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WOM Reviews – Mau Olhado / Hatebreed / Rosa Sparks / Utilitarian / Refused / Pup / Ricky Butcher / Alcohelldrugs

WOM Reviews – Mau Olhado / Hatebreed / Rosa Sparks / Utilitarian / Refused / Pup / Ricky Butcher / Alcohelldrugs

Mau Olhado – “Os Filhos do Diabo”

2020 – Raging Planet

Não esperava grande coisa com uma capa assim. Felizmente a música até me fez esquecer a dita cuja. E é um dos maiores vícios que pude encontrar em 2020.  Uma mistura crossover, com um feeling punk thrash vincado e cantado em português que não nos deixa parar de continuar a carregar no play. Curto, demasiado curto mas tão viciante de forma proporcional. “Os Filhos do Diabo” é o início da carreira dos Mau Olhado, banda/projecto onde podemos encontrar Tião dos Prayers Of Sanity, e uma das grandes novidades nacionais de 2020.

9/10
Fernando Ferreira

Hatebreed – “Weight Of The False Self”

2020 – Nuclear Blast

Regresso de um dos grandes do hardcore norte-americano. É engraçada a forma como o tempo brinca connosco. Sempre encarei os Hatebreed como a nova geração do hardcore, mas estes novatos já andam por aqui há quase três décadas. E claro que num ano como 2020, teríamos que ter mais um ensaio de porrada e de raiva a serem libertados, num ano tão cheio de frustrações como este. A sua fórmula mantem-se inalterada mas esse nem era um ponto que se esperava que mudasse. Ora mais thrash, ora mais hardcore, ora mais breakdowns ora com mais solos (bem melódicos) o equilíbrio é a solução apontada para um álbum sólido e ao qual consegue reunir todo o nosso entusiasmo.

8.5/10
Fernando Ferreira

Rosa Sparks – “Social Distancing”

2020 – Edição de Autor

Faz falta lançamentos assim. O nome poderá ajudar a saber ao que os Rosa Sparks vêm. A ironia da capa e daquelo que vivemos neste momento ainda mais. Temos uma banda/projecto que não tem problema em por o dedo na ferida e para isso têm várias armas à sua disposição. Do punk ao hardcore, do dub ao funk e tudo por parte de músicos experientes (de bandas como Simbiose, Freddy Locs,Boca Doce, Peste e Sid, M.A.D. e muitas outras), amigos, que têm a necessidade de deitar cá para fora a revolta que estão a acumular lá dentro, vozes da raiva que urge ouvir, pela forma refrescante e acutilante como soa. Que não fique por aqui.

8/10
Fernando Ferreira

Utilitarian – “Stay Angry”

2020 – Edição de Autor

Obviamente que teríamos hardcore zangado com um título destes. Os Utilitarian trazem punk e hardcore embebidos, bem embebidos, em metal e com uma clara mensagem de protesto contra o actual estado de coisas. Algo que até nos sentimos muito, cada vez mais. Quando trazem duas covers (uma dos Doom – “Police Bastard” – e outra dos Dead Kennedys – “Police Truck”) e lhes juntam a sua própria de grito de revolta social, o resultado só poderia ser memorável. E é. Ainda para mais os lucros da venda deste lançamento será doado para uma instituição de caridade).

8/10
Fernando Ferreira

Refused – “The Malignant Fire”

2020 – Spinefarm Records

Não é exagero do comunicado de imprensa quando se refere aos suecos Refused como lendas do punk/rock principalmente pela forma como conseguiram conciliar uma série de influências externas e criar vários novos caminhos para a música pesada moderna. Desde o regresso em 2014 não podemos dizer que tenham tido propriamente o mesmo impacto mas isso não lhes retira a importância em nada. Este EP traz cinco músicas (uma delas, “Malfire” disponível no último álbum da banda “War Music”), uma cover (“Born On The Outs” dos Swedish House Mafia) e três músicas novas. Três excelentes músicas. 2020 fez com que os Eps fossem um item bastante popular, a sorte é nossa é que na sua grande maioria são de qualidade elevada. Como é o caso de “The Malignant Fire”.

8/10
Fernando Ferreira

Pup – “This Place Sucks Ass”

2020 – Rise Records

Este é mesmo o ano ideal para este tipo de lançamentos, onde temos tudo parado por causa da pandemia. E que tipo de lançamento é este? Um EP com temas das sessões do álbum “Morbid Stiff”, uma cover e um tema novo (“A.M. 180” e “Anaphylaxis” respectivamente, dando tudo junto punk rock bem melódico como é apanágio da banda canadiana. É um EP descomprometido e para descomprimir. Só não o consegue com sucesso porque infelizmente estes temos são mesmo merdosos. Mas ajuda.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Ricky Butcher – “Fuck: The Album”

2020 – Infamous Butcher Records

Quem não conhece os “Sons Of Butcher”? Provavelmente muitos. Eu mesmo só os conheci por acaso quando ouvi o tema (o hino!) “Fuck The Shit” no youtube, uns anos atrás. Os “Sons Of Butcher” era uma série de TV humorística, uma espécie de Spinal Tap canadiano e agora um dos seus membros o Ricky decide seguir o seu caminho a solo com um álbum inteiramente dedicado à palavra “Fuck”. Todos os temas têm “Fuck” no título e muitos “Fucks” pelo meio. Claro que temos a versão 2020 de “Fuck The Shit” logo a abrir, e temos a “Song Of 1000 Fucks” onde dizem mais ou menos vezes a palavra “Fuck”. Claro que não é para levar a sério e nem todos os temas conseguem ser eficazes mas ainda assim, quando acertam, acertam mesmo em cheio. Começar com “The Big Fucking Welcome” e acabar com “The Fucking End” é algo que por si só é motivo de sorrir. Pelo meio, temas que raramente ultrapassam um minuto mas que fazem sorrir o nosso lado politicamente incorrecto. Nos dias de hoje, especialmente bem vindo.

7/10
Fernando Ferreira

Alcohelldrugs – “Infernal Metal Punk”

2020 – Murder Records

Hoje há metal para todos os gostos e feitios. Se temos produções poderosas e digitais (e em muitos aspectos artificiais) também temos produções precárias e básicas que nos fazem recuar até às demos que estiveram na base da evolução da música extrema até ao ponto em que a conhecemos hoje. É o caso desta estreia do duo “Infernal Metal Punk” que homenageia esse sentimento primordial do metal extremo que tem a qualidade de um ensaio dos Hellhammer em 1984 – sendo o título bem explicativo em relação ao estilo de música. O meu principal problema com este tipo de coisa é que por vezes a falta de habilidade e talento confunde-se com essa homenagem aos clássicos. Não estou a dizer que é o caso aqui, até porque existem algumas ideias, muito embrionárias mas interessantes. Não ajuda o facto de terem vários tipos de sonoridades como se tivessem sido registadas em diferentes estúdios (ou salas de ensaio). No geral parece-me a uma banda que claramente precisa de mais membros e de mais tempo dentro da sala de ensaios. Mas não é preciso gravarem esses ensaios para o resto do mundo ouvir, esperem mais um bocado.

3/10
Fernando Ferreira

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