WOM Tops – Top 20 Death Metal Albums 2020
WOM Tops – Top 20 Death Metal Albums 2020
Death metal é, e continuo a insistir neste ponto, um dos géneros do metal extremo que continua a apresentar excelentes álbuns. Temos a vertente sueca, temos a vertente americana, temos a vertente holandesa, mas no final, todos falamos a mesma linguagem: gutural a esguichar de sangue sob distorção e blastbeats.
20 – Theophagist – “I Am Abyss”
Edição de Autor
Tomámos conhecimento dos Theophagist quando surgiram na nossa caixa de correio. São uma banda do Luxamburgo (o que há forte probabilidade de haver para ali sangue lusitano – não que isso tenha qualquer peso no final) e trazem com eles um bruto álbum de estreia de death metal, bem rico e bem cheio de dinâmicas que enchem bem o ouvido. Bom trabalho técnico, sem cair no exagero (também não temos nada contra isso) e uma produção bem gorda que só faz com que os níveis de potência muito mais. A parte da dinâmica faz com que tenhamos outros elementos que dão o toque necessário para que este não seja sentido como um álbum “muito) unidimensional. Sólida estreia que nos deixa como fãs desde já.
Fernando Ferreira
19 – Wombbath – “Choirs of the Fallen”
Soulseller Records
Provavelmente este não é um nome verdadeiramente desconhecido para muitos de vocês, até para mim que nunca ouvi nada desta banda, reconheço o seu nome dos cenários mais pesadões do metal. Com 30 anos de existência (começaram com outro nome), esta banda tem vindo a produzir muita coisa digna dos cenários mais krieg do metal, por outras palavras, relativamente poucos álbuns e uma combinação de EP’s, Singles e Splits maiorzita, que provavelmente ainda seria maior se não tivesse sido a pausa que a banda tomou em 2010. Assim sendo, Choirs of the Fallen é o mais recente dos troféus desta banda. Lançado em Março, este álbum é um trabalho de death metal obscuro relativamente cru para aqueles que não se prendem a este género em específico, contudo não deixa de ter qualidade até para o ouvinte menos acostumado, porque sinceramente este álbum serviu-me de gateway drug para todo o monumento musical desta banda. A força demolidora que a banda demonstra neste álbum é de facto algo a ter conta, na medida em que conseguem a sua sonoridade destrutiva sem apresentar quase nada de ritmo caótico, uma das principais coisas que me afasta dos géneros mais pesados. O álbum é constituído por 99% destruição musical organizada potente e 1% de momentos de calmia mais ou menos generalizada (como são exemplos alguns segmentos de We Shall Remain). Ainda surge um momento que me parece curioso que é o do início de Taste of Death que combina uma sonoridade de background mais melancólica e na frente um death metal extremamente destrutivo. Como disse, esta review é feita por mim que não tenho conhecimentos anteriores nenhuns sobre a banda, mas talvez isso me torne mais imune à tendência de classificar um trabalho baseando-me nos “good ol’ days”, portanto definitivamente este é um trabalho que considero esmagadoramente positivo.
Matias Melim
18 – Elegis – “Kultus”
Edição De Autor
Os Elegis são uma banda polaca de death metal e “Kultus” é o seu segundo trabalho. Lançado de forma indepndente, “Kultus” começa por ter um impacto positivo na capa, um belíssimo trabalho de Hans Trasid (Dis-Art Design), com esse impacto a ser prolongado até ao som. O início meio orquestral do primeiro tema não é a melhor dica para a verdadeira natureza daquilo que fazem, ou seja, death metal violento que apesar de recorrer a algumas nuances melódicas e sinfónicas, não perde o seu poder – nem mesmo num tema instrumental como é o tema-título. Aliás, estes detalhes servem mesmo para acrescentar uma aura mais macabra – “Luminous Pantheon” é um bom exemplo. No final, este é um trabalho recomendado para quem gosta de violência mas aprecia também os ambientes criados que reforçam essa mesma ambiência.
Fernando Ferreira
17 – Uerberos – “Stand Over Your Grave”
Godz Ov War Productions
Nem sempre é fácil a tarefa de analisar música. Por vezes não estamos bem, estamos cansados ou simplesmente desinspirados. A preocupação principal é tentar fazer com que isso não se reflicta no texto. A música nesse aspecto ajuda. Os Uerberos são capazes de inspirar qualquer amante de death metal bruto. O truque é… apenas mais uma audição para que se fique mesmo no ponto certo. “Stand Over Your Grave” é um arraial de porrada metálica do início ao fim e mesmo sendo unidimensional, a sua eficácia é bem alta, sobretudo ao considerável nível técnico que abunda por aqui, ou não fossem eles polacos. Poderá não ser memorável nem se destacar da multidão do género que temos hoje em dia (e já tivemos no passado) mas o entusiasmo que provocou agora de certeza que vai provocar a cada vez que lhe pegarmos nos próximos anos.
