WOM Reviews – Phlebotomized / Lagerstein / Die Apokalyptischen Reiter / Ârabrot / Grorr / Morrigu / Trollfest / Hand Of Kalliach
WOM Reviews – Phlebotomized / Lagerstein / Die Apokalyptischen Reiter / Ârabrot / Grorr / Morrigu / Trollfest / Hand Of Kalliach
Phlebotomized – “Pain, Resistance, Suffereing”
2021 – Petrichor
A vida dá mesmo voltas. Já tenho o primeiro álbum destes alemães há décadas – “Immense Intense Suspense” – e peredi um bocado o contacto com eles. A sua carreira foi interrompida em 1997 e apenas em 2013 voltaram para o terceiro álbum – que já foi editado em 2018. Tendo faltado muitos episódios nesta saga entretanto, posso dizer que devido ao que posso ouvir aqui dá-me vontade de ir ouvir tudo o que ficou para trás incluindo o referido clássico. Algures entre o death metal melódico com um uso inteligentíssiimo de teclados e com ocasionais incursões por campos mais doom, o resultado é entusiasmante. Para quem os conhecia e para quem os conhece, este EP é sem dúvida um enorme destaque para o início de 2021.
9/10
Fernando Ferreira
Lake Baikal – “Astral Rot”
2021 – Kegstand Productions
Festa. É só o que queremos, não é verdade? Neste momento em que estamos já privados de música ao vivo à mais de um ano – com algumas intermitências – é natural que essa saudade aperte cada vez que surge mais um álbum ao vivo. No caso dos Lagerstein, uma banda relativamente nova no espectro do folk metal de inspiração pirata (dez anos de carreira três álbuns editados), ainda mais impacto tem porque a banda sabe mesmo dar uma festa em cima de um palco. Tudo bem, tenho bem noção de que isto é o que se pode chamar o centro dos lugares comuns em relação ao estilo visado, mas eles nunca tiveram mais ambição de fazer mais que isso (pelo menos até ao momento) e o que fazem, fazem-no bem. Apesar de ter ouvido e visualizado, senti-o como se tivesse estado lá, na terra dos cangurus, a saltar e a cantar. Melódico, festivo e muito bem tocado, é uma celebração mais que digna de uma banda que tem potencial para se tornar uma das grandes do género. Ou que se calhar até já o é. Bom som, filmagem profissional, fantástico!
9/10
Fernando Ferreira
Die Apokalyptischen Reiter – “All You Need Is Love”
2000/2021 – Nuclear Blast
A vida dá mesmo voltas não é verdade? Parece que ainda foi ontem que estava a ler na extinta Riff a review deste álbum, de uma banda que tinha ideia que só eu conhecia e agora, mais de vinte anos depois, estou a passar pelo mesmo álbum, quando o mesmo é reeditado. Não parecem haver grandes diferenças no produto em si, sem remasterizações, faixas bónus, ou o quer que seja. Apenas a disponibilização daquele que é um dos grandes álbuns (se não o melhor) desta banda alemã. O metal, o underground, que diabos, o mundo está completamente diferente, mas essas mudanças todas não tornam irrelevante o que esta ambiciosa e bem conseguida peça única do metal extremo é. Esperemos que exista toda uma nova geração que se interesse por ele – que na minha opinião é bem mais interessante do que o que a banda faz no momento presente.
9/10
Fernando Ferreira
Ârabrot – “Norwegian Gothic”
2021 – Pelagic Records
Que capa fantástica. Consegue logo capturar a nossa imaginação e atenção. Devo dizer que a música também. Aliás, o primeiro tem dá-nos rock intemporal – como que uma mistura do exotismo psicadélico dos Beatles caso estes se fundissem aos Led Zeppelin mas totalmente integrado nos dias de hoje – mas também umas tonalidades de pós punk e goth rock – o título não é definitivamente por acaso. É um álbum intrigante que apenas tem contra si a sua duração. Quase uma hora e dezasseis temas é algo exagerado e tira um pouco a sua eficácia mas ainda assim, é fácil nos apaixonarmos por esta visão.
8.5/10
Fernando Ferreira
Grorr – “Ddulden’s Final Flight”
2021 – Vicisolum Productions
Sonoridade apaixonante que começa logo por chamar à atenção, aliás,, que faz todo o sentido com a capa. Os Grorr tocam uma espécie de híbrido entre folk metal (porque temos por aqui muito de melodias orientais e na minha maneira de ver, o folk metal não se limita apenas a termos a cultura da Escandinávia) e metal moderno e progressivo. O resultado é tão apaixonante como desconcertante. Não nego o impacto que as sonoridades orientais têm logo à primeira mas esse impacto é um pouco atenuado pela forma como as guitarras afinadas em tons mais graves banalizam o som. Felizmente esta é uma luta entre duas facções que nem sempre acontece, até porque a vertente matemática do metal progressivo também tem uma palavra a dizer. É um trabalho difícil de apreciar mas depois de perceber as suas linhas de orientação geral, é fácil de interiorizar. As expectativas têm é de ficar à porta porque elas serão esfrangalhadas num instante.
8/10
Fernando Ferreira
Morrigu – “In Turbulence”
2021 – Ghost Sound Media
Quatro anos para lançar este álbum, pelo menos é aquilo que nos é dito no comunicado de imprensa de “In Turbulence”. Quatro anos que vão cair mesmo na altura menos ideal para o lançar – não havendo concertos para a promoção – mas nos tempos em que vivemos, também não há como saber quando éq u e será o momento ideal. Se é que o há sequer. Considerações pandémicas aparte, “In Turbulence” é a minha apresentação ao som da banda suiça e é uma boa apresentação. Death metal melódico que não embarca nas tendências da moda mas também não é um regresso ao passado. Um bom equilíbrio com alguns momentos muito bem conseguidos – “Omnia” é sem dúvida um deles. Não sendo imediato, consegue causar bom impacto o suficiente para voltarmos para mais rondas.
7.5/10
Fernando Ferreira
Trollfest – “Happy Heroes”
2021 – Napalm
Os Trollfest preferem a festa dos palcos – aliás, como a maior parte das bandas que precisam de retirar algum proveito da música que fazem – pelo que um EP como este entende-se como uma necessidade absoluta para manter a máquina viva. E fazem-no à sua maneira, com o seu folk metal bem feliz. Desconcertante feliz. Tão feliz que até nos questionamos o que há para festejar. Peço desculpa, tenho que desligar o modo doom. Bem, dois temas originais e festivos e duas covers, essas a manterem o mesmo espírito positivo e a também a serem desconcertantes. O clássico “cool” de Bobby McFerrin, “Don’t Worry Be Happy” leva um tratamento metal viciante – principalmente no refrão – e a azeitice dos Aqua, “Cartoon Heroes“, é catchy e até poderia estar num musical da Disney. Resultado final, positivo, sem dúvida.
7.5/10
Fernando Ferreira
Hand Of Kalliach – “Shade Beyond”
2020 – Edição de Autor
Os Hand Of Kalliach são uma banda que apresentam em “Shade Beond” imenso mas que evidenciam também necessidade de maturar um pouco mais. Temos uma capacidade óbvia para fazer grandes temas, mas também a evidenciar a necessidade de uma melhor filtragem de ideias. Trata-se de um duo britânico que têm inspirações nas melodias e imaginário celta, mas que depois fazem uso de alguns elementos que não acentam nada bem como a distorção na voz masculina e o som de bateria demasiado digital. Não deixa de ser uma boa surpresa mas com necessidade de injectar um outro tipo de elementos na sua música.
7/10
Fernando Ferreira