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WOM Reviews – We Bless This Mess / Dreamshade / My Own Private Alaska / Tormenta / Inira / Victor Sierra / Celaris / Icon For Hire

WOM Reviews – We Bless This Mess / Dreamshade / My Own Private Alaska / Tormenta / Inira / Victor Sierra / Celaris / Icon For Hire

We Bless This Mess – “Enlightened Foll”

2021 – Oh Lee Music / One Level: Up Music / Lusitanian Music

O terceiro álbum dos We Bless This Mess foi lançado precisamente no primeiro momento de 2021, um ano que começou cheio de esperança mas que depressa foi para o buraco por completo – calma ainda temos esperança para os restantes meses mas Janeiro foi desanimador e Fevereiro para lá caminha. A banda portuguesa (sediada no Reino Unido) foi gravar até aos E.U.A. e o resultado é um álbum cheio de sensibilidades indie e força alternativa. Melódico, bastante, mas com um brilho  – não tanto como a capa evidencia – que precisamos nestes tempos onde só vemos preto e branco e com o preto a ganhar de longe a luta. Leveza que em muitos casos nos traz nostalgia de outros tempos mas que ainda assim soa bem contenporâneo, este é um trabalho que se revela cativante desde o primeiro momento – que neste disco é uma mensagem da banda a agradecer o tempo e energia que estamos prestes a dedicar ao disco. Não, pessoal, nós é que agradecemos.

8.5/10
Fernando Ferreira

Dreamshade – “A Pale Blue Dot”

2021 – Horang Music

Quarto e poderoso álbum dos Dreamshade, donos de uma sonoridade moderna, que se insere nos espectro do metalcore melódico mas inspirado. Neste estilo, do qual posso ser por vezes um bocado crítico, dou valor mais ao conteúdo do que à substância e como’ tal “A Pale Blue Dot” destaca-se pela forma como consegue trazer-nos peso, doses técnicas surpreendentes e algum revivalismo do nu-metal a lembrar os primeiros tempos de Linkin Park – “Stone Cold Digital é um bom exemplo. Poderoso e sensível, a dictomia que já nos espera deste tipo de som mas que é atingido com mestria por parte da banda suiça. Canções que conseguem ser emocionais para além do simplesmente saber muito bem a fórmula daquilo que devem fazer.Um dos destaques desta primeira metade do ano no metalcore.

8.5/10
Fernando Ferreira

My Own Private Alaska – “Let This Rope Cross All The Lands”

2021 – AWAL

Pianocore. Sim, é uma “cena”. Os My Own Private Alaska e até é bem melhor do que aquilo que o rótulo antevia. Basicamente o que temos é bateria, voz e piano. E chega, para causar um excelente impacto. Para quem não se lembra deles – porque estiveram num hiato que durou cerca de dez anos – a emocionalidade da voz remete-nos para algo próximo do pós-hardcore, mas a pianada… essa é sublime. Poderá ser um prato difícil de digerir, quer para quem gosta da sonoridade clássica do piano como para quem gosta de qualquer coisa que tenha “core” no fim, mas como assumido céptico nestas coisas, posso dizer que entranhei mais do que estranhei. Bom regresso, valeu a pena quebrar o hiato.

8/10
Fernando Ferreira

Tormenta – ´”Chapter One: The Storm Is Coming”

2018 – Edição de Autor

Na minha inocência, ao ver o título pensei logo que se tratava de uma banda de thrash (ou thrash/death) brasileira. Curiosamente não, são ingleses e tocam um metal industrial (ou até mesmo metalcore) caseiro, com algumas limitações de produção mas que até consegue bons resultados. Estes três temas são interessantes o suficiente para que nos deixe com vontade de repetir a dose. Talento óbvio para construir refrões bem orelhudos. Com mais condições, de certeza que chamariam a atenção a muita gente.

7/10
Fernando Ferreira

Inira – “Grey Painted Garden”

2018 – Another Side Records / Metal Scrap Records Inc

Groovy e djenty. Dois termos que não gosto particularmente, ainda mais do que a música em si que por muito presa que seja às suas fórmulas, há sempre algo positivo a retirar. Neste caso até tem bastante positivo. Se em termos musicais, a parte rítmica é aquilo que salta mais ao ouvido – com uma presença quase omnipresente do mesmo tipo de soluções que não traz qualquer vantagem – em termos vocais há uma emocionalidade que consegue carregar nos botões correctos e torna esta uma experiência superior do que a soma das suas partes me fez prever. Boa surpresa.

7/10
Fernando Ferreira

Victor Sierra – “Imperfect Meridians”

2021 – Edição de Autor

Mesmo que instrumentalmente não seja algo forçosamente retro, este “Imperfect Meridians” fez-me pensar na década de oitenta, na música movida pop movida a sintetizadores. A voz também ajuda a isso, com uma tonalidade a lembrar o goth rock que os alemães abraçaram anos mais tarde. Muito pouco rock (ou nenhum mesmo) mas melodias e minimalismo electrónico interessante o suficiente para nos manter presos durante a sua duração. São esses dois o público alvo, os que apreciam electrónica e rock gótico ou simplesmente o gótico. Neste caso steamgoth – deverá ter alguma coisa a ver com o steampunk, algo que se enquadra perfeitamente aqui.

7/10 
Fernando Ferreira

Celaris – “In Hiding”

2020 – Edição de Autor

Tenho um pouco de luta interior em relação a certas classificações que envolvam o termo “progressivo” por achar que são latas demais, e muito dessa luta acaba por ter o ponto comum em relação a propostas modernas que usando um tipo de som e ambiências (e sobretudo voz).  Esses pontos comuns tornam-se em lugares comuns e condicionam a análise devido ao preconceito. Bem, isto tudo para dizer que apesar de termos elementos comuns ao que se pode considerar progressivo, a banda tem os pés assentes no metalcore. E não há nada errado com isso. As melodias são interessantes principalmente aquelas que partem da voz limpa mas como um todo, este álbum é ligeiramente derivativo. Tem o seu interesse para os fãs do género mas é necessária uma maior identidade para melhor se afirmar.

6/10
Fernando Ferreira

Icon For Hire – “Amorphous”

2021 – Kartel Music Group

Muitos seguidores no Spotify e uma porrada de seguidores nas redes sociais. O comunicado de imprensa apelida os Icon For Hire como os gigantes adormecidos da cena moderna rock. Talvez, embora, em resposta politicamente incorrecta, apetece dizer que de rock temos muito pouco e que a estrutura das músicas são mais próximas do pop do que propriamente rock. E que sintetizadores distorcidos não é a mesma coisa que ter guitarras distorcidas. Detalhes que fazem toda a diferença para mim que sou perfeccionista na forma como o termo rock é usado de forma demasiado livre. “Amorphous” não é um mau disco, de todo. É bonito, tem melodias catitas. Igual a tudo o resto. É apenas mais um. Mérito há, em reconhecer o que por aí anda e em fazer algo bastante parecido. Falta arrojo e rebeldia. Rebeldia mais orgânica e não pré-formatada. No entanto, os fãs do Spotify de certeza que vão gostar.

7/10
Jorge Pereira

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