Fernando Ferreira
16 – Warshipper – “Barren…”
Heavy Metal Rock
É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.
Fernando Ferreira
15 – Voracious Scourge – “In Death”
Massacre
Vocês sabem, não escondo, comecei por interessar-me ligeiramente pelo metalcore, para ficar enjoado do mesmo para depois começar a ficar interessado com a forma como algumas bandas (infelizmente uma minoria) conseguem refrescar as coisas e apresentar algo novo, tal como os Next Time Mr. Fox o fazem. Talvez abusem um pouco dos mesmos truques ao longo destes quarenta minutos mas a coisa sem dúvida que resulta. Itália a dominar o que se vai fazendo dentro do metal moderno.
Fernando Ferreira
14 – A Nameless Dread – “The First Nothing”
Edição de Autor
Death metal bruto, bem bruto que nos chega da África do Sul. Não esperava algo assim, principalmente por ter visto algures a descrição death metal progressivo, algo que não concordo, já que o que temos aqui é mesmo algo mais directo e técnico, com alguns leads melódicos. A pujança com que trazem nos brindam aqui neste “The First Nothing” é mesmo impressionante e consegue desde o início capturar a nossa atenção. Se há algo que é difícil para bandas novas é conseguirem afirmar o seu espaço e a sua própria identidade. Pois bem, acho que aqui o que temos que se salienta logo à partida é mesmo isso, uma identidade própria. Começo em grande.
Fernando Ferreira
13 – Benediction – “Scriptures”
Nuclear Blast
A última vez que fiquei viciado num disco dos Benedictions foi há vinte e dois anos atrás, com “Grind Bastard”, precisamente o último álbum a contar com Dave Ingram, que cedeu o lugar a Dave Hunt – que fez um excelente trabalho, diga-se de passagem. “Scriptures” marca então o regresso do vocalista britânico a um posto que conhece muito bem. Curiosamente, e comparando com o já referido álbum de 1998, este “Scriptures” soa bem mais old school, com uma produção que tem uma aura vintage – apesar de moderna – bem mais que o som cheio de “Grind Bastard”. Mas são as músicas, estas músicas que nos trazem aquele poder característico do death metal britânico que são o verdadeiro trunfo da banda que já tem o seu nome inscrito nos clássicos do death metal europeu. Doze anos de silêncio que foram quebrados da melhor forma.
Fernando Ferreira
12 – Shrapnel Storm – “Shrapnel Storm”
Great Dane Records
Sócio, está potentíssimo este trabalho auto-intitulado dos Shrapnel Storm. Death metal forte e bem bassudo, com uns riffs que fazem lembrar (assim vagamente) uns Bold Thrower. E não é só em termos sónicos que os finlandeses se aproximam da extinta banda britânica, já que também as temáticas andam todas à volta dos assuntos bélicos. Bom groove, boa violência metálica e boas bujardas em formato canções. Postas as coisas assim, não fica a faltar mesmo mais nada, pois não?
Fernando Ferreira
11 – Temple Of Dread – “World Sacrifice”
Testimony Records
Os Temple Of Dread em menos de um ano lançaram um bom álbum de estreia e agora já estão de volta para o segundo round, com uma dose considerável de death metal old school. Temos aqui um bocado da abordagem sueca misturada com a holandesa – a voz tanto nos lembra um campo como o outro – mas por outro lado, não temos uma colagem a nada definido. É aquele sentimento de déjà vú agradável porque apenas nos dá o sentimento de familiaridade mas não nos retira o prazer de temas como “Enforcers Of The Vile”. O death metal está melhor que nunca, graças a bandas assim, que surgem do nada a rasgar fininho.
