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WOM Reviews – Herxheim / Resin Tomb / Fordomth / Vokodlok / Paimonia / Nebelwind / Ritual Clearing / Oci Vlka

WOM Reviews – Herxheim / Resin Tomb / Fordomth / Vokodlok / Paimonia / Nebelwind / Ritual Clearing / Oci Vlka

Herxheim – “Incised Arrival”

2020 – Nuclear War Now! Productions

A estreia de Herxheim leva-nos para os tempos em que me comecei a fascinar pelo black metal quando este apresentava algo mais do que apenas bons riffs de tremolo picking. Esse aspecto musical, ainda que sempre importante, não tem assim tanta relevância neste contexto. A atmosfera é tudo e a vontade de ir mais além e de apresentar sonoridades estranhas acabam por fazer toda a diferença. Observem por exemplo como o álbum acaba, com uma “Warrior Master Lore” em que é industrial sem usar o quer que seja de electrónica. O feeling está lá todo. Este é apenas um exemplo de um álbum que nos deixou agarrados de uma maneira inesperada.

8.5/10
Fernando Ferreira

Resin Tomb – “Resin Tomb”

2020 – Brilliant Emperor Records

Os Resin Tomb têm estética de back metal. Bem, talvez não tanto o logo mas a capa definitivamente que sim. E a música também, aqueles riffs são tão gélidos quanto se esperaria de uma banda de black mas para confundir (ou tornar as coisas mais interessantes) temos uma identidade death metal (e até um bocado grind) que se surge sabe-se lá de onde, que resulta num lançamento fantástico. É pena é ser tão curto, que isto de quinze minutos não serve para nada. A não ser para tocar outra vez, para chegar à meia hora mas ainda assim sabe a pouco.

8.5/10
Fernando Ferreira

Fordomth – “Is, Qui Mortem Audit”

2020 – Auric Records

Interessante reviravolta no som dos Fordomth. Se na estreia “I.N.D.N.S.L.E.”, de 2018, a banda evidenciava uma forte costela doom, essa costela desapareceu (não por completo, ainda aparece aqui por momentos, em bom nome da dinâmica, mas sem o peso no som final que tinha anteriormente) em detrimento do black metal que reina mais ou menos surpremo. Sendo que a base do som da banda era de certa forma especial, esta transformação poderá alienar alguns fãs. Na nossa opinião a sua essência não se perdeu.

8/10
Fernando Ferreira

Vokodlok – “Oracle’s Fury”

2020 – Edição de Autor

Naturais de Timișoara, Roménia, os Vokodlok regressam passados 13 anos. “Mass Murder Genesis”, primeiro e único álbum da banda, é também o último registo da mesma, até este ano e à edição deste EP, “Oracle’s Fury”. O duo formado por Urmuz e Ghiaur formou a banda em 2000, sendo que a mesma passou por vários altos e baixos, o que se reflectiu nas várias “pausas” ao longo destes 20 anos de actividade.

O som praticado pelo duo anda pela linha do Melodic Black Metal, como o recurso a imensas harmonias de guitarra e pequenos solos, aqui e ali. São 5 temas (mais uma cover de Dies Irae) bastante consistentes e equilibrados. Momentos calmos, onde o elemento melódico já referido vem ao de cima, marcando uma posição e embelezando o tema. De seguida arrancamos para cavalgadas mais hostis e densas. Um trabalho de bateria muito bom, umas vocalizações que enchem os temas, nem demasiado fortes, nem demasiado fracos, no ponto. De certa forma acaba por ser um trabalho que agradará a fãs de Black Metal mais melódico e com uma excelente produção, como aos fãs mais antigos do género, que passaram pelas fases mais sinfónicas e melódicas do mesmo. Eu, pessoalmente, gostei. Soa a datado, de certo modo, mas não desactualizado. Isto poderá soar um tanto ou quanto estranho, mas é assim que o “vejo”. De qualquer modo, é um bom conjunto de temas, uma produção boa q.b., um desempenho bastante bom e, em dados momentos, uns “pózinhos” de Black Metal de Leste, aquelas sonoridades tão características.

