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WOM Reviews – Iron Maiden / Mentalist / Airforce / Metalsteel / Rampart / Excalibur / Allen Key / Sammy Berell

WOM Reviews – Iron Maiden / Mentalist / Airforce / Metalsteel / Rampart / Excalibur / Allen Key / Sammy Berell

Iron Maiden – “Senjutsu”

2021 – Parlophone

As expectativas eram enormes para este álbum e isso notou-se a cada nova peça do véu levantada e às reacções. Algumas das expectativas eram enormes, como se os últimos vinte anos não tivessem acontecido. “Senjutsu” é exactamente o que se esperaria depois de “Book Of Souls” – que continuo a achar que é um excelente álbum. E é ambicioso como se esperaria. Apesar de corresponder a estas expectativas, ainda consegue supreender pela positiva. Estas dez canções fluem naturalmente, apesar de algumas serem enormes mas não se sente nunca a impaciência ou aborrecimento. Até mesmo os temas supostamente mais fracos (“Stratego” é um deles falado por muitos) soam bem. Os Iron Maiden são das raras bandas que não tendo nada para provar a ninguém e tendo passado o pico criativo e de sucesso, não se coformam e continuam a fazer aquilo que querem fazer, a soar como querem soar. E com isso conseguir um dos seus grandes sucessos de sempre. Quantas bandas conseguem fazer algo assim? Compreendo as críticas de todos os que dizem que as música são longas demais mas a veia progressiva da banda sempre esteve presente desde o início – “Phantom Of The Opera”, sim? – e é só natural que ela agora esteja mais presente que nunca. Continua a soar a Maiden, continua a ser heavy metal e continua a ser excelente. Tal como esperado.

9/10
Fernando Ferreira

Mentalist – “A Journey Into The Unknown”

2021 – Mentalist / Pride & Joy Music

Atenção que o título engana! Se acham que a banda de Peter Moog se lançou no desconhecido, esqueçam, porque mais uma vez eles demonstram que sabem muito bem por onde ir e qual o caminho a seguir. Tive a felicidade de ouvir um ou outro trecho ainda em formato raw partilhado por Peter e confesso que fiquei ansioso pelo que poderia chegar.

Mais uma vez os Mentalist não desiludem e acrescentam ao seu catálogo um disco de qualidade suprema digno de figurar entre os melhores do ano. Como sempre a banda usa de forma inteligente aquilo que são as suas influências, criando um “monstro” musical cheio de riffs estilosos, melodias perfeitas e onde mais uma vez as harmonias criadas pelas guitarras de Peter e Kai Stringer soam como nunca! Discaço!

10/10
Miguel Correia

Airforce – “Live Locked N’ Loaded In Poland Lublin Radio”

2021 – ROAR! Rock Of Angels Records

Apesar de serem uma banda que lançou o primeiro álbum em 2016, o seu som revela logo que já andam nisto há uns aninhos. E para quem começar por aqui e tiver algum conhecimento da NWOBHM, vai fazer a ligação com a sonoridade dos Samson, quando Bruce Dickinson estava lá. A ligação não se estende ao baterista Doug Sampson que não foi ex-membro da banda embora tenha sido baterista dos Iron Maiden. A voz de Flávio Lino (ex-Deadlyforce) é excelente e mostra que a aposta no português foi certeira. É pena é que o som não seja muito amigo das dinâmicas, acabando por se tornar cansativo. Principalmente a sonoridade da guitarra. De qualquer forma, não deixa de ser um álbum indicado para todos os fãs de heavy metal.

8/10
Fernando Ferreira

Metalsteel – “Forsaken By The Gods”

2021 – Edição de Autor

Metalsteel até pode ser um nome que transpira os lugares-comuns do metal mas é também a designação de uma das bandas mais clássicas da Eslovénia. “Forsaken By The Gods” é o sétimo trabalho e mostra uma classe de heavy metal que até nem é muito comum nos dias de hoje. Não têm um som explosivo – até acrescento que à primeira audição poderá passar ao lado da atenção para quem procuro algo mais vistoso – mas a forma como constroem as suas canções revelam que não só existe amor ao estilo como também o conhecimento de como o tratar bem. “Death=Life” é exemplo disto que falo. A voz também poderá exigir alguma habituação mas não é preciso muito para que se perceba que Beny Kic canta tão bem como toca guitarra. Uma banda que merece ser conhecida para lá das fronteiras do seu país.

8/10
Fernando Ferreira

Rampart – “WWII: Memories For The Future

2021 – Sleaszy Rider

Heavy metal da Bulgária com um título (e a capa também) que dá logo indicação ao que vem – um álbum conceptual sobre a Segunda Guerra Mundial, de forma a preservar a memória para o futuro. Que melhor forma de o fazer senão com heavy metal? Principalmente quando é feito com tanta paixão. Não é um trabalho perfeito mas há um esforço para trazer grandes temas e de conciliar com o conceito de forma natural e não se sentir que se está numa aula de história – não que isso seja necessariamente mau nos dias de hoje. Bom heavy metal, boa voz por parte de Maria Dièse que também assumiu a produção. Para quem gosta de heavy metal, definitivamente vão ter que ouvir esta banda.

