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WOM Tops – Top 20 Death Metal Melódico/Técnico 2020

WOM Tops – Top 20 Death Metal Melódico/Técnico 2020

A caminho do death metal encontramos estes dois subgéneros que muitas vezes andam de mãos dadas mas muitas vezes não. Tal como anteriormente, não há um equilíbrio entre as duas vertentes. Estas escolhas foram aquelas que mais se destacaram no nosso mundo do metal durante 2020.

20 – Arcanum Sanctum – “Ad Astra”

Edição de Autor

Excelente surpresa. Por vezes o facto das bandas estarem bastante tempo sem lançar álbuns dá nisto, passam-nos ao lado. No caso dos russos Arcanum Sanctum, tiveram oito anos em silêncio editorial e quando regressam com este seu terceiro álbum, “Ad Astra”, o impacto é considerável aqui para os meus lados. Sonoridade clássica dentro do death metal melódico que junta laivos góticos e de doom (laivos muito suaves) mas com temas que apresentam o género como se o estivessemos a ouvir pela primeira vez, ali para os meados da década de noventa. Obviamente que perante algo assim, teria que ficar rendido. Ah e a capa é uma obra de arte à parte.

Fernando Ferreira

19 – Ara – “Jurisprudence”

Edição de Autor

Para quem tem a concepção (errada) de que o death metal é limitado e unidimensional, é porque não conhece de todo o estilo. E depois aparecem bandas como os Ara que juntam toda uma ambiência que eleva o género a um patamar de verdadeira excelência. “Jurisprudence” é o segundo álbum da banda norte-americana e apresenta-se como um verdadeiro colosso. Mais bruto e violento que a estreia mas ainda assim conservando aquela veia técnica. Com isto, não é preciso dizer que é um álbum fácil de ouvir. Não é, mas é essa dificuldade que faz com que se tenha que voltar mais vezes, com temas intrincados e desafiantes. Desafios que dá gosto assumir.

Fernando Ferreira

18 – Thyrant – “Katabasis”

Indie Recordings

Os nuestros hermanos Thyrant estão de volta, quando a sua passage pelo Musicbox a abrirem para os nossos Process Of Guilt ainda nos está na memória apesar de já ter sido em 2017, ano em que tinham editado o álbum de estreia “What We Left Behind…”. A banda que se apresenta agora é algo diferente, sendo que essa maior diferença é a mudança de vocalista, com Ocram a ser um dos principais motores para este Katabasis, partindo de si a ideia de fazer um álbum conceptual. Esta ambição lírica fez também com que a música tivesse subido uns degraus bastante visíveis qualitativamente. Mais adultos, mais maduros, mais profundos, “Katabasis” consegue ser mais tradicional mas ao mesmo tempo demonstrar hipóteses mais refrescantes e menos previsíveis. Estão definitivamente no bom caminho.

Fernando Ferreira

17 – Inhuman – “Unseen Dead”

Grimm Distribution

Death metal com eles no sítio. “Lords Of The Beasts” é uma intro – dois minutos, instrumental – mas desde cedo separa os meninos dos homens, com uma violência metálica que até dá gosto. E essa é a toda ao longo de todo o álbum, uma brutalidade sem fim à boa maneira do death metal. Isto não implica que seja uma proposta que seja old school. Talvez ali por volta do início do século, quando o género estava a apostado em ser cada vez mais violento e técnico. A parte boa é que o groove nunca fica esquecido e este é um trabalho que apesar de unidimensional, consegue manter o interesse do ouvinte sempre em alta.

Fernando Ferreira

16 – Denominate – “Isochron”

Inverse Records

Ao segundo álbum, os finlandeses Denominate demonstram estar num ponto fantástico da sua carreira e criatividade. “Isochron” traz-nos um death metal intricado e complexo, com muitos tiques progressivos a fazer lembrar – mas não preso a essa referência – nomes como Death, Carcariass e até Opeth, pelas passagens acústicas. Paisagens fantásticas pintadas ao longo de oito faixas que apesar de longas não têm o mínimo indício de um momento aborrecido. Com um público alvo bem definido mas com capacidade para se expandir para além dos amantes do death metal progressivo, este é um álbum espantoso.

Fernando Ferreira

15 – Voices Of Ruin – “Path To Immortality”

M-Theory Audio

Terceiro trabalho de originais dos Voices Of Ruin que trazem aquele cheirinho tão agradável de death metal melódico ao qual não conseguimos ficar indiferentes.  A fórmula é (ou pelo menos parece) simples mas acertar nos riffs, acertar nos leads e acertar nos solos correctos de forma a tornar o que é (ou parece ser) banal em algo memorável, não é definitiviamente para todos. Sem entrar em exageros e com uma sobriedade que não deixa de ser assinalável. Este será um trabalho referência dentro do seu género para 2020. Profecia que se irá verificar quando fizemos o balanço no final do ano.

