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WOM Reviews – My Silent Wake / Metadevice / oooOooo / Cory Marks / Explicit Human Porn / 23 And Beyond The Infinite / Mora Prokaza

WOM Reviews – My Silent Wake / Metadevice / oooOooo / Cory Marks / Explicit Human Porn / 23 And Beyond The Infinite / Mora Prokaza

My Silent Wake – “Damnum Per Saeculorum”

2020 – Opa Loka Records

Os My Silent Wake têm fama de lançarem música desafiante. Desafiante e diferente, embora os possamos encaixar no espectro do doom melódico com contornos góticos. Pois bem, apesar desse rótulo ainda fazer sentido aqui, o que temos é algo mais dentro do ambient e folk ritualista. Nomes como Elend, Dead Can Dance e Ataraxia surgem em mente, embora haja por aqui o cunho muito pessoal da banda britânica. Consegue prender do início ao fim mesmo apesar de ser totalmente diferente do que as expectativas ditariam. Uma banda com uma carreira já tão extensa arriscar desta forma e ver o seu risco dar frutos – pelo menos em termos de qualidade, em termos de recepção por parte do público ainda é uma incógnita – é sempre fantástico. Mas a música é mais.

9/10
Fernando Ferreira

Metadevice – “Ubiquitarchia”

2020 – Malignant Records

Primeiramente editado em formato digital e depois em cassete, “Ubiquitarchia” é o segundo trabalho do projecto Metadevice, a nova expressão musical de André Coelho. A grande diferença, palpável logo na primeira audição, é que este é um trabalho mais acente na vertente industrial e maquinal, onde os elementos mais orgânicos são minimizados apenas por ocasionais da voz. Composto e gravado durante o período de quarentena e confinamento, retrata bem a temática de isolamento e da mercê à tecnologia para subsistir. Como sempre, é recomendado apenas para os amantes das sonoridades mais experimentais, sendo que os apreciadores de noise industrial vão apreciar esta evolução.

8.5/10
Fernando Ferreira

oooOooo – “Advento Refractário”

2020 – New Approach Records

E bem vindos ao outro lado. O outro lado do espelho onde nada é o que parece ser e a música é tudo meno acessível. Mas nem por isso menos boa. oooOooo é um projecto cuja peculariedade não fica encerrada na sua designação. O drone e o noise são, à partida uma das suas maiores fontes de expressão mas também temos alguns pormenores de folk que acabam por dar o colorido, essencial, para se destacar de tudo o resto. O facto de termos algumas peças com voz, a declamar poesia, o que ainda acrescenta ainda mais misticismo. Resta dizer ainda que é um duplo lançamento em cassete, sendo também a estreia do projecto no formato físico. Fantasmagórico.

8.5/10
Fernando Ferreira

oooOooo – “Onomatopeia Monolítica”

2020 – New Approach Records

Este é um lançamento gémeo em cassete, fazendo par de “Advento Refractário”, por parte do projecto experimental oooOooo. Enquanto o outro tinha mais faixas (“Onomatopeia” no lado A e “Monolítica” no lado B), este tem apenas uma longa de cada lado totalizando vinte minutos de duração. Mais cru e mais assente na atmosfera do drone, onde temos alguns instrumentos folk à espreita (principalmente na “Monalítica”, que é uma forte componente do tema). A voz também surge em maior proporção e o ambiente é consideravelmente diferente do outro lançamento gémeo mas igualmente interessante. Para dotar de ainda maior interesse este lançamento duplo, referimos que se trata de uma edição limitada a um cinquenta cópias, sendo que cinco são uma caixa de madeira gravada à mão, assim como o livrete e as restantes quarenta e cinco num saco de Juta, cada uma delas com uma pedra recolhida no Norte de Portugal.

8/10
Fernando Ferreira

Cory Marks – “Who I Am”

2020 – Better Noise Music

Antes de mais nada, tem que se avisar que o Cory Marks é apontado como a nova voz do country. Exacto, o country, a tradição norte-americana de cantar sentimentos, tal como como a portuguesa é o Fado – não querendo aproximar o que está a milhas de distância. Em princípio não seria algo que nos interessasse, mas a questão é que o amigo Cory Marks gosta de lhe juntar o peso do rock, o que, aí, já nos diz respeito. E temos muitas boas surpresas como “Devil’s Grin” e “Outlaws And Outsiders”, que tem um grande groove e apelo rockeiro – ainda que seja, como expectável, um southern rock. Surpresa muito boa e álbum que poderá fazer mudar a forma como nos relacionamos com o country.

8/10
Fernando Ferreira

Explicit Human Porn – “In Excexx”

2020 – Edição de Autor

Como os Explicit Human Porn nos foram apresentados foi como que uma mistura entre Rammstein e Lacuna Coil e In This Moment (entre outros) e de certa forma isto faz sentido. A voz sobretudo tem raça o suficiente para ser melódica e abrasiva e instrumentalmente temos um rock/metal industrial que remete-nos para o universo da banda alemã. Se por vezes, temos alguns lançamentos cujas descrições nos comunicados de imprensa nos despistam, outras não só conseguem acertar mesmo na mouche no que estamos a ouvir como também ainda nos consegue surpreender. É o caso. Boa banda e um começo em grande com este EP.

8/10 
Fernando Ferreira

23 And Beyond The Infinite – “Elevation To The Misery”

2020 – Edição de Autor

Façam cuidado que este é o som que faz mal à cabeça dos mais sensíveis. Conhecemos minimamente o espectro da música psicadélica, mas esta dá-nos mesmo os componentes químicos capazes de proporcional uma tal moca, que até pensamos que estamos de volta aos anos sesseenta pela primeira vez. Isto se os anos sessenta fossem vanguardista e metessem noise rock ao barullho. Resumindo e baralhando, não é um disco para pessoas mentalmente sãs. Ou melhor, é exactamente um disco para pessoas mentalmente sãs, só elas poderão aguentar o abate desta loucura. Já os outros… façam cuidado!

5/10
Fernando Ferreira

Mora Prokaza – “By Chance”

2020 – Season Of Mist

Sempre fui um grande defenso das expansões que o black metal fez para outros géneros, assim como defendo que a criatividade deverá manifestar-se sem limites. Quando se defende algo assim, é sabido que haverá sempre forma disso aparecer-nos de volta para nos dar um pontapé no cu. É o lei do carma. E nesse aspecto, está aqui o terceiro álbum do projecto bielorruso, Mora Prokaza, em que a banda de repente abriu um portal qualquer não para um sítio diferente do inferno, mas para vários. Tantos que por vezes até se esquece do próprio black metal. Algo que nitidamente, para mim, não resulta. Apesar desta opinião, continuo a manter que o black metal deve expandir-se e o valor de álbuns como “By Chance” é de nos mostrar que definitivamente existem coisas que não resultam.

2/10
Fernando Ferreira

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