile / Oenos / Sinistro / Redemptus / Blackoutt / Trouble / Abysmal Grief

Green Lung – “Black Harvest”

2021 – Svart

Ora que coisa fantástica é esta que se apresenta à nossa frente? A sério, estou mesmo a perguntar porque não sei como definir. Rock clássico? Claro que sim. Doom? Há por aqui muito riff que encaixa nisso. Stoner? Se calhar não tanto embora a voz tenha um pouco impacto nesse campo. Para finalizar esta péssima descrição, fica uma citação do comunicado de imprensa: “Black Sabbath meets Brian May”, referindo-se ao que a banda fez antes. Continua presente aqui esse feeling e ele é viciante! Tudo isto junto não vos ajuda a perceber o que raio se passa aqui mas continuam a ser as melhores pistas que vos posso dar. Este álbum tem uma riqueza quase inagualável. As músicas, os riffs, a voz e a emoção que transmite, que belo álbum e que bela banda. Uma forma diferente de fazer doom sem fazer doom, um rock clássico que nunca ouvimos antes. Um dos discos do ano.

9.5/10
Fernando Ferreira

Funeral Pile – “Evoked In Flames”

2021 – Edição De Autor

Quando uma banda inicia o seu caminho e não sabemos nada sobre ela, tudo se espera. A capa poderá dar uma ideia, o que se pode ler no comunicado de imprensa também, mas a qualidade só mesmo após ouvir. E nos dias de rapidez absoluta em que vivemos, basta um detalhe para ficar-se fã ou o oposto. Foi com o que aconteceu com “Evoked In Flames”, o álbum de estreia dos Funeral Pile. Curiosamente, foi esse tema que me agarrou logo á primeira. A junção de doom, death e black metal é feita de forma magistral, de uma forma que nunca tinha visto antes desta forma. Calma, não é uma revolução nos três estilos em particular ou na música extrema em geral. É apenas o compôr temas que agarram logo e que vão buscar os melhores elementos disponíveis, sem andar propriamente a mastigar os seus lugares-comuns. Ou se o fazem, nós nem damos conta porque as músicas são mesmo boas. Um álbum bastante dinâmico que ora lhe dá na melodia, ora lhe dá no groove, ora lhe dá nos andamentos e atmosferas épicas. Excelente início de carreira para esta banda alemã!

9/10
Fernando Ferreira

Oenos – “Crno IV”

2021 – Edição de Autor

Primeiro fiquei curioso desta one-man band – pelo menos é o que nos parece ser – finlandesa (embora o Metal Archives refira a Inglaterra como sede). Depois da curiosidade fiquei fascinado. Um sentido de melancolia e peso ao qual o pós-metal e o doom são imediatamente as referências máximas. E o fascínio leva-me a duas coisas – a querer conhecer o que temos aqui assim como também a querer o que está para trás. O black metal também tem o dedo mas o ênfase é dado à personalidade própria do projecto que usa os elementos mais diversos para deitar cá para fora e não o inverso – os géneros a ditarem e a limitarem os limites das composições. Apaixonante e recomendadíssimo.

9/10
Fernando Ferreira

Sinistro – “Live At Roadburn”

2021 – Raging Planet

Esta representação ao vivo dos Sinistro serve não só para mostrar o primeiro lançamento do género da carreira da banda como também para marcar o fim de uma era, depois da saída de Patrícia Andrade e Fernando Matias. São quatro temas, registados num dos mais míticos e prestigiados festivais de música pesada/alternativa da Europa (e do mundo) e onde estão presentes três temas do álbum “Semente” e do EP “Cidade”, o primeiro a contar com a voz de Patrícia. Um trabalho cru mas perfeito para mostrar o peso e alcance emocional que a banda contava com a voz de Patrícia Andrade. O futuro é ainda uma incógnita para os fãs e será certamente diferente criativamente em relação ao passado, pelo que esta é mesmo a forma quase perfeita de fechar esta fase. E digo quase perfeita porque quatro temas soa sempre a pouco.

