Review

WOM Reviews – Pyrrhic / Dephosphorus / Warshipper / Escuela Grind / Six Feet Under / Abyssal Ascendant / Narcissistic Necrosis / Carnal Savagery

WOM Reviews – Pyrrhic / Dephosphorus / Warshipper / Escuela Grind / Six Feet Under / Abyssal Ascendant / Narcissistic Necrosis / Carnal Savagery

Pyrrhic – “Vile Slumber”

2020 – Edição de Autor

Esta é uma grande apresentação. Algumas vezes queixo-me dos Eps serem curtos para que se tenha uma real percepção do som das bandas mas no caso dos Pyrrhic só me queixo mesmo por não ficar satisfeito com apenas vinte e dois minutos. A mistura entre o black metal e o death metal técnico resulta mesmo no ponto – não no ponto de equilíbrio porque pende mais para o death metal do que para o black – em que temos algo desafiante mas ao mesmo tempo cativante o suficiente para ficar-se agarrado após algumas audições. Sim, algumas. Não é imediato mas é esse o seu maior triunfo.

9/10
Fernando Ferreira

Dephosphorus – “Sublimation”

2020 – 7 Degrees Records / Selfmadegod Records / Nerve Altar Records

Composto em torno de uma temática de ficção científica, ‘Sublimation’ é já o quarto trabalho de originais dos Gregos Dephosphorus. A própria banda identifica o seu estilo musical como um inovador Astrogrind, que decomposto até representa bem a amálgama sonora de ‘Sublimation’ pois se à original mistura de Grindcore/Death Metal juntarmos toda a atmosfera sideral do álbum acaba por fazer todo o sentido. ‘Sublimation’ tem no entanto muito mais camadas do que aparenta à primeira audição, dentro das caóticas e aleatórias mudanças de velocidade que os Dephosphorus se vão especializando, vão-se encontrando várias e criativas influências como é caso do Sludge Metal em ‘Βορά Των Αιώνων (Devoured By Aeons)’, o Black Metal em ‘Εξύψωση (Sublimation)’ ou o Doom Metal em ‘Προς Το Απόκοσμο Φως Του Πυρήνα (Towards The Eerie Light Of The Core)’. ‘Sublimation’ é sem dúvida um álbum com uma personalidade única impregnado de coesos e engenhosos riffs rodeados por insanos e ressonantes guturais embutidos num ambiente alienígena. Os Dephosphorus conseguem com ‘Sublimation’ vincar a sua marca própria na música mais extrema.

9/10
Jorge Pereira

Warshipper – “Barren…”

2020 – Argento Records

É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.

8.5/10
Fernando Ferreira

Escuela Grind – “Indoctrination”

2020 – Armageddon Label / To Live a Lie / RSR

“Indoctrination” é um pujante murro no estômago. Daqueles que só o grind sabe dar. Com muito de power violence e crust/hardcore à mistura e com letras carregadas de sentido e mensagens políticas, esta estreia nos álbuns é bastante apetecível para quem vive deste tipo de sonoridade mas mesmo esses ficarão surpreendidos passarem para a média de temas de um minuto (ou até menos que isso) para um épico noise cheio de feedback e distorção de quase dez minutos. Não é algo que se veja todos dias mas é algo que, quando bem feito, sabe sempre bem.

8/10
Fernando Ferreira

Six Feet Under – “Nightmares Of The Decomposed”

2020 – Metal Blade Records

Não nego o cepticismo de alguns anos a esta parte em relação a cada trabalho dos Six Feet Under. Quando no início da década passada houve uma mudança no alinhamento nos álbuns “Undead” e “Unborn”, a banda parecia ter recuperado algum factor de surpresa que já se tinha desvanecido. Mas depois disso foi complicado estabilizar, com uma série de músicos a entrar e a sair constantemente, algo que terá afectado o resultado de “Torment” em parte, que não sendo um mau disco, está longe de ser dos melhores. Com estas expectativas para “Nightmares Of The Decomposed”, encontrámos um misto de emoções, mas longe das melhores esperanças. O alinhamento está estabilizado sendo que aqui apenas temos a inclusão de Jack Owen, ex-companheiro dos tempos dos Cannibal Corpse. O resultado é um álbum variado que tanto entra de pés juntos no death metal como ainda vai buscar algum do groove típico dos primeiros tempos. A entrada é promissora com “Amputator” e “Zodiac remete exactamente para a fórmula antiga, o problema é parecer apenas uma sombra desses mesmos tempos. A voz de Barnes também já viu melhores dias mas, se formos justos, ela já anda assim há mais de duas décadas. A promessa de ser superior a “Torment” acaba por não se verificar, infelizmente, mas a esperança continua por cá, à espera de tempos (álbuns) melhores.