Fernando Ferreira
10 – Angerot – “The Divine Apostate”
Redefining Darkness Records
Os Angerot tocam death metal. Disso não temos dúvidas. A questão (mais ou menos) problemática se levanta é como classificar quando eles oferecem algo mais do que simplesmente death metal e mesmo assim nada que os faça “transbordar” para outro género? Por exemplo os detalhes em termos de arranjos a apontar para o orquestral parecem-nos lembrar os Cradle Of Filth ali por volta do “Damnation And A Day”, mas não há mais nada que possamos dizer que tocam black metal melódico ou algo do género. Também temos repentes de death metal sueco. E poderíamos ficar aqui por dias. É intrigante o que também revela que perder tempo com este tipo de questões é indicativo do impacto positivo que “The Divine Apostate” tem. Mais do que apenas death metal, mas sobretudo para quem tem a mente aberta em termos de fronteiras estilísticas – não é preciso ter a mente assim TÃO aberta, apenas não ser obtuso.
Fernando Ferreira
9 – Skeletal Remains – “The Entombment Of Chaos”
Century Media Records
Quandou ouvi o último álbum de originais dos Skeletal Remains, “Devouring Mortality”, pensei para comigo “estes rapazes fazem-se, qualquer dia sobem na vida”. Não é surpresa nenhuma ver que o seu trabalho seguinte, este “The Entombment Of Chaos” é lançado pela Century Media Records. Também não é surpresa nenhuma encontrarmos death metal poderoso, com groove old school e alguma melodia e proficiência técnica. A banda continua com os seus valores intactos e traz-nos mais um álbum cheio de malhões que são perfeitos para pôr em prática a nobre arte de abanar o carolo.
Fernando Ferreira
8 – Demonical – “World Domination”
Agonia Records
Já perdi a conta as vezes que disse “se há uma coisa que é infalível na vida é o impacto positivo que o death metla tem”. Se calhar nunca o disse antes, pelo menos desta forma mas garanto que já pensei isto inúmeras vezes. “World Domination” vem ao encontro deste meu pensamento porque é simplesmente fantástica a forma como nos deixa completamente reféns perante regras à muito criadas e exploradas. Com uns riffs e leads memoráveis, não vale mesmo a pena mudar aquilo que não está estragado. Neste caso está mesmo melhor que nunca tal como a própria banda que lança aqui um dos seus melhores trabalhos de sempre.
Fernando Ferreira
7 – Sotz’ – “Popol Vuh”
Edição de Autor
Finalmente o álbum de estreia dos Sotz’. Depois de boas indicações deixadas no EP “Tzak’ Sotz’” e no singe “Baak’”, a banda do porto regressa com o seu primeiro álbum que evidencia uma maturidade e qualidade que não é muito comum ao primeiro álbum. Fincando pés no death metal, mas incorporando melodia de uma forma inteligente e não imediata – que permite recolher louros imediatos mas que a longo prazo poderá ter o efeito contrário – que beneficiam o carácter épico dos temas, sem que tenhamos um álbum composto por temas longos. Há um carácter cinematográfico quase que é imprescindível ao longo de temas como “The Return Of Kukulkan”, tornando-se o fio condutor ao longo dos dez temas. Um dos grandes álbuns nacionais do ano. Garantidamente.
Fernando Ferreira
6 – Sinister – “Deformation Of The Holy Realm”
Massacre Records
Os Sinister estão de volta e este poderá ser um nome que apenas os apreciadores old school do death metal faça nutrir algumas emoções mais fortes. No entanto desde há alguma parte para cá e apesar de não disvirtuarem as raízes do estilo, têm conseguido lançar trabalhos bem sólidos e poderosos. “Deformation Of The Holy Realm” é um bom exemplo disso. Furioso, com um som moderno que acrescenta (ou potencia) o groove da sua música e ao mesmo tempo aquela fórmula que nunca de ser deles. Podemos dizer que é apenas mais um disco de death metal. A questão é que os Sinister, mesmo nos seus momentos mais desinspirados, não deixaram de entregar algo que nos fizesse fazer headbang com alma. Este não é dos seus momentos mais desinspirados. Muito pelo contrário.
Fernando Ferreira
5 – The Malice – “Legions Of The Dawn”
Satanath Records
Estreia deste projecto/duo onde se junta o sueco Hubertus Liljegren (ex-Crimson Moonlight e ex-Oblivion, entre outros) na parte instrumental e o alemão Claudio A. Enzler (dos The Buried e My Darkest Hate, entre outros) na voz. O que resulta desta união é death metal bruto mas que não dispensa a melodia. Faz-nos pensar nos bons momentos mais recentes da carreira dos Deicide, apenas como ponto de referência. O trabalho instrumental é mesmo de topo e a voz traz ainda mais qualidade acrescida. Poderá ser visto como apenas um projecto, mas seja como for, é um grande álbum de death metal.
