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WOM Reviews – Simulacrum / 3.2 / SomeWhereOut / Steve Hackett / Arc Of Life / Blind Golem / Orme / Holy Monitor

WOM Reviews – Simulacrum / 3.2 / SomeWhereOut / Steve Hackett / Arc Of Life / Blind Golem / Orme / Holy Monitor

Simulacrum – “Genesis”

2021 – Frontiers Music

São uma banda de metal progressivo vinda da Finlândia! “Genesis” é uma enorme surpresa. Estamos perante um trabalho de muita qualidade, com um som pesado, intenso e diversificado, mas sem perder aquilo que é nitidamente o objectivo da banda. O álbum começa de forma mais pesada e depois deriva para músicas onde há impressionantes linhas de baterias e baixo com aquele toque groovy, à presença de teclados criando belas melodias. São tantos os detalhes e camadas que sempre que o voltamos a ouvir descobrimos algo de novo e é este o propósito dos Simulacram! A última metade do álbum consiste numa música dividida em quatro partes. A primeira parte, “The Celestial Architect”, por exemplo, foi lançada anteriormente no álbum de estreia da banda “The Master and the Simulacrum”. É nessa altura que a banda então se lança para outras aventuras musicais. Explora o progressivo como um todo, com tantos elementos diferentes nessas faixas que é difícil de descrever!

10/10
Miguel Correia

3.2 – “Third Impression”

2021 – Frontiers Music

Robert Berry e Keith Emerson trabalharam ativamente para este disco até ao falecimento do segundo. Depois disso suceder o guitarrista americano decidiu continuar todo o processo e utilizando as gravações feitas por Keith.
“Third Impression”, é uma obra de arte de prog rock e uma sequência lógica do trabalho anterior da dupla. Aqui Berry é responsável por todos instrumentos e voz, realçando as suas habilidades nas seis cordas, baixo e teclados, e na minha opinião este disco vem confirmar que Berry é um músico, arrisco a dizer, subestimado no meio. Recomendo!

10/10
Miguel Correia

SomeWhereOut – “Deep In The Old Forest”

2021 – Edição de Autor

O meu primeiro contacto com este projecto peculiarmente intitulado SomeWhereOut foi positivo, principalmente por não conseguir identificar-lhe uma identidade taxativa. Para além do progressivo, claro. Mas o progressivo é tão vasto que cabe lá muita coisa. Assim como “Deep In The Old Forest”. Raúl Lupiañez é o músico por trás de tudo isto e a sua sensibilidade é apaixonante – assim como as suas referências musicais e até conceptuais. Podemos dizer que o que temos como conceito é algo próximo de Ayreon. Sem a megalamania que lhe é característica. Neste segundo álbum o foco contos de folclore europeus, com muitos deles bem familiares devido a terem sido transportados para o cinema. Isto dota o trabalho de uma dinâmica entre temas clara mas também uma linha condutora entre eles, algo que nem sempre acontece. Tenho que destacar a bela “Someone With No Name” – inspirada na história do Capuchinho Vermelho – onde a voz de Alba Bermejo (de Memorias de Sefarad e Rojo Once) está absolutamente arrepiante. Temos muitos momentos altos, uma colecção de talentos única e um álbum memorável. Excelente surpresa.

9/10
Fernando Ferreira

Steve Hackett – “Under A Mediterranean Sky”

2021 – InsideOut Music

A capa é simples e até reminiscente daqueles discos vendidos a magote e a preço mais barato nas Fnacs desta vida. Na realidade este é o segundo disco acústico de Hackett que tem como principal inspiração a música clássica. É curioso reparar que o músico fala no mestre Segóvia como uma das suas grandes inspirações influências e foi precisamente nele que pensei, quase desde a primeira nota tocada aqui. Não será um disco habitual do prog rocker, até porque tem muito pouco daquilo que se entende como progressivo. Mas para quem gosta de música erudita e para quem gosta de orquestrações – e as que surgem aqui são de um extremo bom gosto – este é um álbum para apreciar. Sempre tivemos esperança que esta pandemia nos trouxesse uma maior iluminação e paz (e conhecimento) interior. Agora que já temos a consciência que essa expectativa foi para o buraco, está aqui uma outra coisa que poderá levar a isso. Música dos deuses para nós comuns mortais apreciarmos a iluminação.

