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WOM Reviews – Genfærd / Nyctophilia / Hellmoon / Wintarnaht / Amargor / Witcher / Mystagos / À Répit / Betula

WOM Reviews – Genfærd / Nyctophilia / Hellmoon / Wintarnaht / Amargor / Witcher / Mystagos / À Répit / Betula

Genfærd – “Blodhævn”

2020 – Edição de Autor

O segundo álbum dos dinamarqueses Genfærd demorou o seu tempo até chegar até aqui mas agora que cá estão parece que não passou nenhum tempo. O seu primeiro álbum poderá ter passado algo despercebido no underground e não temos indicativos de que este segundo vá quebrar com essa tradição, mas o que se pode dizer é que para quem gosta de black metal evocativo e capaz de criar um ambiente propício para o género, esta é mesmo a escolha acertada. Riffalhadas épicas e um midtempo que ocasionalmente é quebrado mas não deixa de ser essencial para estabelecer os ambientes atrás citados. A simplicidade da sua abordagem que deixa tudo na mão de um trunfo apenas (mais uma vez, os ambientes) poderá ser arriscado mas aqui compensa claramente.

8.5/10
Fernando Ferreira

Nyctophilia / Hellmoon – “Under The Darkest Sign Of Ancient Evil”

2020 – Edição De Autor

Eu nunca fui um grande fã de splits. Honestamente, não consigo realmente explicar porquê, mas deve ser devido a uma terrível experiência passada. A verdade é que nos últimos anos pus isso de lado e cedi a este formato das bandas apresentarem material novo. Comecei a compreender a beleza de ter diferentes variações de black metal juntas e, no final, soar quase homogéneo… ou não. E o “ou não” é o que o torna interessante para mim, na verdade. O que me “assustou”, é o que agora me faz comichão. E o que é que temos aqui? A Nyctophilia, da Polónia, começa o álbum com um padrão muito banal, mas cheio de riffs poderosos e odiosos, abordagem black metal. Quatro faixas em que o ouvinte não tem um único momento de descanso, nem de paz. Grief, a mente por detrás de Nyctophilia, apresenta mais um lançamento… e tem havido muitos deles! Em termos de som, não se afasta do que os pilares do género criaram na era (dourada). Poder-se-ia dizer que a atitude de N é muito mais violenta sonoramente do que a de Hellmoon, e de certa forma anda de mãos dadas com a postura polaca em Black Metal: agressão e ataque poderoso. Por outro lado, a Lua do Inferno do Canadá tem muito mais melodia no seu núcleo. Ambos os “lados” são soberbos, isso lhes garanto! Tive a oportunidade de ouvir este lançamento várias vezes, e o que primeiro soou como apenas mais um split, rapidamente cresceu em mim. Atrevo-me a dizer que isto está na minha lista dos Melhores do Ano… fácil. Como estava a dizer, Hellmoon tem este som de Black Metal que nos leva para nevões nevados e noites bucólicas junto à lareira – nunca perdendo o aroma de Black Metal – enquanto a visão / criação do género Nyctophilia é mais crua e selvagem. Eles complementam-se bastante bem, na minha opinião. Concluindo, dois artistas com perspectivas diferentes, sons diferentes – de certa forma – mas com um resultado final muito igual: mesmo soberbo!

9/10
Daniel Pinheiro

Wintarnaht – “Hriuwa”

2020 – Talheim Records

Quarto álbum (contando com o que foi lançado quand ainda se chamava Winternight) da one-man band Winternaht que traz black metal com o foco dos velhos tempos – ou não tivesse este projecto optado por cantar em alto alemão antigo, o primeiro estágio do que viria a ser o alemão. Claro que para o ouvinte isso não significa nada já que entre gritos e vozes rasgadas, soa tudo como deve soar, à la black metal, com algumas melodias épicas pelo meio. Dito desta forma até parece que é banal mas muito pelo contrário. As melodias são mesmo muito boas e há uma dinâmica vocal que vai mais além do que esperado, isto também sem falar do som no geral que é de uma qualidade impressionante. As músicas em si apresentam um pouco a mesma fórmula mas para quem gosta deste tipo de som, é uma excelente aposta.

8/10
Fernando Ferreira

Amargor – “Fins A Reeixir Dins La Claror De L’Amargor”

2020 – Forgotten Sorcery Productions

Após o lançamento do “Fúnebre” de Morta, não esperava que os espanhóis lançassem outro álbum de black metal desta magnitude, mas fizeram-no, provando que eu estava errado… Não me importo, de todo, que os músicos provem que estou errado nas minhas suposições. Bem, Espanha, o país vizinho do meu. Por eras e eras fomos inimigos mortais, matando-nos uns aos outros no campo de batalha! Mas a História está atrás de nós, e agora já não matamos seres humanos nos campos de batalha… ou matamo-los?

