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WOM Reviews – Theosophy / Black Crown / Sacramentum / Winter Deluge / Runespell / Forest Mysticism / Leiru / Neige Morte

WOM Reviews – Theosophy / Black Crown / Sacramentum / Winter Deluge / Runespell / Forest Mysticism / Leiru / Neige Morte

Theosophy – “Towers Of Dark Pantheon”

2020 – Sliptrick Records

Da Sibéria com amor, o black metal levemente melódico dos Theosphy. Bastante old school mas sem cair nos exageros de encher tudo de teclados. Não, esses arranjos são inteligentes e surgem com grande inteligência e eficácia. Sem ser propriamente nostálgico, vai buscar um feeling que se perdeu algures no final da década de noventa conforme o interesse pelo género cresceu. A repetição poderá afastar alguns, mas neste contexto resulta de forma bastante positiva. Após algum tempo afastados, sabe bem voltar a ter notícias com um poder destes.

8.5/10
Fernando Ferreira

Black Crown – “Caverns Of Thantifaxath”

2020 – Satanath Records

A Satanath Records é sempre uma referência no que diz respeito à qualidade ninja. Podem não ter uma media perfeita no que diz respeito às suas propostas mas é bem acima da media o número de bandas/projectos que não conhecemos de lado nenhum e que queremos ficar a conhecer. Tal como esta estreia dos Black Crown, “Caverns Of Thanktifaxath”. Black metal bruto que aparenta ser unidimensional mas que revela também inteligência na forma como alterna os momentos mais explosivos (a entrada do álbum com “Lamahu” é demolidora) com outros mais compassados, onde há uma espécie de melodia melancólica que se instala. Muito suminho para aproveitar aqui.

9/10
Fernando Ferreira

Sacramentum – “Far Away From The Sun”

1996 / 2020 – Century Media Records

1996 foi um ano muito espcial para a música pesada e este é apenas um exemplo disso mesmo. O álbum de estreia dos Sacramentum ainda é visto como uma das pérolas do black/death metal melódico não só do dito ano mas de sempre. A melodia e a agressividade e uma sensação de que se está a passer tanta coisa, principalmente a nível de bateria, é esmagadora. Este álbum acaba por ser o ponto alto da carreira da banda que nunca conseguiu superar esta excelência. Viriam a acabar em 2001 mas foram reactivados novamente o ano passado, pelo que esta reedição em CD e vinil poderá até ser um aperitivo para os próximos tempos. Mesmo que não seja, é mesmo obrigatório.

9.5/10
Fernando Ferreira

Runespell – “Voice of Opprobrium”

2019 – Iron Bonehead Productions

Uma coisa é certa: Nightwolf ainda tem um enorme amor e gratidão pelo Black Metal dos anos 90, especialmente pela era Viking dos Bathory, atrevo-me a dizer. Uma peça acústica saúda o ouvinte no salão… sinistro, majestoso, imponente. Como afirmei, ao rever anteriormente o trabalho de Runespell, sempre me senti ligado a este lado de Black Meta, aquele em que quase se podem sentir antigos sinais de existência medieval. Castelos e histórias sobre cavaleiros corajosos, e como esse tema, juntamente com a estética, sempre esteve presente no Black Metal desde o seu nascimento nos anos 90.

Seja na Noruega ou na Polónia, e agora na Austrália, a música é global e será sempre global. E a música, e especificamente a “Voice of Opprobrium”, o que podemos esperar da oferta de Runespell de 2019? Bem, Bathory ainda aqui está, e o som do Folk/Pagan Black Metal polaco também, por isso, aqueles que apreciaram o álbum anterior de Nightwolf, certamente irão apreciar este. Sinto menos influências cascadianas neste, o que lhe dá um melhor resultado final, na minha opinião, faz com que soe muito mais forte e cheio! Tem havido, na minha modesta opinião, um crescimento, de “Ordem da Vingança” para este, “Vozes de Opprobrium”, uma espécie de evolução musical e amadurecimento. “Firmamento em sangue”, “Wraithwoods” e “Ascendente”, 3 momentos que extraem de si o Viking… FANTÁSTICO!

9/10
Daniel Pinheiro

Winter Deluge – “Degradation Renewal”

2020 – Osmose Productions

Da Nova Zelândia, o regresso da brutalidade dos Winter Deluge. Sem contemplações, full throttle e com capacidade para levar tudo à frente, é como este “Degradation Renewal” nos soa. Com bastante poder mas também com aquela ambiência bem clássica do black metal – e que por vezes julgamos estar perdida até nos aparecerem trabalhos como este, está aqui um trabalho completo, só é pena que o mesmo não apareça de forma regular. EP bom para matar a fomeca.

8.5/10
Fernando Ferreira

Runespell & Forest Mysticism – “Wandering Forlon”

2019 – Vacula Productions

“Per chi ela nocc” dos Fosch é um álbum marcadamente Black Metal. A produção imperfeita, com agudos saturados e um ruído que se mantém do início ao fim da obra, o uso regular de blast beats e de tremolo picking, a voz aguda qual banshee infernal, breakdowns com arpejos dissonantes, tudo grita Black Metal ao estilo norueguês. Black Metal Lombardo, neste caso, uma vez que as letras são todas no dialecto próprio dessa zona de Itália, o Bergamasco. Mas, apesar de se tratar de um lançamento tipicamente Black, sem nada particularmente novo, inovador ou fora do sub-género, tirando o ocasional vocal grave à la Death Metal, encontra-se muito bem feito.

