WOM Reviews – Merlock / Seventh / Brimstone Coven / Esoteric / Mynskh / Temple Of Void / Juice Oh Yeah / Al Yeti Bones
WOM Reviews – Merlock / Seventh / Brimstone Coven / Esoteric / Mynskh / Temple Of Void / Juice Oh Yeah / Al Yeti Bones
Merlock – “That Which Speaks”
2020 – Edição de Autor
Interessante álbum de estreia. Interessante mesmo. O rótulo sludge transporta-nos para algumas paisagens e de todas essas que já tínhamos pré-concebidas em mete, não esperávamos que alguma fosse como esta. Uma espécie de mistura entre sludge, doome e rock psicadélico que é refrescante de uma forma surpreendente. Composto por quatro temas de duração acima da média (a rondar os sete minutos) no final fica um misto de emoções. Por um lado a sensação de que poderíamos muito bem ouvir mais quatro dentro dos mesmos moldes. Por outro de barriga cheia perante a excelência crua da música que se pode ouvir aqui.
9/10
Fernando Ferreira
Seventh – “Vacarme”
2020 – Edição De Autor
Por muito mal se diga e se pense (algumas das vezes com razão) sobre as misturas do black metal com os “pós” desta vida, existem demasiados bons exemplos de que continuamos a ter boas surpresas. Este não é o primeiro álbum dos canadianos Seventh mas é o meu primeiro contacto com a sua música o que me leva a questionar o porquê da banda ainda não ter um contrato discográfico. Não que hoje isso seja determinante para definir o sucesso ou fracasso, mas a banda demonstra estar num nível bem acima. Com a ambiência discográfica bem acima da média e com uma veia melancólica e atmosférica bem acentuada, “Vacarme” e, sim, apesar de alguns tiques de black metal, também temos muito de pós-metal por aqui. É neste momento que só reparamos que nos debatemos com este tipo de questão quando a música não tem qualidade suficiente para nos prender a atenção. O que não é o caso. “Vacarme” é um álbum que vive para além das correias estilísticas. Acredito que também para além do tempo.
9/10
Fernando Ferreira
Brimstone Coven – “The Woes Of A Mortal Earth”
2020 – Ripple Music
O regresso dos Brimstone Coven não poderia ter sido melhor. Depois de terem saído da Metal Blade e de terem editado o último álbum de forma independente, o power-trio do West Virginia encontrou finalmente a sua casa na forma da Ripple Music, e não poderia ter sido melhor escolhida. Com uma enorme classe, este seu sexto álbum demonstra que a banda poderá estar em grandes independentes assim como numa casa mais humilde ou até mesmo em lançar trabalhos em formato de edição de autor, há sempre uma constante qualidade que antecipamos. “The Woes Of A Mortal Earth” traz-nos essa mesma qualidade com um trabalho intemporal e que soa a clássico desde o primeiro momento, desde a primeira nota. Temos um proto-doom metal misturado com hard rock clássico a lembrar uma mistura de Pentagram com Lynnyrd Skynnyrd e soa tão bem como se estivessemos novamente a descobrir afinal o que é que é isto do heavy metal.
8.5/10
Fernando Ferreira
Esoteric – “Metamorphogenesis”
1999 / 2020 – Aesthetic Death
Reedição de um álbum clássico em vinil, algo que já estaria mais que na altura. E não só o temos em vinil como também o temos remisturado e remasterizado, adaptando a sonoridade ao seu formato, com o seu som mais cristalino e com a sua eficácia suicida mais pugente. Sem dúvida um álbum que é tão difícil de ouvir como é difícil deixar de o ouvir. Se há um efeito positivo deste revivalismo do vinil é a reapresentação de clássicos como o “Metamorphogenesis” que poderá, sabe-se lá como, ter passado despercebido aos amantes e fãs do funeral doom muito característico dos Esoteric. Esta é uma das suas obras mais desafiadoras.