6/10
Fernando Ferreira

Abyssal Ascendant – “Chronicles of the Doomed Worlds – Part I: Enlightenment From Beyond”

2015 – Dolorem Records

Aqueles que casualmente já tenham apreciado os tiques aqui dos comentadores da WOM, talvez já se tenham apercebido que um dos meus pontos fracos é Lovecraft e qualquer banda que desenvolva dentro do estilo de literatura do autor, merece logo um maior nível de atenção da minha parte. Desculpem, sou tendencioso no que diz respeito aos meus défices de atenção! Assim, fui agraciado mais uma vez com uma banda que se dedica inteiramente à proliferação de blasfémias cósmicas e com o seu primeiro lançamento: “Chronicles of the Doomed Worlds – Part I : Enlightment from Beyond”, um álbum de 2015, que promete ser sucedido pela parte 2 a lançar em finais de 2020. Já a banda, os Abyssal Ascedant, são franceses e dedicam-se ao subgénero do death metal a puxar pelas gelras mais extremas. O álbum inicia-se com uma faixa que eficazmente introduz o ambiente de terror cósmico, contudo, rapidamente dissipa-se dando aso a um metal mais corrente e habitual. Apesar disto, pode ser debatido que o tom inicial é reposto com faixas como Disrupted Incantation que se desenvolvem à volta de sonoridades hipnotizantes e caóticas. Apesar do meu lado fanboy nestas matérias, não posso deixar de ser imparcial. Estava à espera de maior diferenciação no estilo deste álbum que, infelizmente, tem umas poucas faixas algo repetitivas que acabam por lançar terra para cima de outras como Teared Up In Cosmorphosis ou The Black Pharaoh que apresenta alguns elementos menos frequentes no álbum. Fora disso, é um bom álbum de death metal que certamente agradará a muitos, nem que seja só pelo desenvolvimento lovecraftiano que tem. A esperar pelo 2º.

7.5/10 
Matias Melim

Narcissistic Necrosis – “The Art Of Deformity”

2020 – Edição de Autor

Brutal death metal vindo do Canadá. Narcissistic Necrosis (nome sem grande sentido mas que faz sentido no contexto gore que o som da banda se insere) começou como uma one-man band e é nesse contexto que se apresenta aqui na estreia apesar de actualmente tratar-se de uma verdadeira banda. Um quinteto, aliás. A questão é que talvez se a composição fosse feita em ambiente de grupo, talvez o resultado pudesse ser diferente. Não me interpretem mal, a produção é forte e com os graves no sítio, tecnicamente é bastante boa. A questão é que apesar do gozo que dá a quem for apreciador do género, também não deixa de deixar a questão no ar de que não traz nada de novo. Bem, talvez seja esse o objectivo.

6.5/10
Fernando Ferreira

Carnal Savagery – “Grotesque Macabre“

2020 – Art Of Propaganda Records

Inesperadamente fomos parar à Suécia da década de noventa. Bem, hoje em dia continua não ser inesperado ir lá parar, isto porque o death metal sueco (aquele de Estocolmo) teve impacto tal que mesmo hoje em dia continua a ser comum encontrarmos música como se estivessemos trinta anos atrás. A surpresa vem do facto dos Carna Savagery serem de Gotenburgo (capital de outra corrente importante do death metal) e este ser o seu álbum de estreia. Com uma produção forte mas que não disvirtua os princípios básicos do elemento primitivo que o death metal sueco deve ter. No geral é um álbum cumpre os básicos mas não consegue fazer aumentar a surpresa inicial. Ou seja recomendado para quem gosta mesmo do estilo e é nostálgico em relação a isso.

6/10
Fernando Ferreira



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.