Fernando Ferreira

14 – Dessiderium – “Shadow Burn”

Edição De Autor

Impressionante esta one-man band. O death metal progressivo mais melódico poderá ser um género tão específico quanto (provavelmente) batido, mas quando nos surge uma (one-man) banda que encaixa nesse quesito e ao mesmo tempo nos faz com que não nos importemos, é porque estamos mesmo perante algo especial. Em vez de optar por modernices (apesar de soar moderno) e de melodias para cativar o pessoal (e não é que haja algo de errado quanto a isso), temos a componente técnica elevada a mil enquanto a melodia ganha com isso. Claro que não é melodia habitual e os arranjos também ajudam muito, mas o importante a reter é como funciona tudo em harmonia. Os apreciadores de ambientes mais tech/prog, vão ficar tão rendidos quanto nós, garantidamente.

Fernando Ferreira

13 – Godark – “Forward We March”

Edição de Autor

Para a frente é que é caminho! O títuo mostra bem o espírito de perseverança dos Godark. A banda de Penafiel mostra que quando a paixão pela música é real, ninguém a pode parar. Gravado no ano passado nos Blind & Lost Studios com Guilhermino Martins (Serrabulho), a banda andou à procura de editora mas não encontrando a oferta que achavam que a sua música merecia, decidiram avançar por sua própria conta. Não os podemos censurar, já que esta é uma grande estreia. Death metal melódico com enorme garra e para lá de catchy. Viciante é mesmo o termo correcto, algo que fica claro na primeira audição. A sonoridade de Gotenburgo e nomes como Dark Tranquillity e até Amon Amarth poderá vir à mente mas isso não impede que sintamos identidade própria, sobretudo num tema como “Forbidden Worlds”. É um primeiro álbum que os coloca entre uma das grandes propostas nacionais de música extrema e que, apesar de todas as contrariedades, terá muito por onde evoluir.

Fernando Ferreira

12 – A Constant Storm – “Lava Empire”

Edição de Autor

“Storm Alive” foi uma excelente surpresa, que nos surpreendeu dentro dos meandros do death metal melódico mas que já apontava muitas possíveis soluções para o futuro. Muitos caminhos criativos, algo que “Lava Empire” acaba por confirmar. Talvez de forma inesperada. Em vez de seguir o caminho, mais ou menos previsível, do death metal melódico, Daniel Laureano optou por ter um conceito sólido, sustentado por músicas que vão para lá dos limites do género. Temos momentos acústicos, temos vibes à la world music mas, mais uma vez, sem ir para os facilitismos das melodias folk (não que haja algo de errado com isso), e ainda assim, temos uma coesão que pareceria teoricamente impossível.

Até nas vocalizações há uma maior diversividade. Apesar de termos novamente as vocalizações de Ricardo Pereira (vocalista dos Moonshade, banda onde também Daniel integra), temos ainda o próprio Daniel a cantar e a participação de Inês Rento, que dá um colorido bem mais vasto à paleta. Para os fãs de “Storm Alive” ou até mesmo de Moonshade, esta é uma entidade completamente diferente e que poderá causar estranheza. Acreditem, essa sensação é mesmo muito passageira. Quanto mais nos dedicamos a este álbum, mais conseguimos interiorizar as suas diversas facetas e perceber como as mesmas se integram de forma quase perfeita no todo. Uma lição que se poderia aplicar para muitas áreas da nossa vida.

“Lava Empire” é ousado e a sua maior ousadia é mesmo deixar a criatividade falar mais alto e mostrar que a mesma não poderá ser confinada a qualquer tipo de limitações creativas ou preconceitos estilísticos. Uma ousadia que até faz mais falta do que se possa suspeitar hoje em dia. Não é por acaso que conta com o apoio da World Of Metal.

Fernando Ferreira

11 – Crawling Chaos – “XLIX”

Time To Kill Records

Segundo álbum dos Crawling Chaos que não tiveram pressas em lançá-lo e a qualidade do mesmo dá-lhes razão. “XLIX” traz uma produção cheia e moderna mas também melodia e argumentos técnicos que fazem com que haja um elemento orgânico bastante forte. São estes dois elementos combinados que ressaltam de forma positiva desde o primeiro momento. É também a sobriedade dos mesmos que permite com que este álbum tenha uma personalidade própria e tenha um impacto tão grande – muito mais do que apenas colocar umas melodias memoráveis em certos locais ou que tenham pormenores técnicos in your face. Entusiasmente e viciante, são apenas alguns dos adjectivos que me surgem em mente.

