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WOM Reviews – Trillionaire / Riverside / Entheogen / Natural Disorder / We Stood Like Kings / Needlepoint / Sylvain Marcotte / Dreamslain

WOM Reviews – Trillionaire / Riverside / Entheogen / Natural Disorder / We Stood Like Kings / Needlepoint / Sylvain Marcotte / Dreamslain

Trillionaire – “Romulus”

2021 – Nefarious Industries

Já não me deveria admirar pela quantidade de estreias fantásticas que continuam a surgir. Poderemos caminhar para uma era onde seja praticamente impossível não surgir um gigante que junte gostos e devoção como tivemos na década de noventa ou oitenta e isso acontece por termos tanta música boa a surgir. Isto tudo para dizer que fiquei rendido a “Romulus”, o álbum de estreia dos Trillionaire uma banda de músicos experientes, juntando membros e ex-membros de bandas como Revocation, Ken Mode, Inter  Arma e Fuligin. O rock funde-se ao metal, assim como o moderno funde-se ao progressivo, com a sua linguagem a soar tanto familiar como refrescante ao mesmo tempo. É sempre perigoso falarmos em originalidade nos dias de hoje porque tal tende a ser simplesmente entusiasmo do que propriamente um retrato de uma realidade, mas é impossível em não sentir isso ao ouvirmos estes temas, que estamos perante uma paradigma que poderá marcar a forma como olhamos para as sonoridades progressivas.

9/10
Fernando Ferreira

Riverside – “Lost’N’Found – Live In Tilburg”

2017 / 2020 – InsideOut Music

Reedição de luxo deste álbum ao vivo que é na prática a despedida de Piotr Grudzinski aos fãs da banda, já que foi a última digressão (do álbum “Love, Fear And The Time Machine”) que o guitarrista fez com a banda antes de falecer inesperadamente. Inicialmente este trabalho foi editado pela própria banda em formato digital. Agora vê finalmente a luz do dia em formato físico e também acompanhadok de um DVD onde se pode ver o concerto com uma excelente qualidade visual. É inevitável pensar-se que muito da alma dos Riverside se perdeu com o desaparecimento de Piotr e este lançamento é apenas mais uma lembrança desse facto. São cerca de cem minutos de rock/metal progressivo que conseguiu sempre prestar as devidas vénias às suas influências como assim também representar uma autêntica de lufada de ar fresco. Para os fãs mas também para quem sempre teve curiosidade em conhecer melhor o  som da banda, é uma excelente introdução ao seu som. E obviamente que se recomenda a aquisição eo todas vertentes, tanto áudio como vídeo.

9/10
Fernando Ferreira

Entheogen – “Other World”

2020 – Edição de Autor

Excelente apresentação por parte dos belgas Entheogen – não confundir com a banda norte-americana com a mesma designação e que toca black metal. Temos um teor progressivo bem forte e até algum forte grau de eficácia técnica. Poderá pensar-se que com isto temos música para músicos ficarem com os pelos da nuca levantados e sim, de certa forma, até é verdade. Mas também temos death metal na voz e na violência de alguns riffs. Podemos considerar isto como algo embrionário até porque acredito que a evolução para além disto poderá ir em muitas direcções. No entanto, se apresentarem mais disto, posso dizer que será uma boa opção.

8.5/10
Fernando Ferreira

Natural Disorder – “Corrosion & Passion”

2020 – Edição de Autor

Impressionante trabalho dos franceses Natural Disorder. Uma banda francesa à qual é difícil de rotular mas muito fácil de ficar-se fascinado. O primeiro ponto que marca a diferença é mesmo a voz de Susy que dá aquele toque extra fantástico, mas instrumentalmente também temos uma banda forte e segura. A sonoridade anda pelo alternativo, ora rock ora a ser até metal pelo peso das guitarras, isto com uma componente progressiva que também ajuda a caracterizar e firmar a sua identidade. Um álbum que poderá ter passado despercebido mas que recomendo, sem dúvida.

