WOM Tops – Top 20 Metalcore/Deathcore/Groove Albums 2020
WOM Tops – Top 20 Metalcore/Deathcore/Groove Albums 2020
Neste top condensamos tudo o que nos chamou a atenção no reino das sonoridades modernas e por tal consideramos o Metalcore, o Deathcore e o Groove e muita coisa boa ficou-nos na memória. Vamos então verificar estes vinte álbuns memoráveis.
20 – The Amity Affliction – “Everyone Loves You… Once You Leave Them”
Pure Noise Records
Lançando este novo trabalho “Everyone Loves You … Once You Leave Them”, os Amity Affliction retornam às raízes do Metalcore, depois da experiência que foi “Misery”. Não deixa de ter uma sonoridade mais melódica, que ainda consegue ser mais melódica que antes, mas as secções pesadas também são mais pesadas. O peso regressou em peso. A nível da vocalização optaram por algum autotune nas secções limpas, que eventualmente nem seria necessário, mas que se inserem bem. Bons temas com grandes riff de guitarra, incluindo alguma mistura de piano, e a bateria com tons melancólicos funciona muito bem, alterando com partes mais pesadas. São abordados, principalmente, temas relacionados com doenças mentais e coube a cada um dos elementos da banda trazer um pouco das suas experiências para o álbum. Decididamente algo que agradará aos actuais fãs, mas que vale a pena espreitar este novo trabalho vale, pode ser que ainda surpreendam.
Fernando Ferreira
19 – DSM – “Elévations”
Edição de Autor
Furioso, intricado e desconcertante. É assim que podemos classifcar o segundo álbum de orinais dos franceses DSM (que significa “Delicate Sound For Murder”, uma designação que até nem faz grande sentido, já que eles de delicado não têm nada, a não se que contemos como delicado algumas das dissonâncias que encontramos e que até resulta de forma melódica). Só assim, porque de resto torna-se complicado conseguir encontrar um rótulo onde encaixa saudavelmente e sem ser encaixado a martelo. Groove, dissonâncias, death metal, hardcore. E a parte boa é que apesar da salganhada, é um álbum que se ouve muito bem, sem que consigamos parar. Quando assim é, é porque estamos no caminho certo.
Fernando Ferreira
18 – Our Mirage – “Unseen Relations”
Arising Empire
Melodia contagiante. É uma forma de explicar o que os Our Mirage fazem. “Unseen Relations” traz-nos onze peças, verdadeiros tratados dessa melodia, onde o pós-hardcore se funde com o alternativo e metalcore para temas tão orelhudos que depressa se tornam virais internamente. E não é o caso de termos um ou outro tema mais forte. É sim um forte conjunto de temas onde não há qualquer tipo de algum filler. Alguns poderão ser ligeiramente mais melódicos e até pop (como a “Transparent”) mas isso não é um impedimento ou sequer um factor negativo.
Fernando Ferreira
17 – Atena – “Drowning Regret & Lungs Filled With Water”
Indie Recordings
Segundo o comunicado de imprensa os Atena tornaram-se, com o fruto do seu trabalho, numa das bandas de destaque da cena metalcore da Noruega. Claro que é algo que seria esperado de ver num comunicado de imprensa e nem temos como comprovar a realidade desse facto, já que estamos um pouco distantes, mas a avaliar pelo poder deste álbum, não é descabido nem nada que nos admire muito. Pelo contrário até. A banda consegue cativar facilmente mesmo sem apresentar um trabalho que seja propraiemente típico. Para além de ser curto, não podemos dizer que seja um álbum directo e unidimensional. Poderoso e sem dúvida emocional, este é um daqueles álbuns ao qual voltaremos várias vezes no futuro, especificamente para encontrar o espelho das emoções aqui vividas. Emoções fortes, claro. Melódico, ríspido, bonito, feio, tudo e o seu oposto.