Fernando Ferreira

10 – Helion – “The Great Fall”

Revalve Records

A tendência de 2019 para termos álbuns de estreia fantáticos continua a manter-se agora em 2020, está visto. Desta feita os Heliom, que apesar da escolha algo arcaica para artwork, conseguem apresentar uma sonoridade que funde da melhor maneira (quase perfeita) o death metal técnico com o melódico. É um daqueles álbuns que não conseguimos parar de ouvir e absorver. Se em termos vocais é até um bocado corriqueiro, em termos instrumentais não deixa de trazer sublime prazer com solos e leads fantásticos, que expandem muito mais o alcance dos temas. A banda italiana já tinha apresentado três Eps nos últimos anos e aqui até podemos dizer que temos a expansão do último EP (com os primeiros três temas a terem composto precisamente o alinhamento de “Legacy Of The Serpent” do ano passado) mas isso não diminui em nada a bomba que “The Great Fall” é.

Fernando Ferreira

9 – Inexorum – “Moonlit Navigation”

Gilead Media

“Moonlit Navigation”, o segundo álbum dos Inexorum, foi uma boa surpresa. Este duo norte-americano junta tanto elementos de death e black metal melódico (com maior peso no death) e tem um ouvido certeiro para as melodias memoráveis. Apesar do rótulo “melódico”, não podemos dizer que temos algo que seja comum ou pelo menos identificável com alguma das grandes influências do género, quer no campo do black como do death. Parece mais extenso do que o que quarenta e dois minutos sugerem mas é sinal também que é um trabalho à antiga, que deve ser absorvido e apreciado com calma. Para os fãs das sonoridades melódicas com bases extremas, este é um trabalho mais que recomendado.

Fernando Ferreira

8 – Symbolik – “Emergence”

The Artisan Era

Por vezes aparecem bandas assim. Com um álbum de estreia que nos deixa logo fãs. Apesar de não ser propriamente novidade o seu som (a mistura entre o death metal meódico e técnico) a forma como a banda consegue conciliar as duas vertentes, ali mesmo no ponto perfeito de equilíbrio em termos algo catchy e técnico sem ser demasiado meloso e aborrecido está atingido. Um ponto que não é de todo fácil de atingir. Apesar disso, admito que há necessidade de um certo estofo para interiorizar tudo o que se está a passar. Quem não for propriamente ávido por notas tocadas à velocidade da luz com um certo toque neo-clássico (presente em quase todos dos muitos solos que se pode ouvir), se calhar terá muitas dificuldades em conseguir absorver mas de certeza que ficará impressionado/a. Por vezes aparecem álbuns assim.

Fernando Ferreira

7 – Dormanth – “Complete Downfall”

Xtreem Music

Este é um tipo de som que me entra directamente, sem espinhas. Os espanhóis Dormanth são mestres em juntar o peso e melodia (já o andam a fazer desde 1993 – descontando a interrupção de carreira, mas com alguns membros a fazerem parte dos In Thousand Lakes, reforça-se essa ideia de experiência), encaixando-se naquele espectro do death/doom melódico (aqui mais death que doom) que fez maravilhas na segunda metade da década de noventa – e não, não me refiro exclusivamente à sonoridade sueca. É também uma boa representação de como quando se tem uma produção poderosa, modernas, mas que também seja adequada à sonoridade, é meio caminho andado. E neste caso, o poder assenta como uma luva neste grupo de temas mais imediatos e mais curtos mas altamente eficazes. Vício para quem anda a ressacar de bom death melódico.

Fernando Ferreira

6 – Cult Of Lilith – “Mara”

Metal Blade

Bomba! Com um EP apenas lançado em 2016, os Cult Of Lilith chegam à Metal Blade com um excelente álbum de estreia. Death metal técnico, inventive e acima de tudo bastante catchy. Normalmente “técnico” e “catchy” não fazem sentido juntas na mesma frase mas aqui é mesmo a forma perfeita de descrever. Chegamos até a ter um momento de flamenco na “Profeta Paloma”, só para dar um rápido exemplo. Recomenda-se a estreia dos fãs do estilo a colocarem os ouvidos sobre “Mara”, concorrente sério a surpresa do ano.