A primeira faixa, “Al calar del sul”, é composta por guitarra acústica, piano, synths e uma voz que declama com um ligeiro growl. Serve de introdução e cria uma aura negra e misteriosa que funciona como crescendo para a explosão sónica que é o resto do álbum.  Explosão essa que atinge o pico de velocidade logo na segunda faixa, “Crof”, com blast beats à velocidade da luz.  A terceira faixa, “Fellonch”, é um pouco mais lenta e com um groove mais demarcado. Não prescinde, claro, da blast beat trve, mas é uma música que já difere um pouco do espectro do Black tradicional, por exemplo, da segunda faixa, ou, mesmo, da faixa que dá título ao álbum, “Per chi ela nocc”.

“La procesiu di morcc” é uma espécie de “balada” deste lançamento. Não se pense, com isto, que é totalmente calma. Começa com guitarra limpa com guitarra distorcida no pano de fundo, coros a lembrar canto de chão ou música religiosa e bateria. Uma faixa mais emotiva, onde o baterista consegue brilhar mais, com ornamentos de ride a lembrar o estilo de Inferno dos Behemoth, mas não deixando de ser pesada e, em certos momentos, rápida. Apesar da produção ser de uma qualidade inferior ao que é esperado hoje em dia, provavelmente por escolha estética e estilística, a prestação dos músicos é extraordinária. O baterista, principalmente na faixa “La procesiu di morcc” revela uma performance do mais alto nível, os riffs de guitarra são divertidos e, por vezes, muito groovy, e os vocais competentes e dinâmicos. O baixo, tirando no início da faixa “Fosch”, é quase imperceptível, uma vez que dobra a linha de guitarra durante todo o lançamento.

Um lançamento sólido, porém, pouco inovador, de Black Metal que demonstra grande potencial e músicos com talento extraordinário

7/10 
Daniel Pinheiro

Leiru – “Idő”

2020 – Sun & Moon Records

Hungria: Tormentor, Marblebog ou Hunok. Assumo que a cena Black Metal húngara não é, propriamente, daquelas em que me sinto mais à vontade, pelo que estes Leiru acabam por ser uma nova adição às poucas bandas que conheço vindas deste belo país.

Cada uma das bandas referidas tem uma abordagem bastante especial ao Black Metal, seja ele de trejeitos mais “brutos” e agressivos, a momentos mais atmosféricos e Folk. Há toda uma longa extensão do espectro, presente nas suas obras.

Estes Leiru não são excepção, sendo eles próprios bastante particulares no modo como nos apresentam o seu Black Metal. Um misto de Heavy Metal e umas nuances distintas. O instrumental faz essa ligação entre o Heavy Metal, de contornos mais tradicionais (na sua maioria), e uns riffs mais gélidos e reminiscentes das vagas mais antigas do Black Metal, que trazem consigo algum Thrash. É uma junção engraçada.

A Europa de Leste é famosa por nos ter dado, sempre, projectos bastante… “fora da caixa”. De Root a Master’s Hammer, a força motriz deste pessoal não se baseia somente naquilo que tomamos como “regra. Em termos de labels, estes Leiru supostamente encaixam-se no Raw Black Metal. Conhecendo o rótulo, como conheço, não os consigo incluir no mesmo, mas escutai e opinai, eu posso estar equivocado. Mas regressando a “Idő”, o primeiro álbum desde que a banda foi formada por Leiru, vocalista e instrumentista, ladeado desde 2010 por Sadaist, na bateria. E é a bateria o instrumento que mais (ou quase exclusivamente) nos remete para Black Metal. É o instrumento que, no final das contas, acaba por ser mais honesto às raizes do Black Metal. Mas o resultado final é bastante fora da caixa. Gostaram do último trabalho de Malokarpatan?! Estais, então, capazes de absorver músicos que não conhecem as fronteiras dos géneros. Sim, já o disse anteriormente, mas é como sinto/absorvo este trabalho: isto não pertence ao círculo do Black Metal mas pode, muito bem, viver dentro deste. Confuso?! De certo modo. Esqueçam vocalizações próprias do género, esqueçam ambientes cavernosos e demoníacos… isto é diferente. É cantado, é melodioso… Não sei, sinceramente, dizer-vos quanto apreciei – ou não – este conjunto de temas. Testai por vós.

7/10
Daniel Pinheiro

Neige Morte – “IIII”

2020 – Division Records

Os Neige Morte têm andado a percorrer um caminho criativo muito interessante mas este “IIII” é de certa forma o pináculo da esquisitice. O black aliado ao death e agora com uma dose ainda mais insana de esquisitice, que se traduz musicalmente por dissonância. Muita dissonância, tornando tudo bem mais intenso. Claro que para isso também é necessária alguma preparação especial por parte do ouvinte. Preparação ou até mesmo gosto. Os fãs conseguirão assimilar a evolução, quem chega de fora… é preciso mesmo gostar.

6.5/10
Fernando Ferreira

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