9/10
Fernando Ferreira

Arc Of Life – “Arc Of Life”

2021 – Frontiers Music

Os Arc Of Life são a nova banda dos atuais membros dos Yes, Billy Sherwood e Jon Davison e sim, apesar de quem os acompanha o destaque, as estrelas, são eles! Naturalmente para os fãs dos Yes ao ouvir isto as expectativas serão as maiores e a tentação de comparação será naturalmente inevitável. Sente-se ao ouvir este trabalho que a sonoridade tem uma ligação umbilical natural aos Yes, mas de música para música também se ouve que há outras coisas que “Arc Of Life” nos oferece. Muitas das melodias atmosféricas que se fazem ouvir são bem tocadas, criando harmonias marcantes num disco todo ele bem produzido, com um senso maravilhoso de dinâmica e solidez.

9/10
Miguel Correia

Blind Golem – “A Dream of Fantasy”

2021 – Andromeda Relix

Os italianos Blind Golem lançaram, no dia 4 de Janeiro, o seu álbum de estreia que conta com a lenda Ken Hensley (Uriah Heep), num dos seus últimos trabalhos antes de falecer em Novembro de 2020. A realidade é que Hensley foi a escolha perfeita para fazer parte de um disco que invoca os anos 70 no auge do seu hard/prog rock, com melodias rítmicas e que ficam no ouvido, juntamente com uma narrativa que cria o ideal de uma epopeia fantasiosa que tão bem é reproduzida aqui neste longa-duração. A fundação é recente, mas a sonoridade não parece ser assim tão nova, tendo em conta a maturidade instrumental e lírica que o grupo transparece, as faixas são muito fluidas e denotam o melhor que o género do hard rock teve e tem para oferecer ao longo de umas belas 14 faixas originais. Para quem tem saudades dos bons velhos tempos do hard rock, esta poderá ser a escolha ideal, apresentando uma dinâmica intensa e repleta de criatividade.

8/10 
João Braga

Orme – “Le Vieux Monde”

2021 – Table Basse Records

Dois temas, meia hora (ou quase) de música. Por vezes seria bom que a vida fosse assim simples não era? Mais simples ainda quando a música em si é de qualidade acima da média. Os trejeitos do pós-rock são bastante evidentes na parte instrumental. Vocalmente faz sentido o rótulo do pós-hardcore que lhe é imputado ou ainda mais do pós-metal. Mas há uma sensibilidade sobretudo na guitarra que é assinalável e apreciável. Apesar de termos meia hora de música fica a soar a pouco e nota-se que a busca pelo seu som, pela sua identidade, ainda está agora a começar. Seria bom que se afastassem dos lugares comuns, no que ao som diz respeito, do pós rock, nomeadamente no som de guitarra que acaba por não jogar a seu favor. Opinião e gosto pessoal, unicamente. Seja como for, o resultado é positivo e recomenda-se.

8/10
Fernando Ferreira

Holy Monitor – “Southern Lights

2021 – Blackspin Records/Primitive Music

Só o termo “space rock”, para mim, é vencedor. Justifica logo o interesse e nem é preciso explicar nada. Algo ainda mais eficaz que um “psych rock”. Podemos dizer que os gregos Holy Monitor provam isso mesmo, misturando os dois elementos com um sentido clássico (e arrisco a dizer um paradoxo, intemporal e datado) de sonoridade que associamos à década de sessenta e aos primórdios mais aventureiros do rock. Para quem gosta de progressivo e de psicadélico – e pela forma como o estilo era tratado na década de sessenta e setenta – poderá ficar fascinado com esta viagem onde o seu maior mérito é a forma como criam canções, verdadeiras canções, e não jams infindáveis que poderá haver a tentação de embarcar. Confesso que esperava um pouco mais dessa exuberância mas essa semi-desilusão não me impediu de apreciar este trabalho.

7.5/10
Fernando Ferreira

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