9/10
Fernando Ferreira

Redemptus – “Blackhearted”

2021 – Gruesome/Raging Planet/Regulator/Ring Leader

Tem sido bastante profuso o panorama da musica mais pesada em Portugal, em especial na ultima década, no entanto fica a sensação de uma evidente saturação de bandas que apostam no Death Metal ou em alguma das suas “roupagens”, todavia de alguma maneira vão aparecendo ainda que seja de forma pouco abundante é verdade, bandas que se fazem distinguir pela sua originalidade ocupando deste modo um vazio musical, ora os Portuenses Redemptus fazem sem duvida parte deste pequeno nicho. Com ‘Blackhearted’, o seu terceiro álbum de originais os Redemptus exibem com distinção a sua fórmula de Post-Metal, Sludge com algumas aproximações ao Doom e ao Post-Punk. Não é tanto pela técnica ou pelo virtuosismo que ‘Blackhearted’ nos vai cativando em crescendo a cada audição mas sim pela seu ambiente de sofrimento e dor embalado pelos poderosos, pausados, densos e emocionais riffs, aliados a uma mensagem catártica onde a expiação da angústia e do tormento parece pertencer a um término longínquo e inalcançável. Destaque para as formidáveis ‘Heads You Win Tales I Lose’, ‘Still Resemble the Silence’ e ‘Purged by Light Engulfed by Darkness’. Criatividade e credibilidade são na minha opinião as palavras que melhor caracterizam os Redemptus, uma banda que enquanto se mantiver fiel à sua essência tem sem dúvida um futuro auspicioso à sua mercê.

8/10
Jorge Pereira

Blackoutt – “The Culture Of”

2018 – Edição de Autor

Misteriosa banda eslovena que impressiona facilmente logo ao primeiro contacto. Supostamente são uma banda instrumental e muitas das suas músicas apresentam-se dessa forma, mas seguem também a velha máxima da excepção que comprova a regra, neste caso o último tema “Catacomba”, que é mais curto e seguindo as regras tradicionais mas que também demonstra que se a banda quiser poderá seguir por este caminho. Temos uma sonoridade pesada e que funde algum alternativo ao seu stoner doom, fazendo lembrar um pouco Tool caso estes decidissem ser mais psicadélicos ou mais apoiados no som um pouco tradicional do doom. Excelente EP/ álbum – a duração é um dos pontos de frustração do mesmo pelo que vamos dizer que é EP.

8/10 
Fernando Ferreira

Trouble – “One For The Road / Unplugged”

1994-2007/2021 – Hammerheart 

Não podemos dizer que esta reedição seja oportunista em relação à morte de Eric Wagner, a eterna voz de Trouble, já que a Hammerheart tem vindo a reeditar nos últimos meses. Agora junta no mesmo pacote dois lançamentos mais obscuros da carreira da mítica. “One For The Road” é uma demo de 1994 que recupera algum do peso mais doom da sua tradição e o junta à sonoridade mais stoner. Já “Unplugged” é, como o próprio título indica, uma colecção de temas acústicos que não fazem ferver muito o sangue mas que são interessantes rendições que os fãs mais ferverosos vão apreciar. De notar que este “Unplugged” traz as músicas todas apresentadas nas reedições, ou seja mais quatro temas. Para coleccionadores.

7/10
Fernando Ferreira

Abysmal Grief – “Funeral Cult Of Personality”

2021 – Sun & Moon

Regresso dos italianos mestres do doom metal arrepiante e macabro. Devo dizer que apesar de apreciar aquilo que fazem como quase sendo único (poucas são hoje em dia), o seu som sempre foi difícil de entrasr. Não é algo que mude com o que podemos ouvir neste sexto álbum. No entanto, no reverso da medalha temos um ambiente muito especial que fascina ainda mais que as músicas em si. Tal como um filme de terror do qual não temos intenções particulares de rever, temos bem ciente isso mas ainda assim queremos ver até ao final. Claro que o termos essa sensação, não implica que não exista um público para este tipo de coisas. Existe e deverá receber este álbum de braços abertos.

6.5/10
Fernando Ferreira

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