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WOM Tops – Top 20 Sludge Rock/Metal 2019

WOM Tops – Top 20 Sludge Rock/Metal 2019

O Sludge é outro subgénero que cresceu na última década para além daquilo que seria previsível. No entanto 2019 as expectativas já eram altas e mesmo assim foram superadas, com um dos mais concorridos tops que tivemos este ano. Mais uma vez, temos consciência que muitos ficaram para trás.

20 – V – “Led Into Exile”

Suicide Records

Estes suecos V de certeza que chegarão como uma surpresa para muitos fãs de música pesada. Eles já tinham deixado excelentes indicações com o álbum de estreia de 2017, “Pathogenesis”, mas agora podemos dizer que vão a um pouco mais além nesse ponto. Ampliando a sua abrangência, “Led Into Exile” é muito mais do que apenas “mais um” álbum de sludge/doom/pós-qualquer-coisa. Pegando numa sequência como “Hostage Of Souls” e “Phantasmagoria” poderão ver precisamente isso, como a banda amplia a fronteira dos seus limites precisamente por acrescentar um pouco de melodias (ainda mais) emocionais aos seus arranjos. Um trabalho para ouvir e deixar crescer.

Fernando Ferreira

19 – Burning Gloom – “Amygdala”

Argonauta Records

Os Burning Gloom nasceram dos My Home On Trees, uma banda que, confesso, nos era desconhecida mas que agora até temos curiosidade em ver como eram, mesmo sabendo que tocavam algo substancialmente diferente do doom/sludge corrosivo que conseguimos ouvir nesta estreia – consta que eram stoner rock, algo que até faz sentido neste contexto, já que existem resquícios. No entanto, eles aqui aventuram-se bem mais, bem mais até do que aquilo que o rótulo doom/sludge sugere, muito também graças à fantástica performance de Laura Mancini, que está enorme na voz. Uma estreia fantástica que promete muito para o futuro. Destaque para a participação de Mona Miluski dos High Fighter no tema “Nightmares”.

Fernando Ferreira

18 – High Fighter – “Champain”

Argonauta Records

Apesar de não ser o primeiro álbum da banda, este trabalho foi uma estreia aqui entre nós, uma excelente surpresa. Para já ficámos surpreendidos pelo registo de voz de Mona Miluski – que já conhecíamos de trabalharmos em conjunto através da sua PR All Noir – que começopu por se apresentar de forma bem extrema, apropriada até para uma proposta black metal mas que depois evolui para vocalizações limpas que são bem viciantes e trazem valor acrescentado aos temas. Instrumentalmente e apesar do teor próximo do doom/sludge, há por aqui um espírito stoner bastante forte e a espaços até ligeiramente psicadélico. “Champain” é um segundo álbum que definitivamente verá a banda a ascender a lugares cimeiros entre o género onde se inserem. Se houver justiça no mundo, claro.

Fernando Ferreira

17 – Vak – “Loud Wind”

Indie Recordings

A arrogância de pensarmos que é impossível sermos surpreendidosk é destruída diariamente e isso é graças a bandas como os suecos Vak que nos trazem uma desconcertante proposta que nem sequer sabemos bem onde encaixar. Com uma sonoridade algo suja, própria de um stoner ou até sludge, mas depois com detalhes e arranjos (principalmente melodias) que nos levam para outros campos mais alternativos ou até mesmo progressivos, este é um álbum que tem um potencial para crescer muito mais para além dos rótulos que podem surgir. Ah e a esse respeito, achámos a solução perfeita onde o arrumar: na prateleira dos “Grandes Álbuns”.

Fernando Ferreira

16 – 100000 Tonnen Kruppstahl – “Teeth Fletcher”

Wooaaargh

Mesmo não sabendo falar alemão, fica claro o sentido do nome da banda: Peso! Peso é algo que efectivamente temos ao longo de quatro longas faixas que nos dão na cabeça como uma marreta. Sludge/doom metal paquidérmico. O mais engraçado é que sendo este o terceiro álbum da banda, funciona também como uma espécie de bola curva já que a banda pendia mais para o grindcore. Pois bem. Quatro faixas, todas com mais de dez minutos de duração (duas delas com mais de vinte até) que totalizam em mais de setenta minutos de música que consegue ter um efeito hipnótico e denso. Não é de todo um álbum fácil de interiorizar principalmente para quem seguia o outro registo da banda, mas para os fãs doom, está aqui uma excelente surpresa.