Fernando Ferreira
4 – Carnation – “Where Death Lies
Season Of Mist
Segundo álbum dos belgas Carnation que mostra a banda ávida por sangue. A estreia tinha sido promissora, eram eles perfeitos desconhecidos e este segundo álbum consegue ainda ser melhor. Não basta só ter uma produção poderosa com todos os instrumentos a ouvirem-se na perfeição, não basta também ter grandes temas e nem é preciso ser profundamente original de tal forma que é completamente diferente do estilo que se propõem tocar. Basta ter isso tudo na medida certa e ainda conseguir tocar naquele ponto em que estamos a ouvir e reconhecemos imediatamente sem qualquer sombra de dúvidas ao ponto de dizer “isto é death metal”. É mesmo.
Fernando Ferreira
3 – Lik – “Misanthropic Breed”
Metal Blade Records
Quando soube que os Lik iriam lançar um novo trabalho, imeditamente pensei/visualizei o mesmo na minha cabeça. Isto porque já sabia exactamente ao que iria soar. Não por ser extremamente clarividente e sobredotado de uma forma sobrenatural que consigo aceder a outras dimensões de forma a distorcer a quarta dimensão e transportar a minha consciência até ao futuro. É “apenas” death metal sueco. Death metal sueco, como mandam as regras. Sendo o terceiro aquele que supostamente define a carreira e som de uma banda devo dizer que para isso não precisavamos de “Misanthropic Breed”. A carreira e som da banda já estavam definidos desde o início, como a inevitabilidade do destino numa tragédia grega. Apesar dessa inevitabilidade, nem tudo é previsível, temos algumas melodias que são invulgares mas resultam muito bem – caso do curto tema-título instrumental, algo que se calhar poderão explorar mais no futuro. Ah, só falta dizer que é viciante.
Fernando Ferreira
2 – Abysmal Dawn – “Phylogenesis”
Season Of Mist
Death metal do bruto mas com grandes pormenores técnicos. É uma forma de definiir “Phylogenesis” mas talvez saiba a pouco para quem anda viciado neste trabalho nos últimos tempos como nós andamos. A vertente técnica não está exposta em demasia mas surge naquele ponto exacto em que nos traz excelentes momentos metálicos, principalmente no que diz respeito aos solos de guitarra, que são um autêntico tratado. A banda norte-americana poderá ter estado seis anos em silêncio mas este é definitivamente é um regresso em grande. Equilíbrio perfeito entre a velha escola e o poder do metal moderno mais poderoso e um álbum que vemos a tornar-se um clássico do estilo.
Fernando Ferreira
1 – Scarab – “Martyrs of the Storm”
Vicisulum Productions
Um dos aspetos mais positivos no “ramo de trabalho” das reviews é o de nos chegarem bandas de backgrounds extremamente diferentes que possivelmente nunca chegaríamos a ouvir por pertecerem a meios onde não costuma haver tanta divulgação da cultura “metal” por ainda ser considerada quase que taboo. Hoje temos uma banda do Egipto, que sinceramente não sei se encontra dentro dos países de taboo que referi, mas a verdade é que os Scarab já despertam a curiosidade só por serem de um país com uma mística tão pesada que decididamente influenciou a sua música – e isso nota-se no seu mais recente trabalho: Martyrs of the Storm. Spoiler: se começam a ouvir pela curiosidade que já expus acima, a verdade é que ficarão pela qualidade deste álbum. Esta banda dedica-se ao death metal e os seus temas líricos, como já dei a entender, prendem-se a temas Egípcios em cultura. Desta combinação, o que sai é um death metal muito bem trabalhado (no sentido em que não é propriamente só peso aleatório) que prende o ouvinte de início ao fim com o seu engenho e explosividade. O som no seu todo é conotado por um manto que faz lembrar a Grande Esfinge e a magnificiência desse povo ancestral, sendo que, por exemplo, na faixa intitulada de “Kingdom of Chaos” de facto são conjuradas imagens mentais do poder dos Grandes Faraós (nota: as letras podem nem sequer ter nada a ver com isso). De resto é tudo um death metal avassalador e viciante que nos faz louvar o Escaravelho. Uma metáfora que me parece adequada a isto é a seguinte: Fleshgod Apocalypse em Itália, Septicflesh e Rotting Christ na Grécia e os Scarab no Egipto (já que os três países cruzaram-se bastante durante o Classicismo). Basicamente, perfeito.
Matias Melim