Fernando Ferreira
16 – Five Minutes Hate – “A New Death”
Buil2Kill Records
“A New Death” é a nova proposta dos italianos Five Minutes Hate. Metalcore cheio de groove (que a banda classifica como death metal – nada de errado com isso) e intensidade que é, logo à partida, bem superior à estreia. Em termos das canções em si, como também pela forma como foram registadas, há sem dúvida um nível muito superior. Continuam a focar um conceito, que apesar de interessante, perde-se sem dúvida perante o poder da música – o que não é de todo um defeito. Álbum forte e interessante a mostrar uma evolução que acredito que não ficará por aqui.
Fernando Ferreira
15 – August Burns Red – “Guardians”
Fearless Records
Vou declarar já a minha ignorância e dizer sem medos que não conheço os August Burns Red. Ou melhor, não conhecia antes de ouvir “Guardians”. Não sabia que eram uma banda já com quase vinte anos de carreira nem que tinham sido duas vezes nomeados para os Grammy (o que por si só já diz bastante sobre o peso que os Grammy têm na vida de um apreciador de música comum). Parece que o álbum anterior da banda foi bem sucedido e como tal existem expectativas em relação a este. Como eu não tinha nenhumas, posso dizer que gostei bastante do que ouvi. Metalcore inteligente e sem grandes clichês – talvez a “Defender” encaixe nessa categoria – com um álbum que se ouve muito bem do início ao fim. Ficámos fãs da banda e até estamos dispostos a ir ouvir o que está para trás. Mais que não seja para ver se justificam as nomeações ao Grammy. Em “Guardians” já vimos que sim.
Fernando Ferreira
14 – Polaris – “The Death Of Me”
Sharptone Records
A emocionalidade é sempre um factor decisivo na música, sem qualquer dúvida. E é ela que faz a diferença, muitas das vezes, em termos um disco que potencialmente nos poderia passar ao lado ter um impacto muito maior. É o que acontece com este “The Death Of Me”, segundo álbum de originais. Raivoso mas com muitas tonalidades de emoções para explorar assim como também traz bastantes nuances musicalmente com a melodia a ter um poder maior quando posta lado-a-lado com a abrasividade. Um álbum que prende do início ao fim, refrescante a esse ponto.
13 – Without Mercy – “Seismic”
Bloodblast Distribution
Por experiência própria, quando uma banda é descrita como uma mistura entre death metal moderno e metalcore, a balança pende mais para o lado do metalcore. Foi bom os canadianos Without Mercy mostrarem que não há regras que sejam definitivas e absolutas. “Seismic” não dispensa o tom moderno, é certo, mas também nos traz muita exuberância técnica que não é própria do metalcore. No final fica um híbrido difícil de identificar mas muito fácil de absorver. Temas dinâmicos e passagens que podem ir do jazz, passar por riffs próprios do nu metal e grooves djent para depois ter blastbeats que nem um animal selvagem. E no final não é uma manta de retalhos, apenas músicas que se tornam interessantes para quem gosta do metal bastante dinâmico.
Fernando Ferreira
12 – Kause 4 Konflikt – “Fornication Under Control Of King”
Deadlight Entertainment
Álbum do carvalhão! Mesmo! Não sendo um especialista ou até mesmo fã em metalcore, para mim este é o verdadeiro sentido daquilo que o termo representa. Ou melhor é o que acho que melhor representa – meso que eles nos sejam apresentados como thrashcore. Espírito hardcore nas letras e na forma de cuspir as mesmas e poder metal por trás. Que poder bruto meu Zeus! Do início ao fim, não há trégua. Nem queremos que haja. É uma daquelas propostas que sendo unidimensional consegue conquistar-nos mesmo assim. Bujarda atrás de bujarda, tal como gostamos.
Fernando Ferreira
11 – Suicide Silence – “Becoame The Hunter”
Nuclear Blast
Suicide Silence estão de volta e após a polémica com o último álbum de originais – devido a ter vocalizações limpas – tínhamos alguma curiosidade para ver a orientação deste trabalho. Sem grandes surpresas, o que temos é um álbum bem mais violento, mais técnico e talvez um pouco mais death metal, mas ainda assim sem desvirtuar a identidade que a banda criou até agora. Olhando para trás (e até mesmo na altura) uma petição para impedir um álbum que seja lançado ou até que a banda mude de nome devido a mudanças no som é algo bastante parvo, mas isso mostra também os fãs acérrimos que a banda tem. Pois bem, na nossa maneira de ver, eles ficaram bastante satisfeitos aqui. Groove (sim, breakdowns) e brutalidade, num bom equilíbrio entre os dois.