8/10
Fernando Ferreira

Excalibur – “The Bitter End”

1985/2021 – No Remorse

Não vejo com problema o olhar para trás. Acho até que aquilo que foi feito deverá ser relembrado e preservado para gerações futuras. Claro que temos a questão do lucro que isso traz principalmente se fizermos por sistema apostar no passado e não naquilo que temos agora, mas isso já é outra questão. Os Excalibur foram uma banda obscura da NWOBHM que lançaram o seu álbum de estreia quando toda a febre pelo movimento já tinha passado há muito e quando o heavy metal a nível de popularidade no mainstream também estava a viver o seu pico e subconsequente decadência. Cinco anos antes do álbum editaram este EP que tem uma qualidade intemporal. Tem um certo charme, que está aliado ao movimento que pontuou nas ilhas britânicas e chegou a todos cantos do mundo. Esse será o principal defeito. Enquanto a NWOBHM foi algo criado pelos jornalistas juntando bandas que tinham bastantes diferenças entre si em termos de sonoridade (à semelhança do grunge), os Excalibur surgem com um som que imediatamente se liga a essa onda. Apesar desse pormenor de serem seguidores e abdicarem parcialmente da sua identidade musical, a música em si é bastante boa. Como bónus, esta reedição em CD traz duas misturas diferentes para os seis temas: a original da banda e que depois acabou por chegar ao vinil em 1985 – a da banda é superior em todos níveis. Ainda tem quatro temas bónus que terão sido retirados da demo “Back Before Dawn” (pelo menos três) e que curiosamente tem melhor som do que a mistura da editora. É uma peça de colecção interessante que poderá interessar a quem gosta de olhar para o passado com gosto.

8/10 
Fernando Ferreira

Allen Key – “The Last Key”

2021 – Canil

Por muito se tenha a sensação de que hoje em dia os concursos de talentos são insignificantes, não deixa de ser uma boa nota no currículo quando uma banda ganha um concurso quando tem como jurís nomes como Tarja Turunen e Prika Amaral. É o caso de Allen Key que tem em Karina Menascé uma vocalista talentosa que eleva a qualidade de qualquer música onde participe. “The Last Rhino” é o álbum de estreia que mostra que não só a banda tem uma grande vocalista como também tem músicas fantásticas às quais ela consegue tirar partido para evidenciar o seu talento. E poderia até fazê-lo de forma melhor não fosse o alinhamento do álbum não ser o mais favorável. Começar com o tema-título, forte e poderoso, é uma excelente ideia mas depois “Flourish” e “Goodbye” são duas baladas emocionais que abrandam demasiado cedo o ritmo. O que leva a outro problema. O álbum acaba por ter demasiados momentos baladescos que não coadunam bem com o peso que as faixas mais pesadas têm. É como se fossem duas bandas a tentarem competir pela atenção num só corpo. Cada uma das facetas é boa, mas divididas não ajudam a que um trabalho seja mais sólido. Um trabalho que tem qualidade inegavelmente.

7/10
Fernando Ferreira

Sammy Berell – “Beyond The Veil”

2021 – Dark Force

Vou cuspir para o ar e provavelmente vai cair em cima de mim mas é mais forte que eu. Muitas vezes falo de como o death metal sueco é especial e em como, ainda hoje em dia, as músicas que evocam o género conseguem, se tiverem qualidade, transportar essa magia. A diferença entre ir buscar o som de um género, ainda que reduzido a um local espaço-temporal e ir buscar o som de uma banda ou artista em específico é que a primeira soa como homenagem e a segunda como rip-off. Isto mediante cada caso com maior ou menor incidência. Ao ouvir este “Beyond The Veil” de Sammy Berell, a primeira coisa que surgiu em mente foi “Malmsteen”. O som da guitarra, o timbre do vocalista, que só por acaso é Mark Boals, que foi voicalista para… vocês sabem quem… que raios, Berell soa mais Malmsteen que o próprio Malmsteen hoje em dia. E apesar da música ser de qualidade inegável, e até desculpando um certo factor plástico que transpira – principalmente da banda de apoio – não deixa de ser constrangedor a ausência de identidade. O espectro do metal neo-clássico é reduzido e invariavelmente vai-se parar às referências primordias Blackmore/Malmsteen mas uma coisa é tentar fugir e não ter como, outra coisa é simplesmente não se importar com isso apenas lançar uma espécie de “Trilogy Parte 2”. Música boa (sobretudo os temas instrumentais), talento nos píncaros identidade própria: inexistente.

5/10
Fernando Ferreira

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