Cartaz

WOM Report – Hypocrisy, Septicflesh, The Agonist, Horizon Ignited @ Hard Club, Porto – 12.10.22

Passamos a vida a queixar-nos das grandes tours que passam ao lado de Portugal mas esta semana só poderíamos reclamar da falta de possibilidade de ir a tudo. No entanto, por maior que tenha sido o número de pessoas a sofrer esse dilema, todos os concertos tiveram casa cheia. Que saudades eu tinha de ver a sala 1 do Hard Club tão cheia (mesmo que a gerência continue a não saber onde fica o botão “on” do ar condicionado…)!

Claro que à abertura de portas nem um terço tinha ainda chegado e não propriamente por falta de interesse nos “pequeninos” Horizon Ignited, para usar o termo implícito nas palavras do próprio Okko Solanterä ao referir-se às restantes bandas do cartaz como “the big ones”; seis e meia é que é muito cedo para um concerto a meio da semana e as infindáveis obras na baixa do Porto não facilitam. Quem chegou mais tarde perdeu um excelente concerto de melodic death metal, com aquele requinte tipicamente escandinavo (mais propriamente finlandês). Têm dois álbuns, o segundo editado em Julho deste ano, e cerca de duas semanas antes a versão em vinil deste “Towards The Dying Lands” viu a luz do dia – edição que contém uma música exclusiva, “Carry Me”, conforme Okko apresentou mais ou menos a meio do concerto. Do álbum de estreia “After The Storm” tocaram “Equal In Death” e “Leviathan”, mas o resto do alinhamento foi naturalmente focado no trabalho mais recente. A dada altura Okko pediu ao público para aproximar-se mais do palco, o que só alguns acataram, mas na música de despedida, o tema-título de “Towards The Dying Lands”, eram muitos os braços no ar e bastante intenso o volume dos “hey hey hey”.

Quando os The Agonist subiram ao palco, o Hard Club já estava mais compostinho, e dada a popularidade da banda canadiana, Vicky Psarakis não precisou chamar ninguém para preencher as primeiras filas. Vários até começaram a acompanhar as letras logo desde a primeira “In Vertigo”. Um death metal também melódico mas mais moderno, em que quase todas as músicas do alinhamento mereceram uma reentrada em palco da expressiva e sorridente vocalista, como se fosse um encore. Depois de “Orphans”- o terceiro álbum com a formação actual – foi editado o EP “Days Before The World Wept”, tendo o seu tema-título encerrado a actuação. A maior parte das músicas tocadas foram destes dois últimos trabalhos, visitando ainda “Five” (com “The Wake”) e “Eye Of Providence” (com “Perpetual Notion”) – ao não tocarem nada do tempo de Alissa White-Gluz sugere que a caixa “The Early Years” que saiu em Março não terá sido ideia da banda…

Creio que quando “Portrait Of A Headless Man” começou a entoar já tinha chegado toda a gente que iria chegar – e que ambiente os “friends”, “brothers and sisters” e “motherfuckers” (parafraseando Spiros Antoniou) criaram! Além da excelência reconhecida do seu death metal sinfónico e da  performance a condizer dos quatro elementos (não sei o porquê da ausência do terceiro guitarrista, Psychon), a interacção de Spiros com o público também teve o seu peso no referido ambiente. Quer fosse uma simples apresentação como “o primeiro vídeo do último álbum” (“Hierophant”), ou “vocês lembram-se desta, ‘The Vampire Of…’”, deixando-nos completar “NAZARETH” em altos berros, o que também faríamos com “Anubis”, quando o vocalista/baixista simplesmente mencionou uma música sobre um “antigo deus egípcio”. Mas, pessoalmente, o momento de mais alta comunhão (sim, trocadilho intencional) foi ouvir o Hard Club inteiro a cantar os coros de “Communion”. “Dark Arts” encerrou um concerto que merecia prolongar-se por mais duas ou três músicas, pelo menos.

As luzes apagaram mas em vez da intro de “Worship” foi “Rock N Roll Train” dos AC/DC que veio das colunas. A música completa, não apenas uma parte, pelo que o público começava a impacientar-se – afinal, foram nove anos desde a última passagem dos suecos pelo Porto, e nem todos os presentes tinham assistido a esse concerto. Quando finalmente “Worship” soou e, um a um, os Hypocrisy pisaram o palco – Peter Tägtgren em último, claro – o metafórico “fim do mundo” aconteceu. O álbum com o mesmo nome é o mais recente trabalho e o que estão a promover nesta tour, mas tendo em conta que, quando saiu, a banda completava trinta anos e tem visitado todos os álbuns de estúdio que alguma vez lançaram, quase que poderia dizer-se que é a tour do 30º aniversário. Que desfile de clássicos! Um best-of em pleno. Já mencionei que não havia seguranças? Volta e meia lá vinha alguém da crew da banda até à borda do palco, a pedir aos crowdsurfers para afastarem-se, mas podia estar descansado – a ideia não era albarroar os músicos e sim simplesmente viver ao máximo aquela experiência sonora.

O alinhamento era longo, pelo que Peter não falou muito (principalmente quando tínhamos Spiros para comparar), mas quando peguntou se estávamos a divertir-nos e a nossa clamorosa resposta não deixou qualquer dúvida, ele acrescentou que “era bom que sim, senão tinhamos de chamar o ‘Eraser’”. E já no encore, mencionou o calor estranho que vivíamos naquele momento e que estava na hora de “Adjusting The Sun”. Mas antes disso já tinha agradecido a todos pela nossa presença, fazendo uma pequena mas claramente sincera vénia, assim como às bandas que os acompanhavam “naquele circo”. Ainda faltava a “Roswell 47” quando saíram do palco pela segunda vez – o concerto não podia ter terminado! E então os “barulhinhos espaciais” de “The Gathering” encheram o Hard Club e O hino encerrou uma noite memorável (com “Roswell” a ser substituído por “Porto” no útlimo refrão). E sendo a banda da velha guarda que é, não houve cá modernices de selfies para o Facebook – o momento final foi Peter a apresentar os seus colegas de banda. Repito: memorável!

Textos e fotos por Renata Lino
Agradecimentos Notredame Productions


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