Fernando Ferreira
10 – IA – “initIAtion”
Edição de Autor
A capa algo manhosa não faz prever a boa surpresa que é este “initIAtion”, um trabalho que é descrevido como shamanic metal. Que até faz sentido, embora para o caro leitor não adiante nada – tudo dependerá da concepção que terá do shamanismo e/ou do metal. Podemos dizer que temos algo moderno, próximo do groove/metalcore com afinações mais graves mas sem exageros breakdowns ou algo que se pareça. Temos uma guitarra lead que orienta bem o caminho, uma voz a alternar entre o limpo e o gutural e ainda umas melodias místicas que são aquele toque de classe no final. Tudo junto? Um grande álbum de estreia.
Fernando Ferreira
9 – Bear – “Propaganda”
Pelagic Records
Quando falamos da mistura entre metal e hardcore, há bem mais do que o que se convencionou chamar de metalcore. Os Bear mostram (sempre mostraram) como se faz algo que supostamente deveria ser banal de uma forma bem interessante e isso é graças a uma personalidade musical bem marcante. A melodia, a visceralidade e sobretudo a mensagem não é feita para ser encaixotada numa embalagem muito bonita e espalhada pelos jovens ávidos de musiquinha bonita (ainda que supostamente pesada e agressiva). A melodia é marcante assim como a forma como os arranjos nos surgem daquela forma clássica de déjà vú – algo é tão bom que até nos parece mentira como ainda não tinha sido criado antes. Um mimo, sobretudo para quem (acha que) não gosta de metalcore.
Fernando Ferreira
8 – Avatar – “Hunter Gatherer”
eOne / Century Media Records
Chris Reese e Tom Dring dos Corrupt Moral Altar têm uma nova aventura musical, estes Lake Baihal, e apesar de ser apenas um tema, em termos de duração, podemos dizer que se trata de um EP já que são quinze minutos, numa autêntica viagem de montanha-russa, com vários géneros a juntar-se do black ao doom metal, onde até solos de saxofone se fazem sentir. Tudo flui de forma perfeita. De tal forma que a cada vez que ouvimos há novos pormenores a surgir e novas perspectivas. E é apenas um tema. Imaginem um álbum inteiro.
Fernando Ferreira
7 – Make Them Suffer – “How To Survive A Funeral”
Rise Records
Porque é que será que gosto mais da maior parte das bandas de deathcore quando elas deixam o deathcore para trás? Se calhar a resposta é óbvia, não é? Bem, seja óbvio ou não, Os Make Them Suffer trazem melodia acrescida para este quarto álbum e confirmam a sua rota ascendente de sucesso. Cada vez mais assentes no metalcore, a banda australiana traz-nos um dos seus melhores trabalhos, onde apesar do abuso previsível dos breakdowns, temos melodias que se colam ao cérebro. Mais do que seguir à risca a fórmula como se fosse uma experiência ciêntifica temos boas canções que mostram o alto nível em que eles estão. Dentro da sonoridade metalcore , sem dúvida um dos destaques de 2020.
Fernando Ferreira
6 – Like Moths To Flames – “No Eternity In Gold”
UNFD
Ao quinto álbum, o nome dos Like Moths To Flames já carrega consigo expectativas: de se ter metalcore de grande qualidade. É isso que entregam, onde o peso e a força das guitarras (com excelentes apontamentos técnicos que ajudam a manter o interesse elevado) se intercalam com os refrões hipermelódicos que se espalham como uma infecção. A diferença deste álbum paa os outros é a forma como a banda parece conciliar os seus melhores riffs, os seus melhores refrões e o resultado é possivelmente um dos seus álbuns definitivos. A juntar a isto, temos uma perspectiva muito pessoal por trás das letras que se inspiram em episódios reais do frontman Chris Roetter. Um álbum bem sólido.