Fernando Ferreira

5 – Your Last Wish – “Eradicate”

Edição de Autor

Após oito anos sem dizer nada, os canadianos Your Las Wish regressam com o terceiro álbum. “Eradicate” mostra-nos em todos os moments que é o tal. Aquele em que a banda se evidencia como uma força a considerar no metal. Sabemos bem que hoje em dia é complicado uma banda se afirmar. Ainda para mais quando estamos a falar de death metal melódico. Em defesa dos Your Last Wish, a banda consegue fazê-lo muito bem, de tal forma que nem sequer é uma aproximação em relação ao estilo sueco nem às tendências mais modernas do metalcore, que já vimos ser feito muitas vezes em ambos os casos. A banda pega no seu próprio som e vão um passo mais à frente, onde a componente técnica não fica esquecida. Havendo uma queixa, apenas temos que referir a produção demasiado moderna. Não é que o som seja mau, não é, é perfeito. Mas o problema acaba por ser esse, perfeito demais. Ao ponto a que chegámos nós, ter as coisas demasiado perfeitas…

Fernando Ferreira

4 – Aeolian –“The Negationist”

Black Lion Records

A entrada furiosa de “Momentum” – e que título tão fantástico para explicar o sentimento que esta faixa provoca no álbum – eleva-nos e deixa-nos logo completamente agarrados. A forma como isso acontece, não terá sido mesmo por acaso. A fúria do death metal é aplacada por doses inteligentes de melodia que surgem no momento correcto e na quantidade certa. É essa sobriedade (que parece não estar presente) que faz com que o impacto da melodia seja tão grande. Grande e duradouro. Onze faixas que poderão acusar, à primeira audição, alguma falta de diversividade mas que isso depressa se dispersa pela qualidade dos temas que temos aqui. Um segundo álbum por parte destes espanhóis, que não só têm um grande conceito (a luta pelo meio ambiente), como fazem música impresionante.

Fernando Ferreira

3 – Wolfheart – “Wolves Of Karelia”

Napalm Records

Não há como negar a forma como os Wolfheart têm vindo a conquistar cada vez mais espaço no mundo da música extrema. E para aqueles que já viam (e continuam a ver) o death metal melódico como algo há muito moribundo, só digo para atentarem neste “Wolves Of Karelia”. Talvez seja algo tradicional na sua abordagem e até mais in your face, pequenas mudanças que servem para manter o ouvinte interessado. Confesso que comigo resultou, acabando por fazer mais headbang do que esperado, com alguns momentos de nostalgia a fazer lembrar os tempos em que o black metal melódico dominava – isto sem haver propriamente uma mudança de estilo. Fresco e dinâmico e com aquelas melodias marcantes que tanto gostamos. Quanto mais se ouve, mais se gosta.

Fernando Ferreira

2 – Neaera – “Neaera”

Metal Blade

Tenho que confessar que os Neaera e as suas várias encarnaçõe sempre me passaram ao lado. Lá por ter abraçado este projecto de mostrar tudo que se passa neste mundo do metal, não quer dizer que o consiga fazer… lamentações aparte, os nossos caminhos não se cruzaram e provavelmente não cruzariam não tivesse a banda voltado em 2018 – depois de ter acabado em 2015. E este regress dá vontade de ver tudo o que está para trás. Já sentiram esse entusiasmo, quase juvenil, de ouvir uma banda pela primeira vez e ficar sedento por mais? É o que se passou com este vosso escriba. Death metal melódico que não soa propriamente a death metal melódico (pelo menos não a esse que estão a pensar) mas que nem por isso se aproxima de outras tendências (essas mesmo que estão a pensar). Riffs fortes, leads melódicos e uma dualidade vocal que arrebenta com tudo. Na realidade este death metal melódico até é passível de ser processado por publicidade enganosa já que ele é bruto apesar de tudo. De qualquer forma, não sei se vão chamar de volta muitos fãs antigos, mas novos vão aparecer definitivamente.

Fernando Ferreira

1 – The Black Dahlia Murder – “Verminous”

Metal Blade

Já se desconfiava que era assim. Talvez seja conversa de fã e, por consequência, totalmente parcial, mas mesmo para quem não é especialmente fã terá de admitir que esta é uma banda que não desilude. Nascida na explosão do death metal moderno vindo dos E.U.A. (da qual o metalcore ganhou especial expressão), foi um dos poucos exemplos em que tanto conseguia ser um continuação do death metal melódico vindo da Europa, como também apresentar uma identidade própria e bastante forte. “Verminous” é o álbum que queríamos ouvir deles, onde a banda surge mais dinâmica e mais poderosa que nunca.  Por ser curto, é fácil ouvir umas duas ou três vezes de seguida. Por ser excelente é fácil ouvir umas quatro ou cinco vezes de seguida.

Fernando Ferreira

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