Vamos para Barcelona, Tierras Catalanas, em busca desta “personagem delicada”, Amargor. Membro da Morta acima referida, Amargor assumiu o controlo total da sua criação, e deu-nos estas oito faixas de black metal claustrofóbico. A sua música tinha este efeito em mim, como ouvinte: arrastar-me para este poço sem fundo, o lugar de descanso das almas condenadas, o último momento de respiração… é escuro e espesso, assombroso e hipnotizante. Lento e instrumental, mostrando o talento do músico para conjurar os pensamentos mais profundos e sombrios. É um lançamento muito fácil de digerir, e muito semelhante ao que foi apresentado no EP de Morta, é dinâmico e muito fluido. Podemos ser levados a acreditar que, sendo o black metal o lado mais bruto da vida, é um álbum aborrecido e desinteressante, mas não! Amargor sabe exactamente onde pode ir para pressionar o ouvinte, para o levar a esse ponto de ruptura, e depois oferecer-lhe o prazer do clímax musical. Mas, por favor, não reinventa a roda, mas por que deveria? Retira o melhor da produção de black metal, e adiciona-lhe um pouco de DSBM – nunca caindo no seu lado depressivo – Abyssic Hate está longe desta realidade, por favor – mas “tocando” com melodias lentas e ritualísticas. Talvez não seja DSBM de todo, no entanto, é um excelente lançamento por um músico com provas dadas de qualidade. Por favor, dêem-lhe uma oportunidade…

8/10
Daniel Pacheco

Witcher – “A Gyertyák Csonkig Égnek”

2019/2020 – Filosofem Records

Reedição do segundo e (até ao momento) último álbum álbum de originais dos húngaros Witcher. Esta reedição surge um ano apenas após o lançamento original, poderá pensar-se que é pouco tempo, mas tendo em conta que se trata de uma reedição em vinil, não deixa de ser um item de interesse. O álbum em sim vai buscar o espírito do black metal lo-fi atmosférico que era bastante popular no undergroun anos atrás e que ainda tem alguns fieis seguidores a apoiar. Se a produção forte é sacrificada em nome do ambiente e atmosfera que cria, essa mesma atmosfera torna-se especial e mística, com um factor melódico omnipresente e indissociável. Com algumas limitações mas com carisma suficiente para justificar a aquisição em vinil.

7.5/10
Fernando Ferreira

Mystagos – “Ho Anthropos Tes Anomias” 2017

2017/2018 – Black Seed Productions

O álbum de estreia da one-man band espanhola Mystagos surgiu em 2017 e traz muitas memórias, pelo menos para mim, daquilo que é o estilo na sua essência mais primordial (claro que essa essência primordial tem como ponto de partida os primeiros trabalhos de Bathory), com a produção a ser crua mas ainda assim a beneficiar os instrumentos de forma a que se perceba minimamente o que raio se está a passar, com a bateria e as guitarras a sobressaírem. Bons riffs, bom ambiente, é uma estreia digna de interesse que só faz desviar a atenção ligeiramente quando entram por toadas mais compassadas, mesmo que esse momentos aumentem o tal ambiente.

7/10 
Fernando Ferreiras

À Répit – “Magna Leggenda”

2017 – Vacula Productions

One-man italiana de black metal que começa com uma intro ambiental promissora. Quando o primeiro tema a sério, que por acaso é o tema-título, não deixei de sentir alguma desilusão, pela forma como as guitarras soam. Uma sonoridade que revela uma produção humilde e caseira. Há uma maior ambiência quando entram os coros e a voz – dá-lhe reverb em cima – e com um feeling mais épico mas ainda assim a mistura não deixa de revelar as suas fragilidades. O que de certa forma até é preferível. É melhor queixar-me do som da produção do que das composições em si. Com o coração no sítio certo, este é um projecto que poderá ganhar muito mais com um sentido superior de produção. Para quem gosta do ambiente e do feeling primordial do black metal mais épico, poderá muito bem gostar do que está aqui, tirando uma escorregadela ou outra (como o interlúdio desnecessário da “Il Respiro Dell’Alpe”.

6/10
Fernando Ferreira

Betula – “I Surely Like The Words Of Hate You Say…”

2017 – Vacula Productions

One-man band ucraniana de black metal. Se calhar a grande surpresa nesta frase é a nacionalidade. O tipo de sonoridade também não é surpresa, um black metal desprovido de dinâmicas e primitivo. Diria que é desprovido de interesse também mas se calhar já estarei a ser demasiado agreste e potencialmente injusto. Ainda assim, há um marasmo que uma muralha de distorção não consegue disfarçar. Normalmente tento encontrar sempre pontos positivos em tudo e valorizá-los. Aqui? Tarefa muito complicada.

2/10
Fernando Ferreira

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