Fernando Ferreira
5 – Kill The Lights – “The Sinner”
Fearless Records
Kill The Lights é uma nova banda que reúne Michael “Moose” Thomas (membro fundador dos Bullet For My Vallentine), o vocalista dos Throw The Fight, dos James Clark, Jordan Whelan dos Still Remains e Travis Montgomery dos Threat Signal. Ou seja nomes de peso para uma banda que logo à partida vai reunir as atenções dos fãs das bandas e sonoridades citadas, ou seja, do som moderno que anda pelo rock do novo milénio (aquele meio arraçado do alternativo e do nu metal) e o metalcore mais melódico. Se o stock que temos hoje em dia de propostas do género é bastante generoso, a verdade é que estamos sempre dispostos a ouvir boa música, e isso nunca farta. Várias nuances e um disco memorável. Não é o que mais queremos?
Fernando Ferreira
4 – Protest The Hero – “Palimpsest”
Spinefarm Records
Sete anos de ausência hoje em dia, ainda assim, não deixa de ser uma ausência considerável. O suficioente para termos as expectativas em alta. Algo que o facto da gravação do álbum ter sido adiada em 2018 devidos aos problemas de voz de Rody Walker. E a esse respeito, Walker está mais afinado que nunca, e a puxar bem pelos agudos. É sem dúvida um dos pontos mais altos que encontramos aqui, mas a música como um todo parece estar elevada a todo um novo patamar. Riffs intricados e endiabrados, com a parte ritmica a ser um autêntico luxo, este é um verdadeiro festim para quem gosta da sua música complexa. É que apesar de ser em certos pontos bastante matemática, nunca perde o seu efeito melódico e catchy. Recomendado até para quem não é fã da banda, depois disto, não vai haver volta a dar.
Fernando Ferreira
3 – Kneel – “Ailment”
Raging Planet / Planet K Records
Depois da reedição de “Interstice” , aqui está o algo ao segundo álbum dos Kneel. Que é o mesmo que dizer, o regresso de Pedro Mau (responsável pela guitarra, baixo e bateria, Wells Valley) e Filipe Correia (voz e letras, também dos Wells Valley e Concealment). A sonoridade anda entre as dissonâncias do mathcore e o death/thrash moderno cheio de groove a descair para o hardcore. É um som rico e refrescante, conseguindo atingir diversos estados de dinâmica. Este poderá tornar-se um destaque nacional dentro de um género onde não há propriamente muito concorrência – poderíamos citar os Wells Valley como estando algo próximo, ou até mesmo Concealment, mas não, sente-se esta entidade como algo diferente. Destaque para a participação de Miguel Inglês na “Watchful”.
Fernando Ferreira
2 – Bleed From Within – “Fracture”
Century Media Records
É tão fácil nos dias de hoje colocar a perder o trabalho de anos em tão pouco tempo. Os Bleed From Within quase que parece que passaram por isso quando lançaram “Uprising” em 2013. “Era” foi uma boa resposta, ainda que cinco anos depois, mas agora, a provar o bom momento, temos “Fracture” que mostra que a banda com mais personalidade e até mais metálica que nunca, com bons leads e com bons desvios à norma metalcore. Não é que seja importante fugir à norma do metalcore para se ter boa música, mas quando todos fazem o mesmo, é refrescante vermos alguma variação. Nisso “Fracture” triunfa talvez mais do que algum álbum dos Bleed From Within, conseguindo apresentar um álbum que é apetecível do início ao fim.
Fernando Ferreira
1 – Aversions Crown – “Hell Will Come For Us All”
Nuclear Blast
Já tinha dito que o deathcore fica sempre mais atractivo quando tenta não ser deathcore? De certeza que sim, embora não o tenha dito hoje. Está dito e é algo que os Aversions Crown nos mostram. A brutalidade está obviamente e sim temos breakdowns mas também temos muito mais que isso. Temos uma atmosfera que nos leva para longe de sons formatados ou de pensamentos de déjà vú – bem, alguma coisa vamos ter, mas é apenas para indicar que este é um trabalho bastante refrescante e é nesse espectro que “Hell Will Come For Us All”, como um álbum que consegue surpreender, mesmo inserindo-se (mais ou menos) num género que está (supostamente) condenado a andar por um beco sem saída criativo.
Fernando Ferreira