WOM Reviews – Vallendusk / Hiraes / Dyrnwyn / Alchemia / Everlust / Silent Verdict / Nanowar Of Steel / Sorg
WOM Reviews – Vallendusk / Hiraes / Dyrnwyn / Alchemia / Everlust / Silent Verdict / Nanowar Of Steel / Sorg
Vallendusk – “Heralds Of Strife”
2021 – Northern Silence Productions
Ora aí está o que é. Vallendusk de regresso e como se previa, com um grande álbum de black metal atmosférico e melódico. Sete épicos (o mais curto tem mais de sete minutos e meio) onde a melodia se junta à agressividade e onde se prova que a melhor forma de comunicar e viajar (e porque não, sonhar), continua a ser a música. Principalmente música que se revela a novos níveis de excelência a cada vez que a ouvimos. “Heralds Of Strife” não será um disco da moda, não terá um hype (embora o merecesse, definitivamente) mas é um daqueles discos ao qual é fácil perceber o porquê de gostar de black metal, o porquê de gostar desta forma de contar histórias e da juntação da melodia à agressividade. Tudo faz sentido com discos assim. Até mesmo uma simples decisão de querer fazer reviews a tempo inteiro…
9.5/10
Fernando Ferreira
Hiraes – “Solitary”
2021 – Napalm
Os Dawn of Disease finalizaram a sua carreira na segunda metade do ano passado mas a vida já nos ensinou que quando se fecha uma porta, abre-se sempre uma janela e neste caso, para a componente instrumental da banda alemã, a mesma materializou-se através da manifestação desta nova entidade, Hiraes, onde se junta à equação Britta Görtz, uma vocalista com um poderosa voz que reflecte o poder destes temas. Obviamente que as comparações com Dawn Of Disease poderão surgir mas há todo um feeling diferente aqui, com a brutalidade a andar de mão dada com a melodia e até alguma melancolia em alguns temas. A dinâmica da oscilação entre estas duas disposições são sem dúvida um dos pontos importantes e é também graças a ela que “Solitary” soa como um importante passo dado, logo o primeiro, no estabelecimento da sua identidade.
9/10
Fernando Ferreira
Dyrnwyn – “Il Culto Del Fuoco”
2021 – Cult Of Parthenope
Como já devem ter reparado, gosto de coisas excêntricas, coisas novas, coisas que desafiem as concepções existentes. Ter folk metal cantado em italiano é uma dessas coisas, que logo à partida consegue atrair a minha atenção. Musicalmente não são, no entanto, a típica proposta de folk metal, festiva e a convidar ao pézinho de bailarico. É épica, quase como uma banda sonora de um filme histórico, onde os teclados conseguem semper sacar melodias marcantes e empolgantes. Uma abordagem diferente mas que resulta. Este segundo álbum vê a banda a surgir numa superior forma em relação à estreia. Poderá desiludir para quem procura certos lugares comuns do estilo mas acredito que mesmo nesses casos, as músicas aqui contidas conseguirão cativar.
8.5/10
Fernando Ferreira
Alchemia – “Inception”
2021 – WormHoleDeath
Interessante álbum de estreia deste colectivo brasileiro. Metal sinfónico e moderno onde as vocalizações tanto se aproximam do death metal como do black metal. Já instrumentalmente a coisa vai desde os arranjos sinfónicos e electrónicos, numa fusão muito boa de ambos os mundos, ainda com uma toada gótica aqui e ali. Poderá soar a déjà vú em alguns momentos principalmente naqueles onde as guitarras e riffs mais graves e a puxar ao groove são predominantes – “Ashes” é um bom exemplo. A haver alguma identificação mais ou menos imediata é a dos The Kovenant no seu “Animatronic”. Tirando essa referência que não é universal no contexto do álbum, este é um álbum que revela um colectivo com potencial e fora da caixa em relação ao cenário brasileiro.
8/10
Fernando Ferreira
Everlust – “Diary Of Existence”
2021 – WormHoleDeath
Como é que esta banda não está no Metal Archives? Os Everlust tocam um belíssimo metal gótico (e mesmo que fosse um mau metal gótico, não seria razão para a ausência) e este Diary Of Existence é já o segundo trabalho da banda da Letónia. Lugares comuns temos com fartura mas estamos a falar de gothic metal, certo? O que esperavam? Bons temas – bom enquadramento da cover de Sam Smith, “Writings On The Wall” – que funcionam bem em conjunto e aquele feeling clássico do estilo. Moonspell, Theatre Of Tragedy, Tiamat, são algumas das referências que vão surgindo. Forte trabalho e um nome que merece crescer mais, para fora do seu país.
7/10
Jorge Pereira
Silent Verdict – “Condemned”
2021 – WormHoleDeath
Parece que os suecos Silent Verdict começaram no metalcore e depois mudaram para o death metal melódico. Não sei bem quando é que foi essa mudança mas sendo este o álbum de estreia, posso dizer que o estilo não tem grandes reminiscências do primeiro estilo e que é uma boa dose de death metal melódico dinâmico. Não existem grandes esforços em relação a evitar os lugares comuns mas “Condemned” não é um dos casos em que esse facto é o suficiente para se perder o interesse. Longe disso, havendo amor pelo estilo, é fácil de reconhecer o espelho desse sentimento em temas como “Before You Were Hated” e “Panic”.
7.5/10
Fernando Ferreira
Nanowar Of Steel – “Italian Folk Metal”
2021 – Napalm
Julgo que não estarei a ofender ninguém quando digo que as expectativas para um álbum dos Nanowar Of Steel não são muito grandes. Não que não goste deles e que não lhes ache piada – acho mais a coisas como “Valhalleluja” do que propriamente a “Norwegian Reggaeton” – mas o mal destas coisas humorísticas no metal é que por muito boa que a música seja (e normalmente é) a piada acaba por se esgotar ao longo de umas audições. Por muito boas piadas que se tenha (e normamente tem-se com fartura). Ora então o que esperar de um álbum totalmente cantado em italiano que tem, supostamente, o intuito de exporar o folk itaiano? Para já que as piadas vão-nos passar completamente ao lado, esse é já um ponto que fica assente. No entanto e curiosamente, isso faz com que se ouça o álbum pela música apenas e há muitos momentos memoráveis – “Il Signore Degli Anelli Dello Stadio” é um deles com uma série de melodias que já nos acompanham há muito principalmente quem for fã de futebol (o título também é apropriado, o “Estádio do Senhor dos Anéis”). O título não engana mesmo e o folk acaba por ser de uma maneira geral aquilo fica mais neste trabalho que poderá não fazer com que a banda seja levada a sério mas que fará com que se volte a ele com mais algum entusiasmo.
7/10
Fernando Ferreira
Sorg – “Haf Sem Ber Tímans Og Harmanna Farg”
2021 – Edição de Autor
Não basta ser da Islândia para ser bom. Um bocado áspero mas não deixa de ser verdade. E quem diz Islândia diz qualquer outra localidade do planeta. A one-man band Sorg (com Víðir “Mýrmann” Þrastarson como timoneiro) apresenta, em sua defesa, umas melodias interessantes mas o patamar “álbum” talvez ainda seja precipitado para chegar lá. Isto que não signifique que as músicas não tenham potencial. Ora potencial há até – nomeadamente nas melodias da guitarra lead que carregam tudo às costas – mas é mais a forma que o conteúdo que coloca o maior entrave. A produção é baça e desequilibrada, a voz unidimensional e pouco interessante e, sinceramente, parece que estamos perante uma demo da década de noventa do que um álbum de 2021.
5/10
Fernando Ferreira