9/10
Fernando Ferreira
Mynskh – “Chapter 1: Obliterating”
2017/2020 – Atmaah Records
Devemos sempre desconfiar dos álbuns de estreia, certo? Principalmente de álbuns de estreia que nos chegam assim de rompante, do nenhures. Sem provas dadas do quer que seja, não podemos confiar. Alguns até podem argumentar que nem se pode confiar nos ouvidos, tal não é a convicção, mas isso também já é parvoíce. Se não confiarmos nos nossos ouvidos, o que estamos aqui a fazer? Este trabalho foi editado em 2017 mas agora é reapresentado depois de ter sido remisturado e remasterizado, para além de ter tido o baixo regravado. Não sabendo como estava antes, só posso comentar perante o que me foi apresentado agora e o que me foi apresentado é sem dúvida muito bom. Uma mistura muito boa entre uma espécie de doom e black metal melódico que soa de forma perfeita. Esperemos que esta manobra que chamará a atenção para este duo austríaco sirva também para a nunciar a vinda de mais nova música. Tivemos ainda acesso ao álbum em formato instrumental e ainda é melhor.
9/10
Fernando Ferreira
Temple Of Void – “The World That Was”
2020 – Shadow Kingdom
É 2020, ano da desgraça, e os Temple of Void apresentam o seu terceiro álbum: World That Was. Bem, estes americanos devem ter descoberto o que se aproximava, já que só a julgar pelo título das faixas parecem estar a discutir a falta de espinha dorsal que muitos estão a ter no combate ao grande obstáculo que atualmente enfrentamos. Focado numa mistura de death e doom metal, The World That Was é um albúm marcado pelo seu ritmo lento e sonoridade arrastada mas imponente, o que certamente já poderá limitar o seu agrado ao público. A terceira faixa é uma salvação para mim, já que passam duma sonoridade doom para um tom apenas marcado por guitarra acústica que sempre serve de tira gosto para os passados 12 minutos de esmagamento. Depois vem um momento menos bom, que começa por se marcar como death com alguns tons eletrónicos (que, como se destacam por não se enquadrarem com o resto, infelizmente voltam a surgir) e um vocal limpo…inapropriado? Não sei, mas para mim não encaixa muito bem, encaixaria melhor se desde o início do álbum a banda assumisse um tom mais moderado provavelmente. Felizmente, as coisas retomam o seu rumo normal posteriormente e de forma bastante positiva, com aquelas faixas de death mais ou menos lento que parecem incapazes de não levar ao headbang instintivo. E o álbum termina com uma faixa mais épica que dá toda uma radiação diferente a esta peça musical. Em suma, é um bom álbum com uma boa oscilação de sonoridades, apesar da do meio do álbum me parecer uma experiência com a necessidade de alguns ajustes.
7/10
Matias Melim
Juice Oh Yeah – “Sila Vselennoy”
2013 – Edição de Autor
Viagem no tempo até ao álbum de estreia dos Juice Oh Yeah. Depois de gostarmos do segundo álbum – que analisámos aqui – nada como ir às origens. Estas origens são aquilo que esperávamos. Stoner psicadélico – e grande ênfase na palava “psicadélico” – mas sempre com um groove estranho que se entranha até mesmo antes de se estranhar. Não sou especialmente fã desta solução de pitch marado que parece que a guitarra está desafinada – que é popular tanto no fuzz como no pós-rock – e se não fosse esse detalhe, este seria um álbum muito mais eficaz. Ainda assim, válido para quem não tiver este problema e para quem gostar de psicadélico esquisito.
5/10
Fernando Ferreira
Al Yeti Bones – “Conduit Beast”
2020 – Edição de Autor
Os Al Yeti Bones não só têm um nome esquisito como também têm um stoner a condizer. Para já, o uso de teclados dá-lhes uma espécie de classic rock que nos faz sentir que estamos presos entre dois mundos que até faziam sentido os dois em conjunto, mas que aqui nos parecem disconexos. O pior mesmo é o sentimento de letargia que vamos sentido ao longo destas músicas, não conseguindo contagiar-nos de todo. E não interessam quantas vezes estamos a ouvir, é um sentimento que não muda.
4/10
Fernando Ferreira