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WOM Reviews – OJM / Conan / Chaos Echoes / Hvalross / Lacolpa / Indus Valley Kings / Messiahvore / 1782

WOM Reviews – OJM / Conan / Chaos Echoes / Hvalross / Lacolpa / Indus Valley Kings / Messiahvore / 1782

OJM – “Live At Rocket Club”

2021 – Go Down Records / Vincebus Eruptum Recordings 

Saudades de sentir esta vibração da música ao vivo. Não é por acaso que num momento que a indústria musical faz um compasso de espera (porque os concertos ao vivo são cada vez uma das componentes mais importantes) que temos visto a serem editados muitos trabalhos ao vivo. Algo que é ainda mais significativo para bandas que têm na actividade ao vivo um ponto muito importante. No caso dos OJM ainda é mais importante, a banda não lança trabalhos há bastante tempo – mais de dez anos – mas ao vivo continua a ser uma máquina implacável. Stoner rock (com enfase no rock e no psicadélico) onde somos transportados para salas pequenas, com a distorção das guitarras em modo fuzz, ou o tom aveludado do baixo é intermitente com as batidas da bateria a guiar-nos para as celebrações místicas que parecem retrados de uma outra vida. E são. O que vale é que vamos tendo registos como estes para nunca nos esquecermos.

8.5/10
Fernando Ferreira

Conan – “Live At Freak Valley”

2021 – Napalm

Antes de se arriscarem com um álbum de estúdio, não é nada mau pensado lançar um álbum ao vivo, mais que não seja para manter o nome activo. O mesmo foi feito o ano passado com o split “Doom Sessions” com os Deadsmoke mas desta vez o impacto é maior. Afinal é o terceiro álbum de uma banda que tem o (bom) hábito de nos hipnotizar perante mantras monolíticos de distorção e onde esse efeito é sem dúvida multiplicado por mil. Não me parece que tenha sido registado após o lançamento do mais recente trabalho, o álbum “Existential Void Guardian“ já que não tem nenhuma faixa do mesmo mas ainda assim é de uma qualidade sonora invejável, pelo que não será preterido pelos fãs, tenho a certeza. Doom como este nunca fica fora de prazo.

8.5/10
Fernando Ferreira

Chaos Echoes – “Ecstasy With The Nonexistentes”

2021 – Sentient Ruin Laboratories

Um álbum ao vivo a título póstumo é, na minha opinião, uma forma fantástica de celebrar a obra de qualquer banda. No caso dos Chaos Echoes, que terminaram funções em 2019, este material não é propriamente inédito, já que o mesmo já tinha sido lançado na compilação de duplo CD editada em 2019 intitulada “Remains”, no entanto agora é editado pela primeira vez em vinil e como um produto só. Visto que foi registado através da mesa de mistura, não temos qualquer tipo de interacção do público mas tal nem se sente necessário. A sua música (reinventada constantemente) é tão única e tão peculiar, que já se parte do príncipio de que as coisas não serão mesmo normais. Não é um trabalho fácil de ouvir, aliás, tal como a música da banda não é fácil de interiorizar. Um trabalho denso, hermético e muito, muito, pesado. Esta é a música desagradável ideal para combater aquele vizinho que opta por colocar música azeiteira a altos berros. Depois disto tenho a certeza que mudarão de concelho. Ou país.

8/10
Fernando Ferreira

Hvalross – “Cold Dark Rain”

2020 – Edição de Autor

Lançamento independente, é algo sempre que admiramos e apoiamos. Quando esse apoio é retribuído com grandes trabalhos, ainda melhor. É o caso dos holandeses Hvalross neste álbum auto-intitulado são donos de uma sonoridade cativante que anda a passar entre o stoner e o heavy/doom tradicional – com a voz a dar alguns repentes de alternativo. Mais que sonoridade cativante, são as canções que conseguem cativar facilmente. Não será imediato, acredito, mas é dos casos em que poderá se estranhar mas mais rapidamente se entranha.

