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WOM Reviews – Xenoglyph / Guerra Total / Solace Of The Void / Arx Atrata / Order of Orias / Dimholt / Sercati / Tsatthoggua

WOM Reviews – Xenoglyph / Guerra Total / Solace Of The Void / Arx Atrata / Order of Orias / Dimholt / Sercati / Tsatthoggua

Xenoglyph – “Mytharc”

2020 – Glossolalia Records

Não temos muita informação no que aos Xenoglyph diz respeito a não ser que se trata de um duo norte-americano. É, todavia, um daqueles casos em que a música mesmo mais alto do que qualquer outra informação. Ou até falta de informação. “Mytharc” é uma bela obra de black metal sinfónico com alguns pontos em comum (pelo menos na nossa cabela) com bandas como Emperor ou os nossos Sirius. Não é um trabalho que se interiorize facilmente, mas é daqueles que dando luta, dão-nos corda para irmos avançando e mergullhando cada vez mais fundo. Talvez este tipo de coisa já não se use hoje em dia mas… ainda bem que temos estas excepções que nos fazem lembrar como foi/é bom quando são bem feitas. Muito bem feitas.

9/10
Fernando Ferreira

Guerra Total – “War Is The Pursuit Of Death: A Hymnal For The Misanthrope”

2020 – Satanath Records

Os Guerra Total continuam a ser uma das grandes coisas que nos surge da América Latina. Seja em castelhano, seja em inglês, a banda colombiana continua a misturar como ninguém black, death e thrash metal numa amálgama que se torna difícil (e até inútil) de decifrar. Já há muito tempo que passou o tempo de tentar dissecar o que se passa por aqui até porque isso é bem simples de definir.  Produção crua mas bem definida assim como poder metálico como os deuses do metal estabeleceram. Tudo junto? Um álbum dos infernos.

9/10
Fernando Ferreira

Solace Of The Void – “Solace Of The Void”

2019 – CDN Records

Interessante trabalho de estreia deste projecto canadiano – por aquilo que temos conhecimento um duo que conta com uma longa lista de colaboradores. Apesar do rótulo black metal ser adequado, o teor folk, ambient e pagão das suas músicas mostram que “apenas” black metal não serve como descrição. As melodias são muitas mas mais que serem muitas, são bem conseguidas. Fiquei especialmente fã do tema “Of Stone & Gathering”, totalmente acústico. Trabalho rico e diversificado, com muito a oferecer.

9/10
Fernando Ferreira

Arx Atrata – “The Path Untravelled”

2019 – Edição de Autor

Que excelente trabalho. É incrível como ainda conseguimos encontrar pérolas de 2019 quando já estamos na segunda metade de 2020. Arx Atrata é black metal atmosférico, com um grande impacto melódico. Nos dias de hoje é complicado definir com exactidão onde começam e acabam as fronteiras do que é o black metal atmosférico e começa o pós-black metal mas neste caso parece-nos que as coisas são bem mais tradicionais. “The Path Untravelled” é já o terceiro álbum do projecto de Ben Sizer (também dos Twilight’s Embrace) e mostra que no que diz respeito a one-man bands, esta é mesmo uma das melhores. Não será imediato para quem gosta de coisas mais pesadas, mas para quem aprecia melodia e ambientes fantásticos, obrigatório!

9/10
Fernando Ferreira

Order of Orias – “Ablaze”

2020 – W.T.C. Productions

Austrália, esse imenso território, rico em animais selvagens com uma dimensão consideravelmente superior à dos seus “camaradas” europeus – ou de qualquer outro ponto do globo, quiçá – praias imensas e uma queda para boa música extrema. De Diocletian a Sadistic Intent, passando por Portal e Drowning the Light, sem esquecer o Sr. Sin Nanna, há aqui uma clara mostra de que o afastamento geográfico não impede, em nada, que boa música seja concebida.

Desta feita tive acesso a uma banda que me era desconhecida: Order of Orias, que nos apresentam o seu primeiro longa-duração desde 2011, o segundo desde que a banda se juntou em 2007. Aquilo que temos perante nós é Black Metal na sua forma “moderna”, como li outro dia (referencia a uma outra banda). Alusão a muito deste Black Metal de produção limpa. O ser “moderno”, nestes Order of Orias, não morre aqui. Há, sim, momentos reminiscentes das raizes dos 90, mas há uma construção de atmosferas e momentums, menos dada a clássicos e mais a contemporâneos (contemporâneo =/= Deafheaven ou Liturgy, p.e.) Há agressividade e um baterista que marca a posição sem olhar a danos – músico de sessão, pelo que li – ou consequências.