Fernando Ferreira

15 – Wardehns – “Now Cometh The Foul”

Edição de Autor

O lettering sugere algo na onda do stoner/sludge metal mas os primeiros momentos de “Crustacean”, o primeiro tema desde “Now Cometh The Foul”, acabam por nos despistar. É quase isso. O sludge está aqui presente mas surge mais próximo do death, de uma forma dinâmica e bruta o que faz com que este trabalho se torne ainda mais interessante do que se suponha à primeira vista e audição. Os riffs são o grande destaque mas no geral temos boas canções e peso com fartura. O que é que falta para sermos felizes? Muito pouco.

Fernando Ferreira

14 – Herod – “Sombre Dessein”

Pelagic Records

O início com a intro de “Fork Tongue” sugere algo pesado e apocaliptíco, de teor industrial, e quando a dita faixa explode em seu esplendor rebenta confirma isso mesmo – exceptuando a parte do industrial. Um peso opressivo mas não tão declarado quanto expectável. O teor industrial revela-se mais metálico do que outra coisa qualquer e com algumas passagens mais djenty. Tão difícil de ouvir emocionalmente como apetecível musicalmente, é um daqueles trabalhos que nos agarram de fininho como uma cobra para não nos largar mais – exemplo perfeito para demonstrar isto é o épico “Don’t Speak Last”. Arrasador.

Fernando Ferreira

13 – Varego – “I Prophetic”

Argonauta Records

Existem rótulos que por vezes parece-nos falta de imaginação ou pelo então imaginação a mais. No entanto, neste caso, sludge progressivo não é descabido de todo. Com um peso omnipresente, aquele peso do sludge e depois uma capacidade para nos levar a viajar, graças aos temas conduzidos pela voz hipnótica de Davide Marcenaro que nos embalam para longe. O tema-título é um exemplo maior disso mesmo. A atracção é à primeira audição mas garantimos que posteriores voltinhas vão fazer a coisa crescer ainda mais.

Fernando Ferreira

12 – Oro – “Djupets Kall”

Endless Winter

Adoramos este tipo de som! Não basta ser pesado, não basta ser atmosférico, nem basta ter uma listinha com elementos e ir riscando um a um com a esperança infundade de ter de volta algo inesquecível. Há sempre algo que liga cada um dos pontos e no caso dos ORO é mesmo uma fluidez que faz com que estes temas, bigornas autênticas de peso, soem como bombas. Talvez a nível técnico não se concorde com algumas das opções – como o som do baixo mas são literalmente minúcias perante o todo. Algures entre o Sludge e o pós metal, este é um trabalho que nos faz pensar em Neurosis mas que nos dá garantias mais que suficientes em relação ao seu próprio valor.

Fernando Ferreira

11 – Sâver – “They Came With Sunlight”

Pelagic Records

Enorme estreia que nos é servida pelas mãos da Pelagic Records, editora que, pelo menos daquilo que nos lembramos, nunca falha. A sua música tem a capacidade para nos deixar hipotizados chegando-nos por vezes a deixar num transe que nos faz esquecer se é instrumental ou não. Mas o peso, esse, é omnipresente. Sem dúvida que é aquilo que nos fica mais e numa altura em que a música é cada vez mais plástica, o testemunho que fica é uma bomba bisveral e orgânica, como há já muito não ouvíamos. Para compensar, vamos rodar até gastar.

Fernando Ferreira

10 – Gurt – “Bongs Of Praise”

When Planets Collide

O sludge está inegavelmente ligado aos E.U.A., principalmente a Nova Orleães, no entanto, os britânicos Gurt já provaram por diversas vezes que o sludge é como o Natal: quando o homem quer. E o homem quer muito a avaliar por este “Bongs Of Praise” que é um autêntico chavascal sujo e badalhoco de riffões bem doomescos onde se alia uma certa apetência para algum (ténue) psicadelismo da década de setenta. Normalmente o groove até não é uma das características principais do género, mas aqui vemo-lo a ser endeusado (e com justiça) desde a intro instrumental (brilhantemente) intitulada “Dr. Strangeleaf” até ao tema título que encerra. Um trabalho que nos conquista sem qualquer dificuldade, o que só evidencia o seu próprio mérito.