8/10
Fernando Ferreira

Lacolpa – “Post Tenebras Lux”

2020 – Brucia Records

Bem vindos ao inferno. Uma coisa tem de ser dita sobre o inferno. Além do óbvio, de não ser um sítio agradável, ele também surge sem aviso. Para alguém que não conhece os italianos Lacolpa, poderá não saber disto mas a verdade é que poderá estar aqui uma filial que garante acesso rápido aos torrões do inferno. E nem precisamos de passaporte, de suícidio, de proceder aos mais diversos pecados para garantir o acesso. O mesmo surge logo, imediatamente. Uma sensação de desconforto, de medo (ou terror) claustrofóbico mas ao mesmo tempo um fascínio mórbido para ver a nossa própria decadência, os nossos próprios limites. Não é certo que seja geral esta atracção doentia, mas a acontecer, será marcante. Só para alguns.

7/10
Fernando Ferreira

Indus Valley Kings – “Indus Valley Kings”

2021 – Edição de Autor

Álbum de estreia dos norte-americanos Indus Valley Kings que me chamaram à atenção por um pequeno e curioso detalhe. Foi gravado ao vivo (sente-se isso, essa vibe orgânica que é de longe a melhor característica do álbum) nos estúdios Shorefire Recordings em Nova Jersey por Joe DeMaio. Exacto, mas não, não é esse Joe DeMaio. De volta à música. Temos um stoner/doom paquidérmico que se arrasta com alguns momentos de interesse e com a arma da fluidez para nos agarrar a atenção. A produção é suja e favorece este tipo de sonoridade, dando aquela sensação de trabalho registado ao vivo – creio que deverá ter sido essa intenção – mas fica a curiosidade de ouvir a banda num ambiente mais controlado, pelo menos no que à distorção da guitarra e captação da bateria diz respeito. Para os stoners há aqui material de interesse.

7/10 
Fernando Ferreira

Messiahvore – “Messiahvore”

2021 – Coffin & Bolt Records / Golden Robot Records

Sludge cheio de groove dos Estados Unidos, uma nova banda que inicia a sua discografia em beleza. Não é original – como já disse muitas vezes, não precisamos de originalidade porque nem sempre a mesma é sinal de boa música – mas tem poder suficiente para nos cativar. A capacidade de manter o peso, manter o groove e de fazer com que os temas sejam eficaz. Devo dizer que do panorama aqui apresentado, apenas a voz não é totalmente eficaz. Musicalmente diversificado e dinâmico – algo que até nem é muito importante no sludge – a voz acaba por ser algo unidimensional. Seja como for resulta o suficiente para que nos fiquem na memória.

7/10
Fernando Ferreira

1782 – “From The Graveyard”

2021 – Heavy Psych Sounds

Ainda parece ontem que foi a estreia dos italianos 1782, e agora já estamos a ouvir o seu segundo trabalho – entretanto passaram dois anos mas como também 2020 e 2021 foi e está a ser respectivamente, até nem é estranho que não se sinta a passagem do tempo. Doom metal arrastado e sujo, com o bode da capa a mostrar que a componente “occult” não está aqui por acaso – ou não se iniciasse tudo com a ritualística intro “Evocationis”. Normalmente sou bastante fã deste tipo de coisas, riffs paquidérmicos, sujidade, groove doom… só que aqui, não sei se é da produção ou da música em si, parece-me algo letárgico demais. Como se houvesse aqui alguma maleita que impedisse quem está a tocar e quem está a ouvir de mostrar um pouco mais de empolgamento. Não sendo um mau álbum, também não revela ser bom ao ponto de pegarmos nele mais vezes. Talvez fosse o borrego que estivesse mal temperado ou não fosse fresco mas há mesmo aqui qualquer coisa que não caiu bem.

5.5/10
Fernando Ferreira

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