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WOM Reviews – High Priestess / Candlemass / Brackwasser Knipp / Black Wizards / Sorcia / Funeralia / Locus Requiescat / Crimson Dawn

WOM Reviews – High Priestess / Candlemass / Brackwasser Knipp / Black Wizards / Sorcia / Funeralia / Locus Requiescat /
Crimson Dawn

High Priestess – “Casting The Circle”

2020 – Ripple Music

A capa ilustra bem o que temos aqui. Os High Priestess são sacerdotes facilitadores de viagens cósmicas pela nossa alma. “Casting The Circle” é um conjunto de rituais que andam algures entre o doom e o occult rock (sendo que a parte do rock não se deve entender por algo muito efusivo). A veia psicadélica está bem saliente e é motivo para que tenhamos verdadeiras trips sónicas, como o épico de quase vinte minutos “Invocation” (título perfeito) nos mostra. Para quem estiver aborrecido para a realidade à sua volta, não é preciso muito para atingir a transcendência. Apenas os quarenta e dois minutos deste segundo trabalho dos Norte-americanos. Ou talvez até menos.

8.5/10
Fernando Ferreira

Candlemass – “The Pendulum”

2020 – Napalm Records

Quem diria que após tanto tempo de indefinição e de bolas ao poste, que os Candlemass voltassem com um álbum excelente como “The Door To Doom” e que pouco tempo depois estariam aqui com este EP “The Pendulum”. Na realidade apenas o tema título é um verdadeiramente finalizado enquanto todos os outros cinco são versões demo de temas que não chegaram a ser (mais) trabalhados para o álbum. “Snakes Of Goliath” tem quase a mesma estrutura de uma “Electric Funeral” dos Black Sabbath. Já “Subzero”, “Aftershock” e “The Cold Room” são temas instrumentais, curtos, enquanto “Porcelain Skull” é um doomão poderoso. Como curiosidade para os fãs mais die hard, este é um trabalho apetecível. Ou para quem gostou muito do ultimo álbum. Para os curiosos talvez não se justifique.

8/10
Fernando Ferreira

Brackwasser Knipp – “Schieres Entsetzen”

2020 – Edição de Autor

Sujidade daquela que apenas o sludge consegue apresentar. “Schieres Entsetzen” são sete temas que nos trazem uma sensação desconfortável pela qual queremos passar sempre que podemos. Abrasivo como se fosse uma lixa a passar-nos no cérebro durante cerca de trinta e cinco minutos. Agora poderão perguntar, porque é que se iria querer repetir um processo destes várias vezes? É uma pergunta válida à qual se responde com apenas uma palavra: catarse. O problema é que no final só fica um vazio que apenas poderá ser preenchido por mais uma rodagem.

8/10
Fernando Ferreira

Black Wizards – “Endless Vibing Jams”

2020 – Raging Planet

Em tempos de crise e de quarentena, sabe mesmo bem ouvir este EP dos Black Wizards, composto por outtakes do mais recente álbum da banda, “Reflections”. São dois temas de qualidade garantida com um fuzz e até o blues a falar mais alto de que qualquer temor que se possa ter. A chamada “Track 6” então é um blueszorro de todo o tamanho que não vamos conseguir parar de ouvir durante os próximos tempos. Disponível no bandcamp por apenas um euro, vale bem o investimento.

9/10
Fernando Ferreira

Sorcia – “Sorcia”

2020 – Edição de Autor

Há primeira vista (ou audição), os Sorcia não acrescentam muito ao que já ouvimos dentro do stoner/doom. Bons riffs, pitada de sludge aqui e ali, uma abordagem vocal a fazer lembrar os saudosos Acid Bath. Para além dessa lembrança, não podemos dizer que fiquemos particularmente esmagados com estes temas. Havendo o “mood” correcto, certamente que será um disco a revisitar, e até mais do que apenas ocasionalmente mas é preciso algo mais. Não sabendo bem o quê teremos de ficar pelo “je ne sais quois”.

6.5/10
Fernando Ferreira

Funeralia – “Adaptation”

2020 – Black Tears Of Death

Ora aqui está uma banda que tem tudo para se adequar aos tempos actuais. Desde a sua designação até ao nome do trabalho, até ao próprio teor melancólico (ou depressivo ou até mesmo fúnebre). Ou seja, não é música fácil de ouvir, e logo aí podemos perceber que estão no bom caminho. As ambiências criadas, bem sinistras, acabam por ajudar também a que sintamos isso. Confesso que há só um pequeno pormenor que não me entra bem e esta é uma das particularidades da banda. Ao que tudo temos duas vocalistas, Lidi Lidalin, soprano que até não cai nos exageros que a palavra “soprano” pode fazer crer, e Bárbara Carrasco que fica encarregue pelas restantes mais guturais. Ainda temos outra mais em spoken word, que não me parece que seja de nenhuma das duas – parece-me até de um homem. Mas voltando à voz que não me cai bem, é a uma que nem chega a ser gutural nem chega aquela mais rasgada (à lá black metal) ficando um registo desconfortável para os ouvidos. Ainda assim, como testemunho da adaptação que o título fala, é algo que não belisca a qualidade do trabalho. Recomendado.

8/10 
Fernando Ferreira

Locus Requiescat – “Into Dimensions Beyond The Utter Void”

2019 – Satanarsa Records

Se houver uma classificação para música desagradável, este álbum do projecto Locus Requiescat de certeza que rebentaria com a escala. Lento, opressivo e alucinadamente depressivo, está aqui o álbum ideal para quem está deprimido com tudo isto do Covid-19 chegar ao fundo do poço. É que pior que isto, não há mesmo. Atenção, pior, no bom sentido. Antes esta miséria na nossa vida do que outras às quais não se consegue fugir. Devo confessor no entanto, que ao contrário das outras misérias, que esta até cresce dentro de nós. Não é fácil, mas há um certo masoquismo que se instala e que até se comprende porquê… é porque a música é tão boa que a isso obriga. Recomendado para amantes deste tipo de som e de boa saúde mental. E mesmo assim é necessário depois ouvir a “Always Look On The Bright Side Of Life”. Só pelo seguro.

8/10
Fernando Ferreira

Crimson Dawn – “Inverno”

2020 – Punishment 18 Records

“Inverno” poderá levar a pensar que os Crimson Dawn são portugueses ou brasileiros, mas não. São mesmo italianos. Apesar de não serem a banda mais esperada para nos ser apresentada pela Punishment 18 Records – normalmente com propostas na onda do thrash metal – não ficamos desiludidos. Doom metal arraçado de heavy metal tradicional (ou o contrário) “Inverno”, o álbum, é uma boa surpresa para quem não conhecia a banda e gosta do estilo. Quem já conhecia, é uma simples confirmação do seu poder. Bons temas e até a surpresa de “Inverno”, o tema, ser cantado em italiano. Poderá demorar a marcar, mas dada a devida hipótese, consegue faze-lo.

7.5/10
Fernando Ferreira

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