8/10
Daniel Pinheiro

Paimonia – “Disease Named Humanity”

2013/2019 – Exalted Woe Records

Regresso ao passaado graças à reedição da Exalted Woe Records, desta estreia dos Paimonia. A banda sérvia traz-nos black metal melódico com uma excelente qualidade. A melodia não é adocicada e nem se sente que é colocada a martelo. De forma natural e com uma enorme atmosfera criada – ajudada por alguns subtis arranjos de teclados e por passagens acústicas – os temas fluem de forma graciosa e este é um trabalho que voltaremos a ele sem dúvida mais vezes.

8/10
Fernando Ferreira

Nebelwind – “Ruinen – Der Verfall Des Seins Und Die Angst Vor Dem Vergessen”

2020 – Wolfmond Production

O duo alemão conhecido como Nebelwind e que lançou três Eps em 2018, volta agora à carga com o seu primeiro álbum de originais. Black metal a puxar ao mantra, graças a riffs repetitivos mas ao mesmo tempo hipnóticos. Faz-nos lembrar um bocado do movimento que começou a povoar no final do século passado e início destes pelo undergroun onde o minimalismo e a melancolia era sem dúvida uma das maiores armas de arremesso, contrariando a tendência de centrar as atenções na imagem e nas controvérsias. Não é totalmente eficaz, mas tem o discernimento de não deixar as músicas prolongarem-se demasiado para além das suas capacidades, o que, neste espectro, é quase refrescante.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Ritual Clearing – “Ritual Clearing”

2020 – Eternal Death

“New England Black Metal”. Das poucas informações que consegui obter acerca desta banda, bastante recente – 2019 – do Connecticut, EUA. “Ritual Clearing” é o primeiro trabalho editado por este quinteto, e o que temos perante nós é um bom produto. Black Metal como exposto nas escrituras datadas dos anos 90 onde, a momentos, como que se conseguem “ver” algumas das paisagens naturais de New England. 4 temas que conseguem, cada um deles, encapsular em si várias linhas melódicas: temos a perspectiva mais crua e despojada de artifícios e, logo de seguida, trechos que poderiam sair de um trabalho de WITTR. Não esquecem, claro, as estruturas do Black Metal dos anos 90, frio e dilacerante, uma melodia agressiva e possante. “Necrophage” é, para mim, um bom exemplo desta quase dualidade, se é que podemos usar o termo, onde a banda toca no quase Cascadian, indo de seguida para o Black Metal clássico norueguês, passando por momentos de DSBM. 4 temas, meus senhores e minhas senhoras, 4 temas repletos de dinamismo e força. É bom ver que o rótulo USBM se mantém forte e vivo.

7/10
Daniel Pinheiro

Oci Vlka – “Demo”

2020 – Caligari Records

Oci Vlka: Olhos de Lobo. Chomutov, localizada nos Montes Metalíferos, República Checa, é o local de origem deste duo de músicos. Com um passado associado ao Hardcore nos xDARKEARTHx, em 2018, e alguns anos após o término destes, o duo decide enveredar pelos caminhos do Black Metal, criando estes Oci Vlka, que em 2020 se estreiam nas edições. Divididos entre o ambiente bucólico das montanhas e a violência social da cidade, daqui nasce muita da inspiração do projecto.

A nível musical, o som vagueia entre vocalizações mais Death Metal e momentos Doom, sem perder o sentido do core do projecto, o Black Metal. Há sim, uma variedade de influências, directas ou não, que dão um dinamismo distinto ao som da banda. Há toda uma espiral, em certos instantes,que nos arrastam e nos agridem. Notamos uma certa “sujidade” nas estruturas, naquilo que estas nos querem transmitir. Na sua globalidade, o som é arrastado e pesado, como que moderno, e escuro e acutilante quando vê sentido em tal. 4 temas bastante longos, todos acima da marca dos 5 minutos, comprovando de certo modo a minha ideia geral acerca desta Demo: longa e arrastada. O produto final prima por uma produção que permite que o ouvinte absorva cada um dos instrumentos com alguma facilidade, o que ajuda a “escavar a cova” a que a música nos remete. Para fãs de projectos que não vislumbram barreiras nem limites para a criação de som extremo.

7/10
Daniel Pinheiro

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