8.5/10
Fernando Ferreira

We Stood Like Kings – “Classical Re: Works”

2020 – Kapitan Platte

Pós-rock pouco usual, principalmente quando surge com o intuito de recriar obras imortais da música clássica. Isto tendo em conta o contexto e universo do pós-rock, claro. Pós-rock movido a piano, tem que se referir. É um trabalho onde as rendições de temas que conhecemos desde sempre (ou quase sempre) é feita de forma única e bastante apaixonante. Claro que a paixão pelos temas originais darão certamente a ajuda necessária para que isso aconteça. E tendo em conta que a banda é apontada como uma referência em fazer bandas-sonoras ao vivo de filmes mudos, só mostra que estamos perante pessoas talentosas. Algo que o disco também evidencia.

8/10
Fernando Ferreira

Needlepoint – “Walking Up That Valley”

2020 – BJK Music

Aquela coisa dos preconceitos musicais que de vez em quando falo até tem a sua utilidade, mais que não seja para aumentar o factor de surpresa. Ao olhar para capa fica-se com o pé atrás, afinal, temos que admitir que é um bocado pobrezinha, mas por outro lado também nos faz lembrar de uma era onde monstros como King Crimson caminhavam pela terra de forma orgulhosa (não é que é não existam momentos de orgulho na carreira da seminal banda, mas os tempos são outros). Ao ouvir os primeiros momentos do tema “Rules Of A Mad Man” aponto logo para o jazz com a bateria frenética e o baixo criativo a salientarem-se mas assim que entra a voz e as teclas, é prog rock clássico por todo o lado. É engraçado como estas duas vertentes parece que tanto andam à luta como se unem de forma harmonica. Essa relação entre os dois estilos é o momento de maior interesse e obviamente que também a música que resulta daí. Totalmente retro mas nem por isso menos impressionante.

8/10 
Fernando Ferreira

Sylvain Marcotte – “Against The Current Vol.2”

2020 – SM Productions

Não há uma razão ao certo, mas a cada vez que me surge uma one-man band que não seja no espectro da música extrema, fico de pés atrás. Ainda bem que com esta missão de fazer reviews e divulgar música tenho mais probabilidades de enfrentar de frente todos estes preconceitos. No caso deste segundo álbum de Sylvain Marcotte, o mestre e anfitrião deste conjunto de temas que é também a segunda parte de uma trilogia dedicada a um espectáculo que criou e idealizou “Tableaux De Voyages”. Sensibilidade apurada, principalmente no uso do piano, algumas influências a nível vocal de Genesis e Marillion e perfeição a nível instrumental. Um álbum diverso – até porque temos momentos que poderiam estar numa banda sonora como a “War” – onde até temos uma cover ao piano da “Creep” dos Radiohead. Demasiado curto mas muito bom.

8/10
Fernando Ferreira

Dreamslain – “Tales Of Knight And Distant Worlds”

2020 – Edição de Autor

Esta capa parece má demais para ser real não parece? Parece ainda mais irreal quando se percebe que musicalmente os Dreamslain até são bastante ambiciosos.  Um bocadinho demasiado se calhar. A banda norueguesas já cá anda nestas andanças desde 2011 mas é em 2021 que edita o seu álbum de estreia. E logo duplo. São duas horas de música, estranha mistura entre progressivo, death metal melódico com pitadas de gótico. São muitos nomes e referências que surgem aqui, nada de muito óbvio – até porque remetem para coisas mais low profile como os primeiros trabalhos dos Die Apokalyptischen Reiter. Ou seja tanto resulta muito bem, como a seguir pode ser só bolas ao poste. Com a excepção que não existem momentos em que podemos dizer que resulte muito bem. Fica-se pelo estranho mas surpreendentemente, não sei se será pelo cansaço, a coisa parece a soar bem lá para a terceira ou quarta audição. Não chega ao ponto de nos convencer de que se trata do melhor trabalho de 2021 mas é bem mais acima do que a má impressão que a capa deixa na retina.

7/10
Fernando Ferreira

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