D.A. e A.S., o duo por detrás do monstro, pautam a sua música como se de um ritual se tratasse: a explosão incial + o momento de calma e meditação + o atingir o auge. Muito se deve, na minha modesta opinião, ao trabalho de bateria, que consegue criar uma estrutura base, forte o bastante de modo a acompanhar a excelente performance da guitarra. Mid-tempo, fast pace, ambiências… há um pouco de tudo, sempre lado-a-lado com uma produção limpíssima, como já comentado. O duo sabe jogar muito bem com as mudanças, não só de ritmo, como de intensidade. Assim consegue, com relativa facilidade, compor temas devidamente conectados, uns com os outros, e cada momento com cada momento, dentro destes (temas). o último tema – “Dawning Light” – é um soberbo exemplo deste jogo de ritmos e de intensidades, e como estas variações criam atmosferas e ambiências que apoiam, em muito, a musicalidade quase ritualista da banda. Fãs de Acherontas, isto é para vós!

8/10
Daniel Pinheiro

Dimholt – “Epistēmē”

2019 – Edição de Autor

Antes de mais, há que referir que estamos perante um grupo de músicos imensamente talentosos. A base da sua música é o Black Metal, ainda que o “tratem” com uma delicadeza deveras significativa. Uma base melódica, uma base atmosférica; vocalizações agressivas e profundas; uma bateria “cheia”, aglutinadora; as guitarras, essas, deambulam entre o straightforward e o requintado solo; o baixo está presente, fazendo-se “sentir”. Overall, estamos perante, como acima dito, um grupo de jovens que sabe muito bem a qualidade do trabalho que tem em mãos, puxando mais e mais pelas suas capacidades. Todos os instrumentos contribuem, em igual medida, para o produto final. Não há um que tenha mais destaque ou maior importância… todos juntos, apoiando-se uns nos outros, criam esta “besta”. Mas de quem falamos? Curiosos? Burgas, na Bulgária, é a casa destes Dimholt – vá, conheceis o nome, certo? – um colectivo formado em 2003 e que tem feito o percurso dito normal no que a edições se refere (Demo, EP, Álbum), sendo este, “Epistēmē”, o 2.º álbum. Uma das características que mais me agrada é o facto de este não ser um trabalho linear. Variações inesperadas, ritmos assumidos, que à primeira vista não encaixariam ali, naquele espaço e momento. A noção de atmosfera é, para mim, imensamente importante. Sejam uns Drudkh, sejam uns Mons Veneris, a atmosfera que o músico consegue criar, é o que decide se me sinto absorvido ou não para a música. Estes Dimholt conseguem criar, a momentos, essas atmosferas. Não é um trabalho que me agarre de início a fim, mas tem momentos muitíssimo bons e capazes de estar ao nível dos grandes nomes. A momentos, ouço Watain, a outros Funeral Mist, depois algo mais Folk, as vocalizações por vezes remetem-me para o imaginário mais Death Metaliano. Aí está! Esta diversidade, mas ainda assim identidade vincada, fazem dos Dimholt aquilo que soam.

7/10 
Daniel Pinheiro

Sercati – “Devoted, Demons And Mavericks”

2018 – WormHoleDeath

Terceiro álbum dos Secati, de 2018 – sim, andámos a escavar no nosso arquivo de trabalhos que ainda temos para analisar – que nos surge como uma boa surpresa, dentro dos campos do black metal mais melódico. Nesse departamento – da melodia, os belgas são especialmente eficazes, sendo o ponto de maior destaque deste conjunto de temas, com algumas das melodias até a soarem “folky”. No entanto, o contraste com a voz nem sempre é bem conseguido, ficando a ideia de que uma outra abordagem (nem que fosse a complementar para trazer mais dinâmica) iria beneficiar em muito este álbum.

7/10
Fernando Ferreira

Tsatthoggua – “Hallelujah Messiah”

2020 – Osmose Productions

O que temos aqui é a junção da primeira demo “Siegeswille“ dos Tsatthoggua com o EP “German Black Metal”, de 1995 e 1999 respectivamente, e cujo som se caracterizava por ser estranho. E digo no passado porque a banda acabou por cessar funções por volta de 2000, tendo apenas regressado no ano passado, sem haver grande certeza se haverão mais originais que vão surgir no futuro. Para os fãs de black metal esquisito é uma boa opção, mostrou que envelheceu com aguma graça. Para quem não é tão facilmente impressionável, provavelmente passsará ao lado.

6/10
Fernando Ferreira

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