Fernando Ferreira

9 – My Master The Sun – “1000 Ogivas de Fel Cairão Sobre Ti”

Raging Planet Records

Este é um álbum que queríamos ouvir. Desde que no Bardoada tivemos um cheirinho que ficámos com este trabalho em mente. Sludge/doom metal, cantado em português e com alto nível de eficácia não desilude para quem comprovou o seu poder em palco. O facto de ser cantado em português acrescenta impacto e originalidade a algo onde é impossível inovar. Outro ponto importante é haver uma continuidade como se estivessemos perante uma única faixa. Ainda assim não nos é difícil fazer alguns destaques – Dois deles são “O Vento” e “Uma”. Nota ainda para a capa que nos faz lembrar Type O Negative e a abordagem vocal que nos faz pensar em como seria se o Adoldo Luxúria Canibal resolvesse enveredar pelo metal.

Fernando Ferreira

8 – BLCKWVS – “0160”

Pure Noise Records

Sasscore. É o que eles dizem que tocam. Mesmo sem saber o que raio é Sasscore, a nossa ideia é que será algo estranho. E até não é. Mais ou menos. Para quem nunca ouviu os espasmos de uns The Dillinger Escape Plan ou de uns Melt Banana, numa altura em que o hardcore estava a espalhar-se como um virus por vários ramos da música pesada, então está aqui a viagem da sua vida. Para todos os outros que têm andado atentos ao que se vai fazendo na música pesada nos últimos tempos, o que temos aqui não constitui propriamente uma novidade, mas isso só faz com que se goste mais, porque a forma como está feito não deixa de impressionar. Alucinado, bruto (muito bruto) mas com sentido, onde todo o caos tem uma ordem pré-definida (mesmo que ela pareça muito escondida) este trabalho poderá não chegar aos vinte minutos mas acaba por se tornar um vício adorável.

Fernando Ferreira

7 – Torche – “Admission”

Relapse Records

É impressão minha ou os Torche estão praticularmente potentes com este “Admission”? E por potentes não se entenda algo como uma curva estilística para o death ou o black metal. Não, potência pela efectividade que estes temas têm que logo à primeira, logo na apresentação, começam logo a tratar-nos por tu. Mesmo em temas menos imediatos como a paquidérmica “Times Missing” fica um groove, um mantra que ressoa interiormente. Ou então são apenas as saudades da banda norte-americana após quatro anos de ausência. Foi como se nunca tivessem estado ausentes.

Fernando Ferreira

6 – Hope Drone – “Void Lustre”

Relapse Records

O fim de tudo. Normalmente são estes discos que acabampor ter um destaque, no entanto, e em nossa defesa, que outra reacção poderíamos ter pertante tal petardo? Tal imensa obra devastadora, capaz de deitar tudo abaixo em poucos instantes. Correcção, essa devastação não é imediata, logo aos primeiros momentos, tudo porque “Being Into Nothingness” começa em crescendo até à devastação que depois irá durar até ao final do disco. Intenso é eufemismo, como já repararam, pelo que poderá haver uma dificuldade por parte do ouvinte em aguentar a mesma ao longo de cinco longos temas durante uma hora. Ainda assim, é uma viagem que não deixamos de querer encetar.

Fernando Ferreira

5 – Cranial – “Alternate Endings”

Moment of Collapse Records

Que pesum! Daquele gigantesco mesmo que nos deixa derreados mesmo que estejamos confortavelmente sentados a curtir o som. E daquela forma que gostamos, com acesso fácil às repetições hipnóticas. O início com “Faint Voice” é enorme e é o suficiente para que fiquemos logo rendidos, mas esse sentimento ainda vai crescendo mais com as seguintes três músicas. De uma forma que nos deixa sem palavras para descrever o que raio se está a passar. Não é segredo nenhum que nós somos sensíveis a música que joga com as nossas emoções. Viscerais (e por isso pesados embora a distoração possa não estar directamente relacionada com o peso) e contemplativos ao mesmo tempo que cria uma atmosfera que fala mais alto que riffs, vocalizações, padrões rítmicos, letras e arranjos. Tudo se une numa grande e intensa névoa que tem o dom de nos marcar. E este marcou, definitivamente. Convidamos todos a viver o mesmo.

