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WOM Reviews – João Pais Filipe / Kari Rueslåtten / Manes / João Vairinhos / Hayfitz / Shadowdream / Cup / Melmak

WOM Reviews – João Pais Filipe / Kari Rueslåtten / Manes /
João Vairinhos / Hayfitz / Shadowdream / Cup / Melmak

João Pais Filipe – “Sun Oddly Quiet”

2020 – Lovers & Lollypops

João Pais Filipe é um dos mais talentosos percussionistas que temos, tendo já colaborado com diversas bandas e projectos, sempre com uma sonoridade invulgar – nomes como Sektor 304, Black Bombaim e Profan são apenas alguns. Neste trabalho a solo, apesar da percussão ser um ponto omnipresente e que funciona como um mantra, o baterista consegue introduzir quer drones quer ambiências que causa um efeito fantasmagórico e que ajudam a que o tal mantra hipnótico se perpetue. Minimalista mas altamente eficaz, para viagens e meditações agressivas.

9/10
Fernando Ferreira

Kari Rueslåtten – “Sørgekåpe”

2020 – Edição de Autor

Este nome poderá soar pouco familiar à maior parte dos fãs de música pesada. Provavelmente só aqueles que começaram a aventurar-se por domínios mais folk na década de noventa é que se lembrarão do nome de Kari ao lado de Satyr nos Storm ou da sua participação nos Third And The Mortal. Tendo focado-se numa carreira a solo, a vocalista conseguiu tanto explorar o folk como também as sonoridades mais electrónicas, tal como, aliás, o fez na sua estadia no metal, principalmente nos Third And The Mortal. A cantar em noruguês pela primeira vez desde a sua estreia, este é um trabalho que se sente intimista, nas canções, na entrega e nas sensações que prova. Algures entre o folk e o indie, está aqui um trabalho de beleza impressionante.

9/10
Fernando Ferreira

Manes – “Young Skeleton”

2020 – Aftermath Music

Os Manes estão de volta. Isso, esses mesmos, os que se tornaram uma coqueluche do underground do black metal na década de noventa e que depois mudaram-se de armas e bagagens para algo completamente diferente. Perdi o rasto à carreira deles e foi com grande expectativa que encarei este single agora em 2020. E sim, não tem mesmo nada a ver. No entanto, a surpresa foi em ver em como a sua música é mesmo boa. Rock atmosférico? Ambient rock? Os rótulos não interessam mesmo mas é mais forte que eu, não consigo evitar de tentar perceber. O que aqui se passa. O tema título tem menos de cinco minutos mas a forma como está construído faz-nos pensar que poderia ter facilmente o dobro do tamanho. Já “Mouth Of The Volcano” relembra-nos algum do indie depressivo da década de noventa mas que em nada soa desfasado do que se faz hoje em dia. E agora ficou a vontade de ouvir o que andaram eles a fazer desde 1999.

9/10
Fernando Ferreira

João Vairinhos – “Vénia”

2020 – Raging Planet

Não sabia muito bem o que esperar deste trabalho de João Vairinhos mas posso dizer que foi uma excelente surpresa. Vairinhos, presente nos Löbo e ocasionalmente ao vivo com bandas como Murais e Wildnorthe, traz-nos frios ambientes tecnológicos que não estariam muito deslocados da banda sonora de filmes como Tron ou Blade Runner. Três temas, todos com oito minutos, que nos trazem um retrato apaixonante de um mundo rendido ao seu próprio apocalipse. Para os amantes do ambient/industrial, obrigatório.

9/10
Fernando Ferreira

Hayfitz – “Capsules”

2020 – Edição de Autor

Consta que este álbum foi gravado em dezoito dias, num casa em Seattle, rodeada por uma paisagem idílica. Bem, a coisa deve ter resultado porque “Capsules” é composta por uma vibe bem relaxante que nos embala pelo seu folk Americana que chega a ser hipnótico. Facilmente entramos na onda, principalmente se estivermos naqueles dias em que o feeling indie também tem peso na conta final. E normalmente até tem. Só ficamos com uma dúvida… será que a fotografia desta capa foi tirada na dita casa? É que caso tenha sido… era melhor ter virado a câmara para o exterior. Mas se calhar já saía fora do contexto.

8.5/10
Fernando Ferreira

Shadowdream – “Jazz Soundtracks For Embalming”

2020 – Epictronic

Nunca um título soou tão verdadeiro. Temos uma autêntica banda sonora de um filme ainda não realizado, um autêntico film noir (ou seja, quem tem toda aquela atmosfera própria desse género de filme e que não basta apenas colocar a preto e branco para ser tal, como a versão a preto e branco de “Logan”, erradamente chamada de film noir). Misturando na perfeição o ambient e aqueles leves tiques de jazz que já se esperam de algo assim, este é um trabalho perfeito para estabelecer um ambiente que é tão decadente como também assombroso. Surprendente e muito eficaz.

8.5/10 
Fernando Ferreira

Cup – “Nothing Could Be Wrong”

2020 – Aagoo Records

Sabem aquela sensação de letargia que se instala no corpo aquando um sol abrasador cujo calor até se sente à sombra? Aquela sensação de sentir que o mundo está a afundar lentamente, que a vida está a sair do nosso corpo às gotas e que para nós está tudo bem porque nos estamos completamente a defecar? É essa a sensação que se instala após de ouvir algumas vezes “Nothing Could Be Wrong” A mistura de death rock (um género do qual não sou fã) com pós-punk e garage rock resulta neste cocktail explosivo de sensações na qual preferimos que o mundo expluda a tentar, mais que não seja, fugir para longe. Terá os seus méritos para os apreciadores do género, mas a mim tira-me a energia vital, necessária para actos tão simples como respirar. Irrita sobretudo por não estar nenhum sol abrasador lá fora, apenas um longe e interminável inverno cinzento.

4/10
Fernando Ferreira

Melmak – “Social Distance”

2020 – Edição de Autor

Como o próprio título indica, este trabalho foi registado precisamente nesta época de distância social. Esse factor até sobrepõem-se ao facto da designação da banda ser o planeta de origem do nosso comedor de gatos favorito, Alf. É também o primeiro lançamento em quatro anos e surge-nos acústico, com um feeling neo-folk interessante e ainda conseguindo manter aquela aura do doom. Interessante lançamento.

6.5/10
Fernando Ferreira

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