Fernando Ferreira

4 – Lethvm – “ Acedia”

Dunk!records / Denses Record / I For Us Records

Após um impressionante álbum de estreia, os belgas Lethvm estão de volta com um trabalho que supera, na nossa opinião, um impacto que já foi grande. “Acedia” é tão visceral quanto emocional. Nunca a melancolia nos surgiu como uma paulada na cabeça. Uma paulada na cabeça que funciona como um todo. Não podemos dizer que seja um trabalho unidimensional – pelo menos musicalmente é bastante rico em dinâmicas – embora se sinta que estas sete faixas não devam ser separadas umas das outras. Um daqueles álbuns adormecidos que definitivamente vão ser de culto. Neste caso, aqui na WOM já fizemos o atalho, já é vício.

Fernando Ferreira

3 – The Drift – “Seer”

Edição de Autor

Não há qualquer dúvida em relação à qualidade da cena da África do Sul pelos muitos exemplos de boas bandas que têm surgido. Os The Drift são uma daquelas que inegavelmente nos parece que estão mais que prontos para a internacionalização. Aliás, merecem essa mesma internacionalização, conforme “Seer”, o terceiro álbum, prova aos mais cépitcos. “Seer” é o culminar de um processo de maturação que mostra muitos caminhos para além do doom/sludge dos quais têm elementos. Com grandes dinâmicas que não perdem de vista o elemento metálico, ora com mais peso ora com mais melodia – principalmente ao nível vocal. Consta que passaram por alguns períodos de instabilidade nas suas fileiras mas tendo em conta o resultado final, podemos dizer que deram a volta por cima. Olho (e ouvido) posto nesta banda.

Fernando Ferreira

2 – Baroness – “Gold & Grey”

Abraxan Hymns

Regresso bastante aguardado por parte de uma das bandas mais interessantes do espectro sludge rock. Continuando a explorar o universo das cores – e que mais uma vez nos traz uma capa de belo efeito, cortesia de John Baizley, o frontman da banda – os Baroness têm aqui mais um passo em frente e definitivamente partir a cabeça a todos nós que gostamos que a música esteja toda muito bem arrumadinha. Porque se o rótulo progressivo era usado como uma forma de quase de desespero (não sabemos o que é, vai de progressivo), agora ele não só faz todo o sentido como se sente como totalmente insuficiente. Temos a secção instrumental a soar exuberante mas com uma produção bem crua e orgânica. Coros sumptuosos misturados com momentos de pura diversão jam e grandes secções que passam de melodias quase pop para peso metálico. Bem, tudo isto e poderão dizer “então mas isso é Baroness normal”. Pois, talvez… mas deixem-nos sentir maravilhados, sim?!”

Fernando Ferreira

1 – Rorcal – “Muladona”

Hummus Records

Tomámos conhecimento dos Rorcal quando estes fizeram um split com os nossos Process Of Guilt e a partir daí ficámos interessados em acompanhar a sua carreira. “Creon” foi bombástico mas ainda assim não nos preparou para a bomba que é este “Muladona”. Um autêntico ataque selvagem ainda que frio e calculado. A forma como a voz off em modo de narrador começa na primeira faixa (“This Is How I Came To Associate Drowning With Tenderness” – há bandas que têm letras mais pequenas que estes títulos) e como ocasionalmente vai aparecendo é apenas mais um toque de classe que nos refresca do poder intenso ao longo do álbum. Black, doom, pós-metal, death, cabe tudo aqui e faz tudo sentido. Ou então apenas música extrema, mas seja como for, este é, definitivamente, o álbum mais forte dos Rorcal até hoje, onde a intensidade é mais real que nunca.

Fernando Ferreira

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